sexta-feira, 14 de maio de 2010

Sugestões de leitura - "A ilha", Victoria Hislop

Por Daniel Gomes

Sinopse:

Alexis Fielding sentia-se intrigada sobre o passado da sua mãe, Sofia. Sabia que tinha sido criada numa aldeia de Creta. Por isso, decidiu fazer uma viagem até às ilhas gregas para saber mais acerca do seu passado familiar. Foi uma amiga de infância da mãe, Fotini, que lhe deu a conhecer a história que Sofia escondera toda a vida: uma família que sofrera uma tragédia e enfrentara a guerra e a paixão. Ao descobrir o passado, Alexis consegue enfrentar e resolver os seus problemas pessoais, amorosos, do presente.

Apreciação crítica do leitor:


Foi interessante ler esta obra porque o tema baseia-se num acontecimento verídico do início do século: a lepra, os leprosos e o sofrimento inevitável de uma vida solitária, longe da família e amigos.
Esta obra cruza a vida de duas famílias. A que vive no início do século XXI teve antepassados, no início do século XX, que viveram um conflito social e passional que acabou, irremediavelmente, por reflectir-se em alguns descendentes.
O que é agora um espaço de visita turística obrigatória foi, outrora, um lugar de desespero, infelicidade, solidão.
A escrita pormenorizada e envolvente de Victoria Hislop apresentou com realismo o sofrimento das personagens, mas também os momentos de alegria, de fé e esperança, próprias do ser humano, que ela demonstrou conhecer tão bem.

Esta obra fez-me reflectir sobre algo que está distante e esquecido por nós, a lepra, mas que continua a ser uma realidade em alguns países, sobretudo na Índia. Apesar de custar somente vinte e cinco euros a cura de um leproso em fase inicial, a verdade é que a pobreza excessiva faz com que milhares de pessoas, todos os anos, sejam afectados por esta doença. A falta de informação, em pleno século XXI, e o medo de rejeição contribui para que muitas pessoas tenham graves lesões em todo o corpo, sobretudo a nível dos nervos, da pele e outras deformações corporais.

Sugestões de leitura - "O sétimo selo", José Rodrigues dos Santos

Por André Mourato


Sinopse:

Tomás Noronha, um historiador português, é contratado pela Interpol para ajudar a decifrar um código (o número 666) deixado junto ao corpo de dois cientistas que haviam sido assassinados, um na Antárctida e o outro em Espanha.
A investigação leva Tomás a perceber que estes cientistas trabalhavam, juntamente com mais dois elementos, num projecto que visava a utilização de uma nova fonte energética a nível mundial, uma vez que as que são actualmente exploradas poderão gerar brevemente o fim do mundo devido aos impactes ambientais.
No entanto, o interesse económico que se gera à volta do petróleo levou à perseguição destes homens, pelo que os dois que escaparam estão em grande perigo.
É então que uma armadilha preparada por eles desmascara um grupo de mafiosos que se fizera passar pela Interpol para os alcançar, permitindo assim a divulgação da sua descoberta: o hidrogénio como fonte de energia alternativa.
Também ao longo da história, a mãe de Tomás vai apresentando problemas de memória e incapacidade de cuidar de si sozinha, pelo que Tomás se vê obrigado a colocá-la num lar.

Apreciação crítica do leitor

Registo de duas citações marcantes:

“Basta baixarmos cinco miseráveis graus para o planeta ficar congelado. Agora imagina o que acontecerá se, pelo contrário, subirmos cinco graus…”

“Nós caminhamos alegremente para a catástrofe, aceleramos na auto-estrada do suicídio e nem sequer nos apercebemos disso.”

Recomendaria esta obra porque retrata problemas que dizem respeito a toda a humanidade. São apresentados dados científicos relevantes e as situações da escassez do petróleo e do aquecimento global são muito bem explicadas, pelo que mesmo quem não está a par de tais assuntos consegue perceber como funcionam. A isto ainda se junta uma referência aos problemas relacionados com a terceira idade, baseados nos episódios entre Tomás e a mãe.
É ainda uma obra com uma linguagem perceptível e onde há bastantes descrições, o que permite ao leitor ter uma ideia pormenorizada dos elementos.

