A Minha Autobiografia
Por Raquel Ascenso (10º Lav)
Chamo-me Raquel Gonçalves Ascenso, nasci a 29 de Julho de 1995, na cidade de Lisboa, e, portanto, a minha naturalidade é portuguesa.
O meu nome, Raquel, foi escolhido pela minha madrinha, Carla, irmã do meu pai, Jean-Paul Ascenso, e pelo meu padrinho, Nuno, irmão da minha mãe, Paula Ascenso. O meu pai nasceu em Lille, França, e a minha mãe em Lisboa, tal como eu.
Frequentei o Colégio Bartolomeu Dias, desde os 4 até aos 9 anos, ou seja, desde a infantil, até completar a escola “primária”. Terminei-a no ano de 2004.
De 2004 até agora, 2004 foi o ano que mais me marcou, e tenho a certeza de que para sempre irei relembrá-lo com uma enorme felicidade. A 18 de Março, nasceu o meu irmão, Tomás Gonçalves Ascenso. Fiquei bastante feliz, pois era o meu maior desejo. Ainda em 2004, tive a maior experiência da minha vida, tive a oportunidade de participar no Euro 2004, como acompanhante de futebol, no jogo Portugal vs Espanha (1-0), onde entrei de mão dada com o grande Cristiano Ronaldo.
Depois de completar o primeiro ciclo, tive de mudar para a Escola Básica 2,3 Aristides de Sousa Mendes, na Póvoa de Santa Iria, onde vivo. Escola que frequentei até terminar o 9ºano num percurso que eu considero “limpo” porque nunca reprovei.
Agora, aos 15 anos, passei para o 10º ano, o que significou mais uma mudança de escola. Optei pelo curso de Artes Visuais, pois o meu sonho, desde miúda, é seguir Design. Desta vez, mudei para a Escola Secundária do Forte da Casa. Está a ser uma mudança bastante positiva. Não perdi o contacto com os meus amigos de longa data mas fiz novos amigos, amigos que me estão a marcar, pois irão sempre pertencer a uma fase importante da minha vida.
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
POEMA DE NATAL
Carlos Drummond de Andrade
Conversa Informal com o Menino
Menino, peço-te a graça
de não fazer mais poema
de Natal.
Uns dois ou três, inda passa...
Industrializar o tema,
eis o mal.
Como posso, pergunto o ano
inteiro, viver sem Cristo
(por sinal,
na santa paz do gusano)
e agora embalar-te: isto
é Natal?
Os outros fazem? Paciência,
todos precisam de vale...
Afinal,
em sua reta inocência,
diz-me o burro que me cale,
natural.
E o boi me segreda: Acaso
careço de alexandrino
ou jornal
para celebrar o caso
humano quanto divino,
hem, jogral?
Perdoa, Infante, a vaidade,
a fraqueza, o mau costume
tão geral:
fazer da Natividade
um pretexto, não um lume
celestial.
Por isso andou bem o velho
do Cosme Velho, indagando,
marginal,
no seu soneto-cimélio,
o que mudou, como, quando,
no Natal.
Mudei, piorei? Reconheço
que não penetro o mistério
sem igual.
Não sei, Natal, o teu preço,
e te contemplo, cimério,
a-pascal.
Vou de novo para a escola,
vou, pequenino, anular-me,
grão de sal
que se adoça ao som da viola,
a ver se desperto um carme
bem natal.
Não será canto rimado,
verso concretista, branco
ou labial;
antes mudo, leve, agrado
de vento em flor no barranco,
diagonal.
Não venho à tua lapinha
pedir lua, amor ou prenda
material.
Nem trago qualquer coisinha
de ouro subtraído à renda
nacional.
Nossa conversa, Menino,
será toda silenciosa,
informal.
Não se toca no destino
e em duros temas de prosa
lacrimal.
Não vou queixar-me da vida
ou falar (mal) do governo
brasilial.
Nem cicatrizar ferida
resultante do meu ser-no-
mundo atual.
Deixa-me estar longamente
junto ao berço, num enleio
colegial.
(Àquele que é menos crente,
um anjo leva a passeio:
é Natal.)
Prosterno-me, e teu sorriso
sugere, menino astuto
e cordial:
Careço de ter mais siso
e vislumbrar o Absoluto
neste umbral.
Sim, pouco enxergo. Releva
ao que lhe falta a poesia,
e por al.
Gravura em branco, na treva:
a treva se aclara em dia
de Natal.
Carlos Drummond de Andrade
Conversa Informal com o Menino
Menino, peço-te a graça
de não fazer mais poema
de Natal.
Uns dois ou três, inda passa...
Industrializar o tema,
eis o mal.
Como posso, pergunto o ano
inteiro, viver sem Cristo
(por sinal,
na santa paz do gusano)
e agora embalar-te: isto
é Natal?
Os outros fazem? Paciência,
todos precisam de vale...
Afinal,
em sua reta inocência,
diz-me o burro que me cale,
natural.
E o boi me segreda: Acaso
careço de alexandrino
ou jornal
para celebrar o caso
humano quanto divino,
hem, jogral?
Perdoa, Infante, a vaidade,
a fraqueza, o mau costume
tão geral:
fazer da Natividade
um pretexto, não um lume
celestial.
Por isso andou bem o velho
do Cosme Velho, indagando,
marginal,
no seu soneto-cimélio,
o que mudou, como, quando,
no Natal.
Mudei, piorei? Reconheço
que não penetro o mistério
sem igual.
Não sei, Natal, o teu preço,
e te contemplo, cimério,
a-pascal.
Vou de novo para a escola,
vou, pequenino, anular-me,
grão de sal
que se adoça ao som da viola,
a ver se desperto um carme
bem natal.
