sexta-feira, 14 de maio de 2010

Por Inês Godinho


Sinopse:


Estamos no século XVIII, Mary Broad era uma rapariga de aparência simples, cabelos escuros e encaracolados e olhos cinzentos que não se contentava com a vida pacata e caseira da sua aldeia, na Cornualha. É então a vontade de conhecer o mundo e viver aventuras que a levam a deixar a sua terra natal e a sua família em busca de uma vida mais emocionante. Acaba por ir para Plymouth que revelou não ser paraíso que ela idealizava e, por inocência e desconhecimento, confiou nas pessoas erradas e vê-se envolvida num roubo cuja punição era a forca. Mas, quando Mary estava resignada à sua curta existência, surge a possibilidade de ser deportada para uma colónia de condenados na Austrália. No entanto, todas as esperanças que teve ao saber que iria viver morreram ao entrar no navio-prisão de nome Dunkirk. Inicia uma viagem com condições que põe em causa a dignidade humana, rodeada por ratazanas e envolta em cheiros nauseabundos. O instinto de sobrevivência de Mary começa a apurar-se e, apesar do seu comportamento exemplar, não hesita em fazer de tudo para obter privilégios nomeadamente envolver-se com um tenente de onde resultou a sua filha Charlotte, ainda a bordo do navio. Apesar de grandes intempéries, doenças e mortes ocorridas durante a viagem, todos ficam com esperanças renovadas ao chegar ao local onde vão desembarcar. Disposta a sobreviver porque acha que na nova terra vai conseguir tudo o que sonhou, Mary encontra protecção em Will com quem irá casar e de onde resultará o nascimento de Emmanuel. Depois de muitos meses de luta pela subsistência e, com dois filhos para criar, Mary, com a sua intuição e inteligência, planeia e executa a maior fuga por mares nunca navegados em busca de condições de vida e da liberdade há tanto aguardada. Depois de tantos esforços e sacrifícios, será que Mary consegue a tão esperada liberdade? Será Will o príncipe encantado tão merecido? Um livro repleto de emoções fortes que nos faz meditar sobre os limites da condição humana e nos coloca perante uma dúvida constante: até onde iríamos por amor à vida e por aqueles que nos fazem realmente viver?


Depois de terminar a leitura desta obra, não tenho a mínima dúvida de que valeu totalmente a pena gastar algumas horas do meu tempo a lê-la. Baseada numa história verídica, a vida de Mary Broad surge como um exemplo de coragem e determinação que fazem da protagonista uma heroína mundial.
O facto de ter uma escrita simples e fluente faz com que tenhamos vontade de ler e ler até sabermos como tudo vai acabar e se todos os esforços de Mary foram recompensados e, quando damos por nós, estamos a viajar no navio-prisão juntamente com Mary e os seus companheiros vivenciando todo o seu desespero e as condições subhumanas com que se depararam.

Opinião crítica

Achei o livro particularmente comovente pois toca-nos, sobretudo enquanto mulheres, uma vez que Mary era uma mulher aparentemente igual a tantas outras mas com uma audácia e bravura exemplares, nunca deixando de lutar mesmo quando tudo parecia estar perdido, tornando a sua história na maior lição de vida de todos os tempos.

Esta obra fez-me reflectir...

Nesta obra, Lesley Pearse coloca-nos em constante reflexão: Como é que esta mulher enfrentou tantas adversidades? Onde é que foi buscar tanta força para as ultrapassar? Até onde iríamos por amor?
São dúvidas como estas que nos surgem ao longo de toda a narrativa na qual Mary Broad, com a sua coragem e determinação, nos põe a pensar sobre os limites da condição humana e sobre o nosso instinto de sobrevivência e protecção.
As personagens Mary e os prisioneiros acabam também por retratar as qualidades e os defeitos da raça humana: por um lado, a indiferença e a violência e, por outro, a bondade, a entreajuda, a compreensão, o companheirismo e o verdadeiro espírito de amizade.
A obra revela também uma sociedade de aparências, típica dos séculos XVII e XVIII, onde a forca e as violações faziam parte do quotidiano e as condições de salubridade eram uma farsa nas prisões sobrelotadas.
Num tom muito realista, a autora dá-nos uma visão real sobre as condições de vida miseráveis dos prisioneiros da época, explorando a forma desumana com que foram tratados.
E, principalmente, o livro retrata a vida de uma mulher corajosa, lutadora, inteligente, determinada, que, com o seu desejo de liberdade, consegue percorrer o mundo, navegar por mares desconhecidos, e, acima de tudo, lutar com todas as suas forças para defender aquilo que ama.
Mary Broad mostra a força das mulheres numa época de submissão feminina conquistando assim o coração de toda a Inglaterra daquela época e mostrando que os sonhos são o ponto de partida para alcançarmos os nossos objectivos.

Sem comentários:

Enviar um comentário