Por Liliana Marques (12ºC)
Poeta indisciplinado e, a meu ver, por vezes rebelde. Segue sempre os seus impulsos e as suas emoções pois, para Campos, a sensação é tudo. Deseja “sentir tudo de todas as maneiras“! Tem uma maneira muito própria de escrever: é o poeta dos versos soltos, escreve tal e qual sente e pensa e transborda as suas emoções para os seus poemas, como na “Ode Triunfal”, onde na sua perspectiva futurista transmite uma grande energia positiva, contrariamente à sua fase abúlica onde nos mostra a sua revolta e tristeza de uma maneira directa e muito esclarecedora.
Escolhi Álvaro de Campos porque é o poeta com que mais me identifico, pois, pessoalmente, dou bastante valor ao triunfo das tecnologias, onde quase tudo é possível fazer, e essa sensação faz-nos sentir confiantes e com alguma energia e motivo para viver, mas existe sempre um momento em que paramos e pensamos, pensamos nos “comos” e nos “porquês”, questionamo-nos sobre a morte, pensamos no tempo em que éramos crianças e tudo era mais fácil.
Com toda esta confusão na cabeça podemos dar em loucos e por isso procuramos sempre desviar e manipular esses pensamentos para conseguirmos manter algum controlo nas nossas vias.
Campos passa por esta fase, uma fase pessimista, onde praticamente apenas existe a morte à sua frente. Ele dá-nos a conhecer alguns dos seus pensamentos que, nalguns momentos, são bastante iguais aos meus.
Álvaro de Campos leva estes pensamentos ao exagero, talvez por ser demasiado inteligente e perceber mais do que todas as outras pessoas, o que pode ser visto como loucura, mas, na realidade, é apenas a verdade que ele quer fazer transparecer, e a verdade é que o que nos espera é a morte e ninguém lhe pode fugir.
Campos apenas nos diz aquilo em que não gostamos de pensar mas que, na verdade, não nos é indiferente.
segunda-feira, 22 de março de 2010
Por Tiago Pereira (12ºC)
Depois de tanto pensar… pensar… pensar… e pensar…, pensei que pensar não seria a melhor forma de me decidir quanto ao meu “ídolo” heterónimo. Então, mais uma vez, decidi pensar no que deveria pensar ou não pensar, para chegar a alguma conclusão, pensando. No meio de tantos pensamentos, e depois de pensar muito, cheguei à conclusão que… pensar custa muito, dá muito, mas muito, trabalho. Mas afinal, sobre quem cai a minha escolha? Decidi escolher Álvaro Campos, pois tanto ele, como eu, concordamos que pensar dá-nos cabo do juízo.
Sou sem dúvida um fã do sensacionismo, pois, de outro modo, para que serviriam as belas obras de Picasso se não as víssemos? Para que serviria a bela música se não a ouvíssemos? Para que serviriam as maravilhosas fragrâncias se não as pudéssemos cheirar? Para que serviriam as flores e as árvores e os montes e o sol e o luar, Caeiro? Para que serviria a vida se não a quiséssemos viver, caro Reis?
As emoções chegam sem pedir licença e alojam-se no nosso ser. São geradas em momentos e sem que as esperemos. Algumas vezes alegram-nos, outras deixam-nos perplexos com algumas situações. Mas o que seria de nós sem elas? Pessoas sem vida, sem porquê, sem agir, sem sentir. Pessoas sem referencial, sem ideal. No fundo... pessoas sem viver.
Elas estão presentes em nós, não temos como negá-las e, em alguns momentos, é tão bom senti-las… em outros, é tão bom esquecê-las. Mas que bom é poder estar com elas e sempre... sempre poder tê-las... pois isso significa que estamos vivos, que podemos errar e acertar e, acima de tudo, tentar.
As diferentes fases de Campos fazem-me lembrar uma dança, de Buenos Aires… um tango. Assim como o tango, Álvaro Campos nunca poderá ser alegre, e através da “canção” expressa os seus sentimentos e as suas críticas perante o amor, a dor e a alegria. Também a nostalgia pelo perdido e irrecuperável, a rebelião contra o que é ausente, e a amargura que submerge na miséria do Homem antigo.