Não será canto rimado,
verso concretista, branco
ou labial;
antes mudo, leve, agrado
de vento em flor no barranco,
diagonal.
Não venho à tua lapinha
pedir lua, amor ou prenda
material.
Nem trago qualquer coisinha
de ouro subtraído à renda
nacional.
Nossa conversa, Menino,
será toda silenciosa,
informal.
Não se toca no destino
e em duros temas de prosa
lacrimal.
Não vou queixar-me da vida
ou falar (mal) do governo
brasilial.
Nem cicatrizar ferida
resultante do meu ser-no-
mundo atual.
Deixa-me estar longamente
junto ao berço, num enleio
colegial.
(Àquele que é menos crente,
um anjo leva a passeio:
é Natal.)
Prosterno-me, e teu sorriso
sugere, menino astuto
e cordial:
Careço de ter mais siso
e vislumbrar o Absoluto
neste umbral.
Sim, pouco enxergo. Releva
ao que lhe falta a poesia,
e por al.
Gravura em branco, na treva:
a treva se aclara em dia
de Natal.
NATAL (1987)
Miguel Torga
Nasce mais uma vez,
Menino Deus!
Não faltes, que me faltas
Neste inverno gelado.
Nasce nu e sagrado
No meu poema,
Se não tens um presépio
Mais agasalhado.
Nasce e fica comigo
Secretamente,
Até que eu, infiel, te denuncie
Aos Herodes do mundo.
Até que eu, incapaz
De me calar,
Devasse os versos e destrua a paz
Que agora sinto, só de te sonhar.
Miguel Torga
Nasce mais uma vez,
Menino Deus!
Não faltes, que me faltas
Neste inverno gelado.
Nasce nu e sagrado
No meu poema,
Se não tens um presépio
Mais agasalhado.
Nasce e fica comigo
Secretamente,
Até que eu, infiel, te denuncie
Aos Herodes do mundo.
Até que eu, incapaz
De me calar,
Devasse os versos e destrua a paz
Que agora sinto, só de te sonhar.
NATAL (1962)
Miguel Torga
Um anjo imaginado,
Um anjo dialéctico, actual,
Ergueu a mão e disse: - É noite de Natal,
Paz à imaginação!
E todo o ritual
Que antecede o milagre habitual
Perdeu a exaltação.
Em vez de excelsos hinos de confiança
No mistério divino,
E de mirra, e de incenso e oiro
Derramados
No presépio vazio,
Duas perguntas brancas, regeladas
Como a neve que cai,
E breves como o vento
Que entra por uma fresta, quezilento,
Redemoinha e sai:
À volta da lareira
Quantas almas se aquecem
Fraternamente?
Quantas desejam que o Menino venha
Ouvir humanamente
O lancinante crepitar da lenha?
Miguel Torga
Um anjo imaginado,
Um anjo dialéctico, actual,
Ergueu a mão e disse: - É noite de Natal,
Paz à imaginação!
E todo o ritual
Que antecede o milagre habitual
Perdeu a exaltação.
Em vez de excelsos hinos de confiança
No mistério divino,
E de mirra, e de incenso e oiro
Derramados
No presépio vazio,
Duas perguntas brancas, regeladas
Como a neve que cai,
E breves como o vento
Que entra por uma fresta, quezilento,
Redemoinha e sai:
À volta da lareira
Quantas almas se aquecem
Fraternamente?
Quantas desejam que o Menino venha
Ouvir humanamente
O lancinante crepitar da lenha?
POEMA DE NATAL
Miguel Torga
RETÁBULO (1954)
Estranho Menino Deus é o dum poeta!
O que nasce e renasce há muitos anos
Na minha noite de Natal, fingida,
Mal corresponde à imagem conhecida
Das sucursais do berço de Belém.
É uma criança tímida que vem
Visitar os meus sonhos, e, ao de leve,
Com mãos discretas, tece
Um poema de neve
Onde depois se deita e adormece.
Miguel Torga
RETÁBULO (1954)
Estranho Menino Deus é o dum poeta!
O que nasce e renasce há muitos anos
Na minha noite de Natal, fingida,
Mal corresponde à imagem conhecida
Das sucursais do berço de Belém.
É uma criança tímida que vem
Visitar os meus sonhos, e, ao de leve,
Com mãos discretas, tece
Um poema de neve
Onde depois se deita e adormece.
POEMA DE NATAL
David Mourão-Ferreira
Natal, e não Dezembro
Entremos, apressados friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio,
no prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos, e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.
Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
Das mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro
talvez universal a consoada.
David Mourão-Ferreira
Natal, e não Dezembro
Entremos, apressados friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio,
no prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos, e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.
Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
Das mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro
talvez universal a consoada.
POEMA DE NATAL
David Mourão-Ferreira
NATAL À BEIRA-RIO
É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.
Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava, no cais, à noite iluminado...
Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra.
Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me
À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?
David Mourão-Ferreira
NATAL À BEIRA-RIO
É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.
Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava, no cais, à noite iluminado...
Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra.
Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me
À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?
POEMA DE NATAL
Vitorino Nemésio
NATAL CHIQUE
Percorro o dia, que esmorece
Nas ruas cheias de rumor;
Minha alma vã desaparece
Na muita pressa e pouco amor.
Hoje é Natal. Comprei um anjo,
Dos que anunciam no jornal;
Mas houve um etéreo desarranjo
E o efeito em casa saiu mal.
Valeu-me um príncipe esfarrapado
A quem dão coroas no meio disto,
Um moço doente, desanimado…
Só esse pobre me pareceu Cristo.
Vitorino Nemésio
NATAL CHIQUE
Percorro o dia, que esmorece
Nas ruas cheias de rumor;
Minha alma vã desaparece
Na muita pressa e pouco amor.
