Por Inês Godinho (12º A)
É na incessante tentativa de descoberta do seu próprio “eu” que Fernando Pessoa acaba por ficar perdido no meio de uma identidade múltipla.
A sua sensação de hesitação e dúvida levam-no a criar personagens que exprimem percepções, conhecimentos de vida e do mundo e estados de alma por vezes distintos dos seus, representando assim a diversidade que possui interiormente.
O “eu” de Fernando Pessoa despersonaliza-se, desdobra-se e conquista a capacidade de fingir criando assim os seus heterónimos que lhe permitiram “viver quase todas as possibilidades de ser e de estar no mundo”.
A busca da felicidade, inatingível devido à constante procura do conhecimento associado ao pensamento, levou Fernando Pessoa a criar o famoso “Guardador de Rebanhos”, poeta da natureza e da simplicidade. Alberto Caeiro nasceu em 1889, em Lisboa, e morreu em 1915. Não tendo profissão nem educação, acabou por viver de pequenos rendimentos, no campo, onde aprendeu a viver de acordo com a Natureza, amando-a por ela mesma e revelando-se um poeta pagão.
Contrariamente a Fernando Pessoa que, como ser consciente, não consegue tirar partido das coisas pois racionaliza-as demasiado, Alberto Caeiro interpreta o mundo através dos sentidos uma vez que não há conhecimento implícito no que vê. Leva a cabo uma recusa do pensamento na qual apenas interessa o real e o objectivo. Sente-se, assim, parte integrante da Natureza, amando-a por si só.
A felicidade que lhe advém do facto de não pensar e que lhe permite viver despreocupadamente segundo o lema ”pensar é estar doente dos olhos” faz deste heterónimo o meu predilecto pois, hoje em dia, as pessoas têm tendência a pensar demasiado esquecendo-se que o verdadeiro sentido e significado das coisas pode ser encontrado de formas simples e não requerem mais do que uma observação.
Tal como Caeiro, também nós precisamos por vezes de afastar os pensamentos que nos possam perturbar e concentrarmo-nos em observar o mundo de forma simples para que assim consigamos alcançar a tão esperada felicidade.
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