terça-feira, 1 de junho de 2010

Por Sofia Alvarenga


Saber muito da vida, para esta nova geração que sabe tudo o que há para saber sobre sexo, drogas, pedofilia e corrupção, é não acreditar nos outros. Não ter nenhuma expectativa imaterial: o sonho do encontro com a alma gémea foi substituído pelo sonho da aparição televisiva. Estes meninos não estão disponíveis para amar; sonham ser famosos, adorados e aplaudidos. O resto é conversa. Por SMS. (…) Tamborilam o amor ao de leve nas teclas dos telemóveis e dos computadores, pianos sem som nem alma nem cordas. Criámos uma geração apavorada com os sentimentos, os compromissos, a decepção e o sofrimento. Uma geração de vitoriosos solitários, que foge do calor do abraço e procura as palmas da multidão.

Inês Pedrosa, Única, 13 de Março de 2010


Esta nova geração é, sem dúvida, a geração da tecnologia e da informação de fácil acesso. As crianças de hoje em dia sabem muito do mundo em que vivem e, consequentemente, das coisas más que nele se passam, através dos meios de comunicação.

No entanto, acho que não é correcto dizer que por se ter acesso a todas estas informações se vai deixar de acreditar nos outros. Acho que todos nós, ou quase todos, temos algum discernimento e sabemos que não é por alguém comer um crime que toda a gente é criminosa. É por muita gente pensar assim que, por exemplo, quando vimos alguém na rua a vir ao nosso encontro, tentamos afastar-nos porque pensamos que nos vão fazer mal, e se calhar só nos queriam perguntar as horas. Este exemplo não acontece só com a nova geração.

Os “meninos que não estão disponíveis para amar; sonham ser famosos, adorados e aplaudidos” como Inês Pedrosa afirma, não são bem assim. Esses meninos são um estereótipo, ou será que na geração antes de nós não havia “meninos” desses? É normal haver crianças que querem ser famosas. Por exemplo, conheço uma menina que adora cantar e que, provavelmente, não se importava de ser cantora, no entanto, não é solitária e indisponível para mimos. Os jovens não estão indisponíveis para amar, as pessoas que acham que eles são assim, é porque nem se dão ao trabalho de tentar pensar que o problema não está neles.

Concluindo, tenho a dizer que a geração onde me encontro, descrita como a geração que não tem “nenhuma expectativa imaterial”, é uma geração que, tal como outras, tem vários tipos de pessoas. Nem todos somos apavorados pelos sentimentos, nem fugimos ao calor do abraço querendo as palmas da multidão. Somos todos diferentes e não gostamos que nos olhem de forma igual.

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