Hoje é Natal. Comprei um anjo,
Dos que anunciam no jornal;
Mas houve um etéreo desarranjo
E o efeito em casa saiu mal.
Valeu-me um príncipe esfarrapado
A quem dão coroas no meio disto,
Um moço doente, desanimado…
Só esse pobre me pareceu Cristo.
POEMA DE NATAL
Manuel Alegre
Acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.
Era gente a correr pela música acima.
Uma onda uma festa. Palavras a saltar.
Eram carpas ou mãos. Um soluço uma rima.
Guitarras guitarras. Ou talvez mar.
E acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.
Na tua boca. No teu rosto. No teu corpo acontecia.
No teu ritmo nos teus ritos.
No teu sono nos teus gestos. (Liturgia liturgia).
Nos teus gritos. Nos teus olhos quase aflitos.
E nos silêncios infinitos. Na tua noite e no teu dia.
No teu sol acontecia.
Era um sopro. Era um salmo. (Nostalgia nostalgia).
Todo o tempo num só tempo: andamento
de poesia. Era um susto. Ou sobressalto. E acontecia.
Na cidade lavada pela chuva. Em cada curva
acontecia. E em cada acaso. Como um pouco de água turva
na cidade agitada pelo vento.
Natal Natal (diziam). E acontecia.
Como se fosse na palavra a rosa brava
acontecia. E era Dezembro que floria.
Era um vulcão. E no teu corpo a flor e a lava.
E era na lava a rosa e a palavra.
Todo o tempo num só tempo: nascimento de poesia.
Manuel Alegre
Acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.
Era gente a correr pela música acima.
Uma onda uma festa. Palavras a saltar.
Eram carpas ou mãos. Um soluço uma rima.
Guitarras guitarras. Ou talvez mar.
E acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.
Na tua boca. No teu rosto. No teu corpo acontecia.
No teu ritmo nos teus ritos.
No teu sono nos teus gestos. (Liturgia liturgia).
Nos teus gritos. Nos teus olhos quase aflitos.
E nos silêncios infinitos. Na tua noite e no teu dia.
No teu sol acontecia.
Era um sopro. Era um salmo. (Nostalgia nostalgia).
Todo o tempo num só tempo: andamento
de poesia. Era um susto. Ou sobressalto. E acontecia.
Na cidade lavada pela chuva. Em cada curva
acontecia. E em cada acaso. Como um pouco de água turva
na cidade agitada pelo vento.
Natal Natal (diziam). E acontecia.
Como se fosse na palavra a rosa brava
acontecia. E era Dezembro que floria.
Era um vulcão. E no teu corpo a flor e a lava.
E era na lava a rosa e a palavra.
Todo o tempo num só tempo: nascimento de poesia.
POEMA DE NATAL
Fernando Pessoa
Natal... Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.
Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo
‘Stou só e sonho saudade.
E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei.
Fernando Pessoa
Natal... Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.
Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo
‘Stou só e sonho saudade.
E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei.
POEMA DE NATAL
Cabral do Nascimento
Natal Africano
Não há pinheiros nem há neve,
Nada do que é convencional,
Nada daquilo que se escreve
Ou que se diz... Mas é Natal.
Que ar abafado! A chuva banha
A terra, morna e vertical.
Plantas da flora mais estranha,
Aves da fauna tropical.
Nem luz, nem cores, nem lembranças
Da hora única e imortal.
Somente o riso das crianças
Que em toda a parte é sempre igual.
Não há pastores nem ovelhas,
Nada do que é tradicional.
As orações, porém, são velhas
E a noite é Noite de Natal.
Cabral do Nascimento
Natal Africano
Não há pinheiros nem há neve,
Nada do que é convencional,
Nada daquilo que se escreve
Ou que se diz... Mas é Natal.
Que ar abafado! A chuva banha
A terra, morna e vertical.
Plantas da flora mais estranha,
Aves da fauna tropical.
Nem luz, nem cores, nem lembranças
Da hora única e imortal.
Somente o riso das crianças
Que em toda a parte é sempre igual.
Não há pastores nem ovelhas,
Nada do que é tradicional.
As orações, porém, são velhas
E a noite é Noite de Natal.
POEMA DE NATAL
Adolfo Simões Müller
A PALAVRA MAIS BELA
Fui ver ao dicionário dos sinónimos
A palavra mais bela e sem igual,
Perfeita como a nave dos Jerónimos...
E o dicionário disse-me: NATAL.
Perguntei aos poetas que releio:
Gabriela, Régio, Goethe, Poe, Quental,
Lorca, Olegário... E a resposta veio:
Christmas... Natividad... Noel... NATAL.
Interroguei o firmamento todo!
Cobra, formiga, pássaro, chacal!
O aço em chispa, o pipe-line, o lodo!
E a voz das coisas respondeu: NATAL!
Pedi ao vento e trouxe-me, dispersos,
- Riscos de luz, fragmentos de papel-
Cânticos, sinos, lágrimas e versos:
Um N, um A, um T, um A, um L...
Perguntei a mim próprio e fiquei mudo:
Qual a mais bela das palavras, qual?
Para quê perguntar se tudo, tudo,
Diz NATAL, diz NATAL e diz NATAL?!
Adolfo Simões Müller
A PALAVRA MAIS BELA
Fui ver ao dicionário dos sinónimos
A palavra mais bela e sem igual,
Perfeita como a nave dos Jerónimos...
E o dicionário disse-me: NATAL.
Perguntei aos poetas que releio:
Gabriela, Régio, Goethe, Poe, Quental,
Lorca, Olegário... E a resposta veio:
Christmas... Natividad... Noel... NATAL.
Interroguei o firmamento todo!
Cobra, formiga, pássaro, chacal!
