Por Gonçalo Bustorff, 10º Act
A vida
A vida é como uma feira popular... existem coisas de que se gosta e coisas de que não se gosta, existem perigos e existem abrigos, existem diversões e até medos mas existem, principalmente, desafios…
Depois vem a parte das atracções, onde já é preciso um pouco de responsabilidade para saber onde e no que gastar o dinheiro, mas ignoramos um bocado isso e o que mais queremos é ir ver aquilo, andar no outro e divertirmo-nos ao máximo no que for mais perigoso, o que relembra a nossa juventude onde não nos preocupamos com as responsabilidades, queremos fazer tudo sem preocupações ou restrições. Fazemos tudo como se o mundo acabasse no final do dia, queremos liberdade e diversão e é assim até que escolhemos uma das atracções, aquela que chama sempre a atenção, é a famosa adolescência, com os seus altos e baixos, a alta velocidade que ou nos deixa muito felizes ou muito tristes, ou nos deixa com força e confiança ou manda-nos abaixo. Tudo isso faz-nos crescer mas custa, porque depois de comer tanto e de termos tudo facilitado agora é connosco próprios que contamos, com a nossa força… A verdade é que, depois daquela comida toda na barriga, é difícil não deitar nada cá para fora, é difícil controlar o sofrimento, mas, perto do fim, temos os loopings que nos deixam completamente sem noção de como ou onde estamos e quando aquela volta acaba temos vontade de dar outra mas não podemos.
Queremos experimentar outras coisas e aí define-se a nossa entrada nos vinte, o começo das reflexões e das saudades, da vontade de experimentar coisas novas e para isso temos de contar bem o dinheiro da carteira e fazer as contas para saber em qual diversão podemos andar e qual nos irá dar maior prazer ou satisfação. Vamos andar nos carros de choque onde entramos em confronto com os outros, fugimos e perseguimos, mas sempre acompanhados. Vamos andar no canguru onde subimos lentamente ao ponto mais alto e depois temos uma queda acentuada muito rápida, que nos faz abrir os olhos e pensar “chega!”, temos de definir o futuro, temos de escolher o melhor para nós!
Com trinta anos e ainda ingénuos, vamos à casa assombrada. Um susto aqui, um grito ali, um casamento acolá e, perto da saída, acontece o maior susto, mas o que mais nos deixa felizes e determinados a fazer a melhor escolha, temos de conseguir amenizar o susto e fazer com que aquele susto tenha o melhor, assim como nós tivemos e desejámos, e aí escolhemos dar uma volta na diversão mais barata e tranquila onde damos voltas e voltas sempre sorridentes e felizes: é o carrossel dos quarenta e cinquenta, aqueles anos constantes onde já não há novidade em nós próprios, só naquele filho que cresceu e que agora é a vez dele de passar pelo que passámos mas não queremos que ele passe pela montanha russa onde nós andámos, não queremos que faça o que fizemos, queremos que defina logo de início o que fazer sem passar por aquelas experiências que nos fizeram perceber o que é a vida.
É assim que são as voltas no carrossel, até que acaba e temos de sair já com os sessenta. É a nossa vez de ver aquele susto a dar as voltas dele no carrossel e assim o libertamos. Enquanto saímos lentamente da feira, cada vez mais cansados, vamos relembrando o que fizemos e o que não fizemos, o que gostaríamos que tivesse sido diferente, até que chegamos ao fim e dizemos adeus àquilo que foi a única coisa que tivemos mesmo nosso, aquilo que ninguém nos podia tirar e dependeu de nós. Aquela foi a nossa vida, passou tão depressa, mas saímos de lá felizes, sem arrependimentos e sabemos que escolhemos o que queríamos…
Agora é deitar e deixar que os próximos façam o melhor para eles que eu já gastei tudo o que tinha…
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