Ricardo Reis
Fernando Pessoa, ortónimo, escreveu muitos poemas com outros nomes que não o seu. Mas mais do que com um nome, escreveu como se fosse uma pessoa completamente diferente, conseguindo ser múltiplo sem deixar de ser um.
Dos seus mais de 70 heterónimos, estudámos apenas três: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.
Para dizer a verdade, não me revejo totalmente com nenhum dos três, no entanto, a perspectiva de Ricardo Reis intriga-me.
Tendo consciência de que o tempo passa e a morte se aproxima, Reis refugia-se num mundo diferente, para evitar o sofrimento, privando-se de todos os prazeres e de todos os excessos que tragam inquietude à sua vida.
Vendo bem, se vivêssemos assim talvez fosse melhor pois, por exemplo, quando gostamos muito de uma pessoa e lhe acontece alguma coisa, sofremos bastante. No entanto, se essa pessoa não fosse importante para nós, sem dúvida que não sofreríamos tanto.
Mas, por outro lado, se vivêssemos assim, a vida seria vazia e não teria significado, pois, na minha opinião, são as emoções que nos fazem sentir vivos e conscientes.
É claro que, ao criarmos laços e afectos, ficamos mais vulneráveis ao sofrimento, no entanto, o sofrimento faz parte da natureza humana e apenas fortalece as pessoas.
Mas, por mais curioso que pareça, não consigo esquecer a questão: Não seria melhor vivermos sem excessos, evitando, deste modo, o sofrimento? Seríamos felizes à mesma, mas de uma maneira mais…calma.
Susana Dias
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