terça-feira, 1 de junho de 2010

Por Pedro Gaspar

Actualmente vivemos numa sociedade em que a geração mais jovem não vive em confraternização constante, como se verificava há uns anos atrás. Tal facto deve-se à grande evolução tecnológica (computadores, telemóveis, etc.) que embora tenha aproximado pessoas que se encontravam distantes, também distanciou aquelas que se encontravam perto.
A distância actua sobre a emoção exactamente como actua sobre o som. A mesma lei universal rege desgraçadamente a acústica e a sensibilidade, o princípio é sempre idêntico, tão lógico como o princípio das ondulações. Estas vão decrescendo à medida que se afastam do seu centro, até que docemente se imobilizam e morrem. O mesmo acontece nas relações: a falsa proximidade que as novas tecnologias oferecem à geração mais nova levam a que o número de relacionamentos se reduza a uma velocidade enorme. Por muito boa que a tecnologia seja, ela não nos transmite emoções, que são fundamentais para uma relação.
Todavia, as novas tecnologias não só distanciam fisicamente as pessoas como também destroem qualquer utopia pessoal. Apenas uns quantos jovens desejam possuir uma relação estável. Em vez disso, procuram aparecer na televisão, realizar feitos fúteis, enfim, abdicar de uma parte do que é ser humano, tudo porque com o elevado grau de “conhecimento” proveniente da Internet, as pessoas tornam-se desconfiadas e apenas acreditam que só se podem realizar pessoalmente se se tornarem um “modelo de vida”, como os que eles vislumbram nas séries televisivas.
Como Antoine Saint Exupéry escreveu na sua obra “O Principezinho”, “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”. Assim, é necessário que os jovens compreendam que uma verdadeira relação não pode ser construída num mundo digital, mas através do convívio e das relações interpessoais.
Por Filipe Cardoso

Uma das grandes polémicas da actualidade passa por como e para o quê jovens como eu estamos a ser educados. Que as novas tecnologias e a “nova sociedade” fazem-nos muito menos sociáveis, com medo e incapacidade de criar relações próximas, sendo as relações baseadas em “Messengers”, “SMS’s” e E-mails. Entre muitas críticas que podem ser feitas à juventude que estamos a desenvolver, acho que a incapacidade de criar relações próximas não é, de todo, das mais correctas ou prioritárias a fazer.
O ser humano é um ser social. As relações sempre tiveram imensa importância para nós, e continuarão a ter. Não é por acaso que a solidão é das piores dores que se podem sentir. Isto é especialmente importante na infância/adolescência. Tal como antigamente, as pessoas estabelecem entre elas elos de ligação, amizades profundas. No filme “O Naufrago”, o personagem principal, preso numa ilha deserta, está tão desesperado por companhia que faz duma bola de Voleibol a sua amiga, tratando-a como uma pessoa normal, até a pintando como uma.
Outro ponto, as novas tecnologias. Ao contrário de muitas opiniões, eu acredito que o MSN, as SMS’s, e afins, abriram muitas portas no universo das relações pessoais. Muitas vezes, há pessoas com quem, em condições normais, é complicado criar uma relação próxima (existe muita distância entre elas, por exemplo). Apesar de, obviamente, não chegarem para laços muito profundos, as novas tecnologias dão a potencialidade de nos dedicarmos um pouco mais a pessoas a quem não o faríamos regularmente. Um exemplo, é a relação que tenho com um amigo que vive longe; conversamos imenso na Internet.
O estereótipo de que os jovens de hoje não criam amizades profundas não está correcto. As relações estão lá, como sempre estiveram e sempre estarão. Nesse aspecto não pioraremos.
Por Bruno Frias

Saber muito da vida, para esta nova geração que sabe tudo o que há para saber sobre sexo, drogas, pedofilia e corrupção, é não acreditar nos outros. Não ter nenhuma expectativa imaterial: o sonho do encontro com a alma gémea foi substituído pelo sonho da aparição televisiva. Estes meninos não estão disponíveis para amar; sonham ser famosos, adorados e aplaudidos. O resto é conversa. Por SMS. (…) Tamborilam o amor ao de leve nas teclas dos telemóveis e dos computadores, pianos sem som nem alma nem cordas. Criámos uma geração apavorada com os sentimentos, os compromissos, a decepção e o sofrimento. Uma geração de vitoriosos solitários, que foge do calor do abraço e procura as palmas da multidão.