O tango é todo instinto, pouco racional, pouco intelectivo, por pertencer ao mundo do sentimento e do instinto criador... sendo a expressão essencial da nossa passividade, da nossa tristeza fundamental, do nosso sensualismo lânguido, da nossa preguiça, da nossa desolação, enfim, das nossas sensações.
O tango não é triste. O tango é sério, é pessimista, é frustrante e erótico. É o reflexo inacusável de nós mesmos, que somos fundamentalmente sérios...
O drama de Álvaro de Campos concretiza-se num apelo dilacerante entre o amor do mundo e da humanidade. É uma espécie de frustração total feita de incapacidade de unificar em si pensamento e sentimento, como no tango, não há espaço para as duas coisas, ou o pensamento ou o sentimento, e é por isso que eu gosto de Campos, porque para ele vencem as sensações, o sentimento.
Para Campos, sentir é tudo e o seu desejo é “sentir tudo de todas as maneiras”.
Por isso termino dizendo que prefiro viver a minha vida num tango escaldante de sensações, do que numa valsa singela a absorver o rio, que passa.
Depois de tanto pensar… pensar… pensar… e pensar…, pensei que pensar não seria a melhor forma de me decidir quanto ao meu “ídolo” heterónimo. Então, mais uma vez, decidi pensar no que deveria pensar ou não pensar, para chegar a alguma conclusão, pensando. No meio de tantos pensamentos, e depois de pensar muito, cheguei à conclusão que… pensar custa muito, dá muito, mas muito, trabalho. Mas afinal, sobre quem cai a minha escolha? Decidi escolher Álvaro Campos, pois tanto ele, como eu, concordamos que pensar dá-nos cabo do juízo.
Sou sem dúvida um fã do sensacionismo, pois, de outro modo, para que serviriam as belas obras de Picasso se não as víssemos? Para que serviria a bela música se não a ouvíssemos? Para que serviriam as maravilhosas fragrâncias se não as pudéssemos cheirar? Para que serviriam as flores e as árvores e os montes e o sol e o luar, Caeiro? Para que serviria a vida se não a quiséssemos viver, caro Reis?
As emoções chegam sem pedir licença e alojam-se no nosso ser. São geradas em momentos e sem que as esperemos. Algumas vezes alegram-nos, outras deixam-nos perplexos com algumas situações. Mas o que seria de nós sem elas? Pessoas sem vida, sem porquê, sem agir, sem sentir. Pessoas sem referencial, sem ideal. No fundo... pessoas sem viver.
Elas estão presentes em nós, não temos como negá-las e, em alguns momentos, é tão bom senti-las… em outros, é tão bom esquecê-las. Mas que bom é poder estar com elas e sempre... sempre poder tê-las... pois isso significa que estamos vivos, que podemos errar e acertar e, acima de tudo, tentar.
As diferentes fases de Campos fazem-me lembrar uma dança, de Buenos Aires… um tango. Assim como o tango, Álvaro Campos nunca poderá ser alegre, e através da “canção” expressa os seus sentimentos e as suas críticas perante o amor, a dor e a alegria. Também a nostalgia pelo perdido e irrecuperável, a rebelião contra o que é ausente, e a amargura que submerge na miséria do Homem antigo.
O tango é todo instinto, pouco racional, pouco intelectivo, por pertencer ao mundo do sentimento e do instinto criador... sendo a expressão essencial da nossa passividade, da nossa tristeza fundamental, do nosso sensualismo lânguido, da nossa preguiça, da nossa desolação, enfim, das nossas sensações.
O tango não é triste. O tango é sério, é pessimista, é frustrante e erótico. É o reflexo inacusável de nós mesmos, que somos fundamentalmente sérios...
O drama de Álvaro de Campos concretiza-se num apelo dilacerante entre o amor do mundo e da humanidade. É uma espécie de frustração total feita de incapacidade de unificar em si pensamento e sentimento, como no tango, não há espaço para as duas coisas, ou o pensamento ou o sentimento, e é por isso que eu gosto de Campos, porque para ele vencem as sensações, o sentimento.
Para Campos, sentir é tudo e o seu desejo é “sentir tudo de todas as maneiras”.
Por isso termino dizendo que prefiro viver a minha vida num tango escaldante de sensações, do que numa valsa singela a absorver o rio, que passa.
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