O aço em chispa, o pipe-line, o lodo!
E a voz das coisas respondeu: NATAL!
Pedi ao vento e trouxe-me, dispersos,
- Riscos de luz, fragmentos de papel-
Cânticos, sinos, lágrimas e versos:
Um N, um A, um T, um A, um L...
Perguntei a mim próprio e fiquei mudo:
Qual a mais bela das palavras, qual?
Para quê perguntar se tudo, tudo,
Diz NATAL, diz NATAL e diz NATAL?!
POEMA DE NATAL
Fernando Pessoa
Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal,
E o frio que ainda é pior.
E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.
Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho o frio e Natal não.
Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo ainda outra quadra
Fico gelado dos pés.
Fernando Pessoa
Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal,
E o frio que ainda é pior.
E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.
Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho o frio e Natal não.
Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo ainda outra quadra
Fico gelado dos pés.
POEMA DE NATAL
Jorge de Sena
Natal de 1971
Natal de quê? De quem?
Daqueles que o não têm?
Dos que não são cristãos?
Ou de quem traz às costas
As cinzas de milhões?
Natal de paz agora
Nesta terra de sangue?
Natal de liberdade
Num mundo de oprimidos?
Natal de uma justiça
Roubada sempre a todos?
Natal de ser-se igual
Em ser-se concebido,
Em de um ventre nascer-se,
Em por de amor sofrer-se,
Em de morte morrer-se,
E de ser-se esquecido?
Natal de caridade,
Quando a fome ainda mata?
Natal de qual esperança
Num mundo todo bombas?
Natal de honesta fé,
Com gente que é traição,
Vil ódio, mesquinhez,
E até Natal de amor?
Natal de quê? De quem?
Daqueles que o não têm?
Ou dos que olhando ao longe
Sonham de humana vida
Um mundo que não há?
Ou dos que se torturam
E torturados são
Na crença de que os homens
Devem estender-se a mão?
Jorge de Sena
Natal de 1971
Natal de quê? De quem?
Daqueles que o não têm?
Dos que não são cristãos?
Ou de quem traz às costas
As cinzas de milhões?
Natal de paz agora
Nesta terra de sangue?
Natal de liberdade
Num mundo de oprimidos?
Natal de uma justiça
Roubada sempre a todos?
Natal de ser-se igual
Em ser-se concebido,
Em de um ventre nascer-se,
Em por de amor sofrer-se,
Em de morte morrer-se,
E de ser-se esquecido?
Natal de caridade,
Quando a fome ainda mata?
Natal de qual esperança
Num mundo todo bombas?
Natal de honesta fé,
Com gente que é traição,
Vil ódio, mesquinhez,
E até Natal de amor?
Natal de quê? De quem?
Daqueles que o não têm?
Ou dos que olhando ao longe
Sonham de humana vida
Um mundo que não há?
Ou dos que se torturam
E torturados são
Na crença de que os homens
Devem estender-se a mão?
POEMA DE NATAL
Natália Correia
FALAVAM-ME DE AMOR
Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas,
menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinhas
e em sua eternidade colocavas
o que a infância pedia às andorinhas.
Depois nas folhas secas te envolvias
de trezentos e muitos lerdos dias
e eras um sol na sombra flagelado.
O fel que por nós bebes te liberta
e no manso natal que te conserta
só tu ficaste a ti acostumado.
Natália Correia
FALAVAM-ME DE AMOR
Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas,
menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinhas
e em sua eternidade colocavas
o que a infância pedia às andorinhas.
Depois nas folhas secas te envolvias
de trezentos e muitos lerdos dias
e eras um sol na sombra flagelado.
O fel que por nós bebes te liberta
e no manso natal que te conserta
só tu ficaste a ti acostumado.
POEMA DE NATAL
David Mourão-Ferreira
PRELÚDIO DE NATAL
Tudo principiava
pela cúmplice neblina
que vinha perfumada
de lenha e tangerinas
Só depois se rasgava
a primeira cortina
E dispersa e dourada
no palco das vitrinas
a festa começava
entre odor a resina
e gosto a noz-moscada
e vozes femininas
A cidade ficava
sob a luz vespertina
pelas montras cercada
de paisagens alpinas
David Mourão-Ferreira
PRELÚDIO DE NATAL
Tudo principiava
pela cúmplice neblina
que vinha perfumada
de lenha e tangerinas
Só depois se rasgava
a primeira cortina
E dispersa e dourada
no palco das vitrinas
a festa começava
entre odor a resina
e gosto a noz-moscada
e vozes femininas
A cidade ficava
sob a luz vespertina
pelas montras cercada
de paisagens alpinas
POEMA DE NATAL
António Gedeão
Dia de Natal
Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.
É dia de pensar nos outros— coitadinhos— nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.
Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
Entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.
De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)
Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.
Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.
Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.
A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra— louvado seja o Senhor!— o que nunca tinha pensado comprado.
Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.
Cada menino
abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora
já está desperta.
De manhãzinha,
salta da cama,
corre à cozinha
mesmo em pijama.
Ah!!!!!!!!!!
Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus.
Jesus
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.
Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
Tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.
Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiam
que caíam
crivados de balas.
Dia de Confraternização Universal,
Dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.
António Gedeão
Dia de Natal
Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.
É dia de pensar nos outros— coitadinhos— nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.
Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
Entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.
De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)
Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.
Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.
Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.
A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra— louvado seja o Senhor!— o que nunca tinha pensado comprado.
Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.
Cada menino
abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora
já está desperta.
De manhãzinha,
salta da cama,
corre à cozinha
mesmo em pijama.
Ah!!!!!!!!!!
Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus.
Jesus
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.
Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
Tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.
Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiam
que caíam
crivados de balas.
Dia de Confraternização Universal,
Dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.