Esta obra fez-me reflectir sobre as alterações que o Homem tem vindo a provocar no nosso planeta. É verdade que as fontes energéticas são quase indispensáveis ao modo de vida que levamos, mas os compostos que utilizamos são bastante prejudiciais ao ambiente. O aquecimento global poderá gerar vários acontecimentos catastróficos a nível mundial e a situação pode tornar-se bastante grave. Com isto, e tendo em conta que as reservas de petróleo estão a escassear, parece-me ser uma boa oportunidade para apostar em energias alternativas mais ecológicas.
Por outro lado, este livro chamou-me a atenção ainda para os interesses económicos que se encontram por detrás desta questão energética, pelo que me apercebi que muitas das organizações ligadas a este ramo não se preocupam minimamente com o futuro, manifestando o hábito de deixar sempre as resoluções para as gerações seguintes.
Por último, percebi que apesar de a esperança média de vida ter vindo a aumentar, a própria idade leva-nos a perder certas faculdades pelo que o apoio familiar se torna essencial.
Por Inês Godinho


Sinopse:


Estamos no século XVIII, Mary Broad era uma rapariga de aparência simples, cabelos escuros e encaracolados e olhos cinzentos que não se contentava com a vida pacata e caseira da sua aldeia, na Cornualha. É então a vontade de conhecer o mundo e viver aventuras que a levam a deixar a sua terra natal e a sua família em busca de uma vida mais emocionante. Acaba por ir para Plymouth que revelou não ser paraíso que ela idealizava e, por inocência e desconhecimento, confiou nas pessoas erradas e vê-se envolvida num roubo cuja punição era a forca. Mas, quando Mary estava resignada à sua curta existência, surge a possibilidade de ser deportada para uma colónia de condenados na Austrália. No entanto, todas as esperanças que teve ao saber que iria viver morreram ao entrar no navio-prisão de nome Dunkirk. Inicia uma viagem com condições que põe em causa a dignidade humana, rodeada por ratazanas e envolta em cheiros nauseabundos. O instinto de sobrevivência de Mary começa a apurar-se e, apesar do seu comportamento exemplar, não hesita em fazer de tudo para obter privilégios nomeadamente envolver-se com um tenente de onde resultou a sua filha Charlotte, ainda a bordo do navio. Apesar de grandes intempéries, doenças e mortes ocorridas durante a viagem, todos ficam com esperanças renovadas ao chegar ao local onde vão desembarcar. Disposta a sobreviver porque acha que na nova terra vai conseguir tudo o que sonhou, Mary encontra protecção em Will com quem irá casar e de onde resultará o nascimento de Emmanuel. Depois de muitos meses de luta pela subsistência e, com dois filhos para criar, Mary, com a sua intuição e inteligência, planeia e executa a maior fuga por mares nunca navegados em busca de condições de vida e da liberdade há tanto aguardada. Depois de tantos esforços e sacrifícios, será que Mary consegue a tão esperada liberdade? Será Will o príncipe encantado tão merecido? Um livro repleto de emoções fortes que nos faz meditar sobre os limites da condição humana e nos coloca perante uma dúvida constante: até onde iríamos por amor à vida e por aqueles que nos fazem realmente viver?


Depois de terminar a leitura desta obra, não tenho a mínima dúvida de que valeu totalmente a pena gastar algumas horas do meu tempo a lê-la. Baseada numa história verídica, a vida de Mary Broad surge como um exemplo de coragem e determinação que fazem da protagonista uma heroína mundial.
O facto de ter uma escrita simples e fluente faz com que tenhamos vontade de ler e ler até sabermos como tudo vai acabar e se todos os esforços de Mary foram recompensados e, quando damos por nós, estamos a viajar no navio-prisão juntamente com Mary e os seus companheiros vivenciando todo o seu desespero e as condições subhumanas com que se depararam.

Opinião crítica

Achei o livro particularmente comovente pois toca-nos, sobretudo enquanto mulheres, uma vez que Mary era uma mulher aparentemente igual a tantas outras mas com uma audácia e bravura exemplares, nunca deixando de lutar mesmo quando tudo parecia estar perdido, tornando a sua história na maior lição de vida de todos os tempos.

Esta obra fez-me reflectir...

