O velho que lia romances de amor é uma das mais aclamadas obras do chileno Luís Sepúlveda, escritor já caracterizado pelo seu amor pela natureza e pela mãe-terra.
Nesta curta viagem de cento e dez páginas, somos convidados a conhecer a vida de António José Bolívar Proaño, à primeira vista apenas mais um colono da aldeia de El Idilio, no Brasil. No entanto, rapidamente percebemos que é muito mais que isso. O autor consegue agarrar numa personagem aparentemente simples, e dar-lhe um passado complexo, cheio de aventura e drama, que nos mantém interessados da primeira à última página.
O livro tem uma estrutura relativamente simples: começa por nos apresentar um pouco do que é exterior a António Bolívar, as circunstâncias em que vive, e com quem convive, e vai desenvolvendo a personagem ao longo do texto, alternando entre narrativas no passado e uma história no presente.
A linguagem simples, mas extremamente apelativa, faz-nos sentir como se cada frase fosse mais um hectare da Amazónia, enquanto a exploramos e isso apenas mostra a densidade com que o livro nos absorve.
É espantoso o quanto aprendemos sobre a natureza sobre como conviver com ela em apenas cento e dez páginas! O livro apresenta uma extraordinária capacidade descritiva, o que nos mantém agarrados e viciados na história, enquanto nos situamos nos “flashbacks” e tentamos compreender os planos e a maneira de pensar de António Proaño. Também a maneira como todas as outras personagens são apresentadas cria em nós um elo de ligação com elas tão profundo que nos faz sentir em casa durante toda a leitura.
Concluindo, O velho que lia romances de amor é uma prosa curta, cinematográfica, mas extremamente viciante, que nos obriga a parar apenas no fim. Recomendo a todos os apreciadores de literatura, e não só.
Filipe Cardoso
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