Inês Pedrosa, Única, 13 de Março de 2010

Será isto tanto assim, como dizem ser?! Serão os jovens de hoje incapazes de Amar alguém de forma imaterial, sem ambição de algo mais?! A mim parece-me bastante descabido, um acto bastante incorrecto de generalização que se revela bastante “injusto” para todos aqueles que não se deixam levar pela ânsia de fama mas sim pela ambição de felicidade.
Segundo o texto de Inês Pedrosa, os jovens de hoje não são mais do que meros carrascos daquilo que é (ou era…!) uma relação de amor. Seria demasiado estúpido contrariá-lo a 100%, mas seria tanto ou mais estúpido dizer que é assim, tal e qual como foi feito o retrato. Na simples opinião de um jovem na faixa etária sob análise, acho que há casos e casos, como em tudo na vida. Com isto quero dizer que, na nossa sociedade, podemos presenciar casos onde o amor é algo meramente sexual, ou onde as pessoas estão juntas só por dizer que estão, porque lhes dá jeito por razões suas. No entanto, não é assim no geral, porque há imensos casos onde as pessoas conseguem atingir sentimentos fortes, pelos quais decidem lutar e mudar os possíveis para que ganhem asas.
O Amor pode existir, resta saber até que ponto deixamos que ele seja sentido. E, mais importante que isso, é demonstrá-lo! O que me impede a mim de mostrá-lo por mensagens escritas ou pelo Messenger?! Nada! Eu posso fazê-lo, posso demonstrar o que sinto das mais variadas formas, tornando algo supostamente frio em algo caloroso.
Enfim, acho muito sinceramente que, e pelo menos para mim, de nada me vale ter o ruído ensurdecedor de uma grande ovação se faltarem nessa plateia as pessoas que mais falta me fazem. Afinal de contas, no meio de uma multidão em ovação, ecoará pela sala as palmas da pessoa que ecoa em nós a toda a hora…!
Por Sofia Alvarenga


Saber muito da vida, para esta nova geração que sabe tudo o que há para saber sobre sexo, drogas, pedofilia e corrupção, é não acreditar nos outros. Não ter nenhuma expectativa imaterial: o sonho do encontro com a alma gémea foi substituído pelo sonho da aparição televisiva. Estes meninos não estão disponíveis para amar; sonham ser famosos, adorados e aplaudidos. O resto é conversa. Por SMS. (…) Tamborilam o amor ao de leve nas teclas dos telemóveis e dos computadores, pianos sem som nem alma nem cordas. Criámos uma geração apavorada com os sentimentos, os compromissos, a decepção e o sofrimento. Uma geração de vitoriosos solitários, que foge do calor do abraço e procura as palmas da multidão.

Inês Pedrosa, Única, 13 de Março de 2010


Esta nova geração é, sem dúvida, a geração da tecnologia e da informação de fácil acesso. As crianças de hoje em dia sabem muito do mundo em que vivem e, consequentemente, das coisas más que nele se passam, através dos meios de comunicação.

No entanto, acho que não é correcto dizer que por se ter acesso a todas estas informações se vai deixar de acreditar nos outros. Acho que todos nós, ou quase todos, temos algum discernimento e sabemos que não é por alguém comer um crime que toda a gente é criminosa. É por muita gente pensar assim que, por exemplo, quando vimos alguém na rua a vir ao nosso encontro, tentamos afastar-nos porque pensamos que nos vão fazer mal, e se calhar só nos queriam perguntar as horas. Este exemplo não acontece só com a nova geração.

Os “meninos que não estão disponíveis para amar; sonham ser famosos, adorados e aplaudidos” como Inês Pedrosa afirma, não são bem assim. Esses meninos são um estereótipo, ou será que na geração antes de nós não havia “meninos” desses? É normal haver crianças que querem ser famosas. Por exemplo, conheço uma menina que adora cantar e que, provavelmente, não se importava de ser cantora, no entanto, não é solitária e indisponível para mimos. Os jovens não estão indisponíveis para amar, as pessoas que acham que eles são assim, é porque nem se dão ao trabalho de tentar pensar que o problema não está neles.

Concluindo, tenho a dizer que a geração onde me encontro, descrita como a geração que não tem “nenhuma expectativa imaterial”, é uma geração que, tal como outras, tem vários tipos de pessoas. Nem todos somos apavorados pelos sentimentos, nem fugimos ao calor do abraço querendo as palmas da multidão. Somos todos diferentes e não gostamos que nos olhem de forma igual.
Por Andreia Leal