POEMA DE NATAL
Miguel Torga
Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da nação.
Mas, por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.
Miguel Torga
Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da nação.
Mas, por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
A MINHA AUTOBIOGRAFIA
Por Márcia Espiguinha (10º Lav)
Esta pessoa que está a escrever é tratada pelo nome de Márcia Espiguinha. Pode estar neste momento a rir-se do meu apelido, eu sei, Espiguinha não é um apelido muito comum. Na verdade, passo por cada coisa com ele… mas já é um costume ouvi-lo e, quando vou a algum lado importante e tenho que dizer o meu nome, repito o meu apelido umas quatro vezes, sem exageros. Apesar de tudo isto, orgulho-me muito do meu nome, é a minha identificação e ninguém ma pode tirar. Bem, sou portuguesa e nasci em Lisboa no dia treze de Outubro de 1994. Sou balança e posso dizer que tenho tudo a ver com o meu signo.
Por mais que pareça mentira, não tenho um momento muito marcante na minha infância mas sim um conjunto de momentos felizes e que me ajudaram a construir o meu ser. Todos os anos vou à terra dos meus avós, Chão Redondo. Pode ser um lugar pequeno e escondido do resto do mundo mas é, sem dúvida, magnífico, com um aroma intenso a laranjeiras e a oliveiras. Foi neste sítio que aprendi a andar de bicicleta. Lembro-me de que a minha mãe estava à janela quando pus os pés nos pedais e andei, pela primeira vez, numa bicicleta. Posso agradecer ao meu pai que foi um verdadeiro mestre no ensino de andar de bicicleta pois, pelo que me lembro, chegou aos três dias e já o sabia fazer na perfeição. O meu pai é um homem com muita paciência pois teve de aturar um “bicho-do-mato”, como ele diz. Adoro o meu pai e, apesar de ele dizer que sou louca, ele é mil vezes mais. Foi com a minha mãe que ganhei uma grande paixão pelo cinema. Ela é a minha companheira de visionamento de filmes e lembro-me de que um dia vi com ela um filme antigo e passámos toda a noite a rir. O filme chamava-se “Sete noivas para sete irmãos”e, não sei se o leitor já o viu, mas é bastante engraçado e, apesar de ser musical, é um filme que recomendo. A minha mãe lê livros duma grossura impressionante em menos de cinco dias e, se alguém quiser um conselho sobre algum livro, pode vir falar com a Senhora Fernanda que ela dá. É uma mulher que eu admiro e vou dizer em voz alta que a minha mãe é a MULHER MARAVILHA. Já que falei dos meus pais, vou falar sobre a minha irmã. Podia escrever cem páginas sobre a minha irmã e sobre a relação que tenho com ela mas, como tenho mais coisas a escrever sobre a minha vida, vou fazer um breve resumo. A minha irmã é uma mulher de um pensamento muito diferente do meu. Desde novas que somos chegadas, tivemos algumas discussões severas mas lá no fundo não sabemos viver uma sem a outra. Uma parte de mim foi construída com a ajuda dela. Quando pequenas, ela ensinava-me a ler e a escrever. Foi com ela que aprendi a atar os atacadores. Estes momentos foram dos mais felizes que tive.
Deste novinha, com os meus sete ou oito anos, que ganhei o amor pelo desenho e pela pintura. Nessa altura, a escola básica fez um concurso sobre BD (Banda Desenhada) e o vencedor via o seu desenho no jornal da escola. Quando a minha professora disse que o meu iria ser apresentado no jornal da escola, posso dizer que fiquei muito orgulhosa de mim própria.
Passei para o quinto ano e desde então que a escola básica se tornou numa época que nunca vou esquecer. Desenvolvi a minha prática do desenho, fiz bons amigos e conheci professores que vão estar sempre no meu coração. Como o meu professor de Visual que foi um homem formidável, sempre acreditou que eu era capaz de mais e que não podia só depender das opiniões dos outros. Um outro professor que me marcou foi o meu professor de História, um homem muito engraçado e bem-disposto. Um professor diferente dos outros.
Um acontecimento importante, foi ter entrado para a escola de música onde toco piano há já 4 anos. Um mais recente foi não estar feliz na escolha que fiz no 10º ano. Não gostei do curso e chegava a casa triste e a perguntar o que deveria fazer. Foi um grande passo que dei ao mudar de curso pois iria perder um ano mas, com o apoio da minha família, entendi o que eu queria.
Agora, no curso em que estou, tenho muitos objectivos. Acabar o secundário com uma boa média e ir para a faculdade de arquitectura ou de cinema. Não vou dizer lamechices como “quero ser feliz”, porque quem quer ser feliz no futuro é porque no presente não o é e por isso eu digo que quero continuar a ser feliz ao pé da minha família e dos meus amigos.
A minha vida, neste momento, é como um filme de comédia: divertida, apaixonante e inacreditável.
Por Márcia Espiguinha (10º Lav)
Esta pessoa que está a escrever é tratada pelo nome de Márcia Espiguinha. Pode estar neste momento a rir-se do meu apelido, eu sei, Espiguinha não é um apelido muito comum. Na verdade, passo por cada coisa com ele… mas já é um costume ouvi-lo e, quando vou a algum lado importante e tenho que dizer o meu nome, repito o meu apelido umas quatro vezes, sem exageros. Apesar de tudo isto, orgulho-me muito do meu nome, é a minha identificação e ninguém ma pode tirar. Bem, sou portuguesa e nasci em Lisboa no dia treze de Outubro de 1994. Sou balança e posso dizer que tenho tudo a ver com o meu signo.