Nesta obra, Lesley Pearse coloca-nos em constante reflexão: Como é que esta mulher enfrentou tantas adversidades? Onde é que foi buscar tanta força para as ultrapassar? Até onde iríamos por amor?
São dúvidas como estas que nos surgem ao longo de toda a narrativa na qual Mary Broad, com a sua coragem e determinação, nos põe a pensar sobre os limites da condição humana e sobre o nosso instinto de sobrevivência e protecção.
As personagens Mary e os prisioneiros acabam também por retratar as qualidades e os defeitos da raça humana: por um lado, a indiferença e a violência e, por outro, a bondade, a entreajuda, a compreensão, o companheirismo e o verdadeiro espírito de amizade.
A obra revela também uma sociedade de aparências, típica dos séculos XVII e XVIII, onde a forca e as violações faziam parte do quotidiano e as condições de salubridade eram uma farsa nas prisões sobrelotadas.
Num tom muito realista, a autora dá-nos uma visão real sobre as condições de vida miseráveis dos prisioneiros da época, explorando a forma desumana com que foram tratados.
E, principalmente, o livro retrata a vida de uma mulher corajosa, lutadora, inteligente, determinada, que, com o seu desejo de liberdade, consegue percorrer o mundo, navegar por mares desconhecidos, e, acima de tudo, lutar com todas as suas forças para defender aquilo que ama.
Mary Broad mostra a força das mulheres numa época de submissão feminina conquistando assim o coração de toda a Inglaterra daquela época e mostrando que os sonhos são o ponto de partida para alcançarmos os nossos objectivos.

Sugestões de leitura - "Nunca me esqueças" de Lesley Pearse

Por Mariana Pombinho


Sinopse:
Quando roubou o chapéu, Mary não imaginava que a sua vida iria mudar da maneira como mudou. A jovem foi apanhada e condenada à forca. Como alternativa, tinha de ir viver para o outro lado do mundo, para uma colónia de prisioneiros. E é nesta colónia que Mary vai deparar-se com uma luta diária pela sua sobrevivência e pela do que os rodeiam. No meio da sua luta, Mary apaixona-se e trava outra batalha pela conquista dos seus sonhos.
Assim, esta personagem criada por Lesley Pearse e inspirada numa história verídica, vai enfrentar com coragem os piores horrores, tornando-se esta história numa das mais fascinantes do romance inglês.

Opinião sobre a obra:
Gostei desta obra porque, apesar de relatar acontecimentos muito tristes e infelizes, retrata episódios marcantes da vida de uma mulher do século XVIII e que, apenas por roubar um chapéu, correu o risco de ser enforcada e foi levada para uma colónia onde viveu durante muito tempo sem comida suficiente que mantivesse os seus filhos saudáveis. Esta realidade mostra o desespero de uma mãe que lida com a morte dos dois filhos e que luta pela sua própria sobrevivência, o que nos faz reflectir sobre a importância das coisas fundamentais na nossa vida.
Assim, recomendo este livro a todos os que gostam de histórias verdadeiras e envolventes. Esta retrata o destino cruel de uma jovem que só queria conhecer outra paisagem.

Reflexões - "Memorial do Convento"

Por Inês Sousa

A palavra certa para descrever a relação entre Baltasar e Blimunda seria “genuína”; ao contrário do que existe na corte, onde a falsidade e a superficialidade ofuscam qualquer sentimento puro, o amor entre Baltasar e Blimunda é verdadeiro e nunca refreado. Cúmplices desde o primeiro dia e fiéis até ao último, não deixaram que os aspectos exteriores os influenciassem: “casaram-se” a eles próprios, viveram uma sexualidade aberta e confiaram plenamente um no outro, não chegando Blimunda a “vê-lo por dentro” a não ser na hora da morte. Aliada à Passarola, esta relação simboliza a liberdade e a verdadeira realização pessoal, tão raras naquela época e tão importantes desde sempre.

Reflexões - "Os Lusíadas"

Por Inês Sousa

"Os Lusíadas" pretendem glorificar os Portugueses pelos seus feitos heróicos. No entanto, Camões não descreve o povo Português como sendo perfeito – alguns versos contêm reflexões nas quais o poeta mostra um lado mais negativo da trama. Se a narração nos fala dum povo heróico e quase invencível, que torna a sua nação ainda mais grandiosa com a ajuda dos Deuses, as reflexões mostram-nos que, na verdade, o Homem é frágil e sujeito aos perigos, que a glória só pode ser alcançada por mérito próprio, sem qualquer ajuda, e que os Portugueses valorizam demasiado a força e desprezam a cultura - Camões sente-se injustiçado pelo pouco reconhecimento que Portugal lhe dá. Apesar disso, o poeta mostra-se esperançoso num novo triunfo português.