A emoção, os sentimentos, as paixões ou o humor, fazem parte dos afectos que são reacções que nos ligam aos outros e às coisas que estão à nossa volta. Chega a ser ridículo pensar que numa sociedade possa existir uma grande percentagem de jovens que sobrepõe as novas tecnologias, como os telemóveis ou os computadores, ao “calor de um abraço”.
Com o avanço das novas tecnologias, os jovens vão ficando agarrados a uma teia de redes sociais, trocando mensagens a toda a hora e tendo conversas a partir das inovações. Em comparação com anos passados, não deixa de ser verdade que actualmente se passa mais tempo nisso do que com as pessoas que nos são importantes, mas isso só é assim porque é aconchegante quando, num dia, conseguimos estar com as pessoas que são essenciais para a nossa vida e passar as restantes horas do dia a trocar SMS com as mesmas. E isto porque não podemos passar as 24 horas do dia com elas visto que temos muitas mais coisas a ocuparem o nosso dia! Isto não quer dizer que não as passaríamos, se pudéssemos!
Chega a ser absurdo falar dos jovens como um todo, no que toca ao assunto dos afectos e das ligações criadas com os outros, porque cada um é como cada qual. Não existem dois jovens iguais, como tal, cada um pensa da sua maneira e cada um dá valor às coisas que para si são realmente importantes e fazem sentido! Assim sendo, eu posso preferir mil vezes estar com o meu melhor amigo e dizer-lhe através do olhar o que sinto por ele, mas isso pode não ser assim para outra jovem qualquer.
Portanto, não acho bem que generalizem toda esta questão e falem de nós como seres insensíveis e dependentes das novas tecnologias.
Por Inês Godinho

Já lá vão os tempos das cartas românticas, das serenatas ao luar e do namoro à janela. Hoje em dia tudo se resume a parcas palavras desprovidas de qualquer tipo de sentimento ou emoção.
Sentimento? Emoção? Na época em que vivemos, essas palavras ficam escondidas nos confins de um baú dando lugar a escassos “goxto mto de ti” ou “ex mto expexial” “tamborilados ao de leve nas teclas dos telemóveis e computadores” evidenciando uma falsa proximidade que impede a fluência dos verdadeiros sentimentos.
Temos como exemplo a quantidade infinita de mensagens enviadas que acabam por deteriorar as relações afectivas levando a um cansativo distanciamento físico e à perda da “magia do amor” fazendo com que este não passe de uma mera e casual troca de palavras.
Mas também para quê encontrar o amor verdadeiro? Para quê escrever cartas românticas quando a verdadeira felicidade se encontra nos palcos, nas luzes, no ecrã e nas passadeiras vermelhas? Para quê ser uma Julieta encerrada num palácio à espera de um Romeu quando se pode ser uma Madona que é conhecida mundialmente?
A fama tornou-se um motor que rege a mente dos jovens através dos sensacionalismos encarnados pelas personagens que aparecem diariamente nos seus televisores.
Temos o exemplo das personagens das telenovelas que todas as noites nos enchem o televisor e que, com o seu modo de falar, vestir, interagir, definem padrões que acabam por condicionar o modo de pensar e de agir dos jovens que vêem nestes actores um exemplo a seguir.
É esta busca incessante por um lugar no mundo dos famosos que molda esta nova geração que vê na fama o único e possível caminho para a felicidade trocando o estrelato pelas relações afectivas, as cartas pelas sms e o computador pelas relações interpessoais.
Por Andreia Dias

Vivemos tempos únicos, na história da humanidade, onde assistimos a mudanças vertiginosas no decorrer de uma vida. De facto, o aparecimento das novas tecnologias teve um forte impacto na sociedade, alterando o comportamento das pessoas, principalmente a nível social.
Actualmente, os adolescentes preferem manter as suas relações sociais por detrás de um computador ou de um telemóvel, substituindo até as mais belas cartas de amor e os olhares intensos que transmitem todo o sentimento das palavras proferidas pela facilidade de pressionar umas quantas teclas. Deu-se assim início a uma nova geração de amizades virtuais, onde as palavras são banalizadas e os gestos de carinho, como um simples e reconfortante abraço, são cada vez menos frequentes. Exemplo disso, são as SMS’S que mantêm uma falsa aproximação com um simples “Amo-te”, que acaba por não ser comprovado pelo olhar, perdendo-se a sua intensidade ao guardá-lo numa caixa de entrada, junto de outras centenas de SMS’s, em vez do lugar mais profundo do nosso coração.
Mas “Amo-te” será uma palavra que consta no dicionário desta nova geração? Para que lhes serve o amor, se conseguem encontrar o calor que necessitam na fama, junto das “grandes estrelas”?
Hoje em dia, o estrelato é o sonho da maioria dos adolescentes onde estes acreditam que encontrarão a mais pura e verdadeira felicidade. Exemplo disso é que antigamente um pedreiro incentivava o seu filho a ter a mesma profissão enquanto que, hoje em dia, os seus filhos são incutidos a procurarem incessantemente um emprego que lhes dê, acima de tudo, reconhecimento e dinheiro.
Assim, o sonho da conquista da fama, onde hoje em dia se acredita ser possível encontrar toda a felicidade, a par das novas tecnologias, veio a deteriorar as autênticas relações sociais, perdendo-se entre as SMS’s e a internet a verdadeira magia do amor.