Por mais que pareça mentira, não tenho um momento muito marcante na minha infância mas sim um conjunto de momentos felizes e que me ajudaram a construir o meu ser. Todos os anos vou à terra dos meus avós, Chão Redondo. Pode ser um lugar pequeno e escondido do resto do mundo mas é, sem dúvida, magnífico, com um aroma intenso a laranjeiras e a oliveiras. Foi neste sítio que aprendi a andar de bicicleta. Lembro-me de que a minha mãe estava à janela quando pus os pés nos pedais e andei, pela primeira vez, numa bicicleta. Posso agradecer ao meu pai que foi um verdadeiro mestre no ensino de andar de bicicleta pois, pelo que me lembro, chegou aos três dias e já o sabia fazer na perfeição. O meu pai é um homem com muita paciência pois teve de aturar um “bicho-do-mato”, como ele diz. Adoro o meu pai e, apesar de ele dizer que sou louca, ele é mil vezes mais. Foi com a minha mãe que ganhei uma grande paixão pelo cinema. Ela é a minha companheira de visionamento de filmes e lembro-me de que um dia vi com ela um filme antigo e passámos toda a noite a rir. O filme chamava-se “Sete noivas para sete irmãos”e, não sei se o leitor já o viu, mas é bastante engraçado e, apesar de ser musical, é um filme que recomendo. A minha mãe lê livros duma grossura impressionante em menos de cinco dias e, se alguém quiser um conselho sobre algum livro, pode vir falar com a Senhora Fernanda que ela dá. É uma mulher que eu admiro e vou dizer em voz alta que a minha mãe é a MULHER MARAVILHA. Já que falei dos meus pais, vou falar sobre a minha irmã. Podia escrever cem páginas sobre a minha irmã e sobre a relação que tenho com ela mas, como tenho mais coisas a escrever sobre a minha vida, vou fazer um breve resumo. A minha irmã é uma mulher de um pensamento muito diferente do meu. Desde novas que somos chegadas, tivemos algumas discussões severas mas lá no fundo não sabemos viver uma sem a outra. Uma parte de mim foi construída com a ajuda dela. Quando pequenas, ela ensinava-me a ler e a escrever. Foi com ela que aprendi a atar os atacadores. Estes momentos foram dos mais felizes que tive.
Deste novinha, com os meus sete ou oito anos, que ganhei o amor pelo desenho e pela pintura. Nessa altura, a escola básica fez um concurso sobre BD (Banda Desenhada) e o vencedor via o seu desenho no jornal da escola. Quando a minha professora disse que o meu iria ser apresentado no jornal da escola, posso dizer que fiquei muito orgulhosa de mim própria.
Passei para o quinto ano e desde então que a escola básica se tornou numa época que nunca vou esquecer. Desenvolvi a minha prática do desenho, fiz bons amigos e conheci professores que vão estar sempre no meu coração. Como o meu professor de Visual que foi um homem formidável, sempre acreditou que eu era capaz de mais e que não podia só depender das opiniões dos outros. Um outro professor que me marcou foi o meu professor de História, um homem muito engraçado e bem-disposto. Um professor diferente dos outros.
Um acontecimento importante, foi ter entrado para a escola de música onde toco piano há já 4 anos. Um mais recente foi não estar feliz na escolha que fiz no 10º ano. Não gostei do curso e chegava a casa triste e a perguntar o que deveria fazer. Foi um grande passo que dei ao mudar de curso pois iria perder um ano mas, com o apoio da minha família, entendi o que eu queria.
Agora, no curso em que estou, tenho muitos objectivos. Acabar o secundário com uma boa média e ir para a faculdade de arquitectura ou de cinema. Não vou dizer lamechices como “quero ser feliz”, porque quem quer ser feliz no futuro é porque no presente não o é e por isso eu digo que quero continuar a ser feliz ao pé da minha família e dos meus amigos.
A minha vida, neste momento, é como um filme de comédia: divertida, apaixonante e inacreditável.
A MINHA AUTOBIOGRAFIA
Por Ana Sofia Lopes (10º Lav)
O meu nome é Ana Sofia Marques Lopes.
Nasci em Lisboa e vim ao mundo a 15 de Outubro de 1995, logo, tenho quinze anos.
Os meus pais escolheram este nome apenas por uma razão, pelo significado (Ana=Cheia de Graça e Sofia=Sabedoria, logo, sabedoria cheia de graça).
Quando tinha uns quatro anos, lembro-me de ter caído e esfolado os joelhos todos. Nesse momento, pensei que ia morrer. Pelo contrário, quando recebi a minha primeira Barbie, lembro-me de ter ficado muito feliz.
Recordo-me de ter tido no sétimo ano uma professora de Matemática que odiava, pois deu-me de nota no final do período um três e eu merecia um quatro.
Quando fiz dez anos, recebi o meu primeiro telemóvel; quando fiz catorze anos, recebi, pela primeira vez, a chave da minha casa e agora consegui entrar no curso e na escola que queria. Estes três acontecimentos foram particularmente importantes no meu percurso de vida.
Tenho uma irmã mais velha, que também estuda no Forte da Casa. Ela é a melhor irmã do Mundo. Os meus pais são pessoas adoráveis que cuidam de mim, compreendem-me, apoiam-me e, acima de tudo, são meus amigos, por isso não tenho muitos problemas em casa. Dou-me bem com todos os meus colegas e amigos.
No futuro, espero ser feliz fazendo tudo o que sempre quis, como ir para a
Universidade, ter emprego como Arquitecta e formar família.
Já vivi na Póvoa de Santa Iria mas, neste momento, vivo no Forte da Casa.
Estudo na Escola Secundária do Forte da Casa, no curso de Artes Visuais. Quando não estou na escola, estou em casa ou com os meus avós que são muito importantes para mim.
Nos meus tempos livres, gosto de sair com os meus amigos e com a minha família, ir ao cinema ou andar de bicicleta.
