A linha imaginária mais vista
Equador é um livro de Miguel Sousa Tavares, filho da ilustre escritora Sophia de Mello Breyner. Nascido no Porto, o escritor iniciou a sua carreira pela advocacia, que abandonou pelo jornalismo, daí chegando aos poucos à escrita literária. Equador é o seu primeiro romance, no entanto, já publicou outros livros como “Sahara, a República da areia” e o “Segredo do rio”.
Com uma linda combinação entre a realidade e a ficção, entre a história e o romance, Equador transpõe para as suas páginas um retrato daquilo que foi a sociedade portuguesa enquanto monarquia. Na minha opinião, trata-se de um romance repleto de paixões extremas e de convicções fortes, que nos permitem recriar os vícios, as mentalidades, as ambições, os fracassos e os ideais predominantes naquela época.
É um livro que eu, pessoalmente, considero forte, frenético, arrojado e cheio de emoções, onde subsiste uma guerra entre o dever e a emoção ou vontade. Desde conflitos políticos a frustrações amorosas e de consciência, todo este enredo conseguiu envolver-me de um modo quase real, suscitando, em determinados casos, uma certa revolta e muita vontade de agir. É, sem dúvida, um bom livro para despertar consciências.
Já a descrição do clima, das paisagens, dos sons e dos cheiros permite a qualquer um captar as sensações daquela terra vermelha e daquele misticismo, predominante em S.Tomé: “(…) o perfume nascente da “Rosa Louca”, essa flor inconstante do Equador, que de manhã é branca, a meio do dia é rosa e ao fim do dia é vermelha, da cor do sol afogando-se no mar.” O único senão é o facto de o início ser demasiado descritivo.
Globalmente, gostei do livro pois tem um desfecho inesperado e está centrado em temáticas como a colonização e a defesa dos direitos humanos, em especial o da liberdade. Ainda assim, a minha parte favorita é o enquadramento geográfico da história, pois retrata as colónias onde ainda existe a pureza de um mundo primitivo, inicial, em estado bruto.
Susana Dias
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