O fingimento artístico em Fernando Pessoa
Por Inês Sousa, 12º C
Pessoa sente com a caneta e não com o coração. Como poucos, tem o dom de passar para o papel sentimentos vivos muitas vezes sem os ter sentido realmente; consegue imaginar um sentimento e torná-lo real.
O fingimento poético pode induzir-nos em erro; leva-nos a pensar que o poeta mente, quando isso não acontece. O sentimento presente no poema é como uma encenação, como a emoção memorizada de um actor. Não conseguimos passar para o papel um sentimento que estejamos a sentir; é quando ele já está intelectualizado, como uma memória, que podemos transcrevê-lo. Mas Pessoa não se limita a isso; usa a sua imaginação e o seu conhecimento para pensar sentimentos que interpreta em vários papéis, como se a sua vida fosse uma peça de teatro na qual ele interpreta diferentes personagens.
É dessas personagens que nascem os seus poemas. Cabe aos leitores sentirem a dor escrita e identificarem-se com ela; para o poeta, a dor de pensar já é suficiente.
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