O meu nome é Ana Sofia Marques Lopes.
Nasci em Lisboa e vim ao mundo a 15 de Outubro de 1995, logo, tenho quinze anos.
Os meus pais escolheram este nome apenas por uma razão, pelo significado (Ana=Cheia de Graça e Sofia=Sabedoria, logo, sabedoria cheia de graça).
Quando tinha uns quatro anos, lembro-me de ter caído e esfolado os joelhos todos. Nesse momento, pensei que ia morrer. Pelo contrário, quando recebi a minha primeira Barbie, lembro-me de ter ficado muito feliz.
Recordo-me de ter tido no sétimo ano uma professora de Matemática que odiava, pois deu-me de nota no final do período um três e eu merecia um quatro.
Quando fiz dez anos, recebi o meu primeiro telemóvel; quando fiz catorze anos, recebi, pela primeira vez, a chave da minha casa e agora consegui entrar no curso e na escola que queria. Estes três acontecimentos foram particularmente importantes no meu percurso de vida.
Tenho uma irmã mais velha, que também estuda no Forte da Casa. Ela é a melhor irmã do Mundo. Os meus pais são pessoas adoráveis que cuidam de mim, compreendem-me, apoiam-me e, acima de tudo, são meus amigos, por isso não tenho muitos problemas em casa. Dou-me bem com todos os meus colegas e amigos.
No futuro, espero ser feliz fazendo tudo o que sempre quis, como ir para a
Universidade, ter emprego como Arquitecta e formar família.
Já vivi na Póvoa de Santa Iria mas, neste momento, vivo no Forte da Casa.
Estudo na Escola Secundária do Forte da Casa, no curso de Artes Visuais. Quando não estou na escola, estou em casa ou com os meus avós que são muito importantes para mim.
Nos meus tempos livres, gosto de sair com os meus amigos e com a minha família, ir ao cinema ou andar de bicicleta.
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Por Renato Barreira
Sinopse
Este livro pode ser considerado uma espécie de diário (apesar de não o ser), uma vez que, ao longo da história, a personagem principal escreve constantemente cartas para uma amiga que já morreu, contando-lhe tudo o que se passa na vida dela.
Trata-se de uma história de uma rapariga chamada Joana, que perdeu a sua melhor amiga (Marta) quando esta se envolveu no terrível mundo das drogas, mundo esse que a própria Joana iria conhecer por si mesma. Após a morte da sua melhor amiga, Joana interrogava-se vezes sem conta tentando perceber o que teria levado Marta a entrar naquele mundo, resposta que Joana iria ter por experiência própria.
Joana era uma rapariga exemplar, na escola e em casa, mas tudo mudou quando ela se envolveu com uma amiga de Marta, a Rita, (a amiga que teria levado Marta a envolver-se com as drogas), e com o próprio irmão de Marta, o Diogo, também vítima das drogas. A morte da avó, a pessoa de quem ela mais gostava no mundo, e a falta de atenção e de diálogo por parte dos pais fez com que Marta se começasse a sentir só tendo como únicas companhias os seus amigos Rita e Diogo. Foi então que, a partir desse momento, Marta começou a vender as suas coisas para conseguir dinheiro, para ajudar Diogo no mundo das drogas, acabando também ela, mais tarde, por se envolver nesse tenebroso mundo.
Um dia, Joana olhou-se ao espelho e reparou como tinha mudado. Percebeu, então, o que lhe tinha acontecido, entendendo agora o que a sua amiga Marta tinha passado… Após essa reflexão, Joana tentou abandonar as drogas, todavia, foi tarde de mais…
Apreciação crítica
Registo de duas citações marcantes:
“Vou parar de escrever. Dói-me a mão, dói-me o corpo, dói-me o pensamento. Dói-me a coragem que não tenho.” (Página 143)
“…o ano passado, nunca imaginei que fosse tão fácil uma pessoa passar-se para o lado de lá, o lado para onde tu passaste, o lado que eu sabia que era ERRADO!” (Página 152)
Este é um livro que valeu, verdadeiramente, a pena ler! Diria que este livro é uma aprendizagem, um ”abre olhos” e uma reflexão não só para quem se vê envolvido no assunto principal do livro (a droga) mas, principalmente, para aqueles que estão em vias de entrar para o mundo da droga apenas para, estupidamente, se mostrarem mais do que os outros.
O facto de relatar a vida de uma menina (Joana), de como ela se transforma ao longo dos dias e dos anos por causa da tão falada droga, faz deste livro, a meu ver, um livro extremamente interessante e diria até que, por não ser para uma determinada faixa etária mas sim para todas as idades porque o tema/assunto falado serve para mais novos e mais velhos, “A Lua de Joana” é irredutivelmente recomendável!
Também é de salientar a importância do diálogo entre os filhos e os pais, pois a falta de diálogo entre estes é muitas vezes a razão que leva os filhos a procurarem outros caminhos, muitas vezes destruidores.
Este livro mostra, na minha opinião, a realidade dos dias de hoje: o grande problema que a droga é para todos – para a família, para os amigos e para a própria pessoa que comete esse erro. Por isso, volto a repetir…este livro é RECOMENDÁVEL!
