Equador conta uma parte da vida, a final, de um homem, Luís Bernardo Valença. Após ter aceite um convite para ser governador de S. Tomé e Príncipe e de S. João Baptista de Ajudá, feito pelo então Rei da Monarquia portuguesa, D. Carlos, Luís Bernardo rumou a África, mais precisamente para essas ilhas perdidas no Atlântico.
Foi nessas ilhas que se desenrolou grande parte da acção e da vida do governador. Passou por muito pois, para além das mentalidades retrógradas dos roceiros ou do desconhecimento do território e de como devia praticar a sua função, Luís enfrentou muitas outras peripécias e dificuldades, entre elas, amores e traições, tomadas de decisão difíceis, ou, ainda, a pressão do sucesso pessoal e o futuro de uma nação. E foi relativamente a esta que encontrou um dos seus maiores dilemas: num dos pratos da balança estava a escolha do patriotismo e do bom desempenho das suas funções que era mostrar e convencer o cônsul inglês, David Jameson, de que não existia trabalho escravo na colónia, no outro, encontrava-se o combate à escravatura que lá se fazia e de que todos sabiam e, deste modo, afirmar que havia escravos em S. Tomé e Príncipe, trazendo graves problemas para Portugal, tais como a perda de fundos vindos do reino inglês. O livro retrata, assim, a mais difícil decisão na vida de um Homem, se o amor, a liberdade ou a própria vida.
Este romance está muito bem escrito. Além de ser muito vasto, espacial e culturalmente, faz também, incrivelmente, a caracterização pormenorizada dos locais por onde vai passando, aumentando, no leitor, uma melhor interpretação. É como se, enquanto lemos, fossemos cercados pelo calor e cheiro das terras.
Outro ponto de que gostei, é que a história é bastante imprevisível, especialmente no final, algo a que os leitores não estão habituados, mas é, ao mesmo tempo, emocionante e cativante.
A leitura é acessível, no entanto, por ser muito descritivo, faz parecer ao leitor que ainda não avançou muito na história. Como é o caso do capítulo décimo, em que o autor, Miguel Sousa Tavares, escreve em cinquenta páginas a vida de certas personagens.
Concluindo, este romance ilustra muito bem a luta que muitas pessoas tiveram, para alcançar o fim da escravatura ou de outros actos imorais, todas as suas dificuldades e as escolhas que tiveram de tomar para alcançá-las.
Diogo Feliciano
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