Esta obra fez-me reflectir sobre a importância de tantas “pequenas grandes coisas” às quais, ao longo da vida, não damos o respectivo valor ou, quando lho damos, pode já ser tarde demais. A família é um exemplo dessas “pequenas grandes coisas” que, por vezes, não recebe o tão merecido valor. Achamos antes que ela não nos entende, que quer o nosso mal, que não nos deixa viver a vida! Este livro responde a isso mesmo! Se reflectirmos, iremos constatar que, afinal de contas, eles (pais, irmãos, …) querem o nosso bem e o melhor para nós e que as discussões, os castigos, a repreensões são, nada mais, que meros “abre olhos” e maneiras de tentar fazer ver o que é o “bom” e o “mau” para nós, para a nossa vida. E, mais particularmente, estúpidos são os filhos que acham que não, que acham que só eles são os donos da razão, que acham saber o que é o melhor para eles e que os “coitadinhos” dos pais não percebem nada! Não sejamos parvinhos! Eles (falo principalmente do pais) já viveram, já passaram pela nossa idade e por várias experiências de vida! Pensemos e não sejamos estúpidos! Após ler este livro, acho ainda que temos de ser altamente altruístas para sabermos dar, a quem nos ama, aquilo que merecem!
Os amigos são importantes mas a família é essencial!
Sinopse
Este livro pode ser considerado uma espécie de diário (apesar de não o ser), uma vez que, ao longo da história, a personagem principal escreve constantemente cartas para uma amiga que já morreu, contando-lhe tudo o que se passa na vida dela.
Trata-se de uma história de uma rapariga chamada Joana, que perdeu a sua melhor amiga (Marta) quando esta se envolveu no terrível mundo das drogas, mundo esse que a própria Joana iria conhecer por si mesma. Após a morte da sua melhor amiga, Joana interrogava-se vezes sem conta tentando perceber o que teria levado Marta a entrar naquele mundo, resposta que Joana iria ter por experiência própria.
Joana era uma rapariga exemplar, na escola e em casa, mas tudo mudou quando ela se envolveu com uma amiga de Marta, a Rita, (a amiga que teria levado Marta a envolver-se com as drogas), e com o próprio irmão de Marta, o Diogo, também vítima das drogas. A morte da avó, a pessoa de quem ela mais gostava no mundo, e a falta de atenção e de diálogo por parte dos pais fez com que Marta se começasse a sentir só tendo como únicas companhias os seus amigos Rita e Diogo. Foi então que, a partir desse momento, Marta começou a vender as suas coisas para conseguir dinheiro, para ajudar Diogo no mundo das drogas, acabando também ela, mais tarde, por se envolver nesse tenebroso mundo.
Um dia, Joana olhou-se ao espelho e reparou como tinha mudado. Percebeu, então, o que lhe tinha acontecido, entendendo agora o que a sua amiga Marta tinha passado… Após essa reflexão, Joana tentou abandonar as drogas, todavia, foi tarde de mais…
Apreciação crítica
Registo de duas citações marcantes:
“Vou parar de escrever. Dói-me a mão, dói-me o corpo, dói-me o pensamento. Dói-me a coragem que não tenho.” (Página 143)
“…o ano passado, nunca imaginei que fosse tão fácil uma pessoa passar-se para o lado de lá, o lado para onde tu passaste, o lado que eu sabia que era ERRADO!” (Página 152)
Este é um livro que valeu, verdadeiramente, a pena ler! Diria que este livro é uma aprendizagem, um ”abre olhos” e uma reflexão não só para quem se vê envolvido no assunto principal do livro (a droga) mas, principalmente, para aqueles que estão em vias de entrar para o mundo da droga apenas para, estupidamente, se mostrarem mais do que os outros.
O facto de relatar a vida de uma menina (Joana), de como ela se transforma ao longo dos dias e dos anos por causa da tão falada droga, faz deste livro, a meu ver, um livro extremamente interessante e diria até que, por não ser para uma determinada faixa etária mas sim para todas as idades porque o tema/assunto falado serve para mais novos e mais velhos, “A Lua de Joana” é irredutivelmente recomendável!
Também é de salientar a importância do diálogo entre os filhos e os pais, pois a falta de diálogo entre estes é muitas vezes a razão que leva os filhos a procurarem outros caminhos, muitas vezes destruidores.
Este livro mostra, na minha opinião, a realidade dos dias de hoje: o grande problema que a droga é para todos – para a família, para os amigos e para a própria pessoa que comete esse erro. Por isso, volto a repetir…este livro é RECOMENDÁVEL!
Esta obra fez-me reflectir sobre a importância de tantas “pequenas grandes coisas” às quais, ao longo da vida, não damos o respectivo valor ou, quando lho damos, pode já ser tarde demais. A família é um exemplo dessas “pequenas grandes coisas” que, por vezes, não recebe o tão merecido valor. Achamos antes que ela não nos entende, que quer o nosso mal, que não nos deixa viver a vida! Este livro responde a isso mesmo! Se reflectirmos, iremos constatar que, afinal de contas, eles (pais, irmãos, …) querem o nosso bem e o melhor para nós e que as discussões, os castigos, a repreensões são, nada mais, que meros “abre olhos” e maneiras de tentar fazer ver o que é o “bom” e o “mau” para nós, para a nossa vida. E, mais particularmente, estúpidos são os filhos que acham que não, que acham que só eles são os donos da razão, que acham saber o que é o melhor para eles e que os “coitadinhos” dos pais não percebem nada! Não sejamos parvinhos! Eles (falo principalmente do pais) já viveram, já passaram pela nossa idade e por várias experiências de vida! Pensemos e não sejamos estúpidos! Após ler este livro, acho ainda que temos de ser altamente altruístas para sabermos dar, a quem nos ama, aquilo que merecem!
Os amigos são importantes mas a família é essencial!
Francisca, César Magarreiro (Sugestões de leitura)
Por Susana Dias
Sinopse
A história desenrola-se no coração de Lisboa, depois da fúria do sismo de 1755. Mas não é só este terramoto natural que marca esta época, também há os sociais, morais e políticos, no tempo em que reina D. José e governa Marquês de Pombal. Os últimos autos-de-fé são proferidos pela Inquisição. Esta história mostra-nos toda esta época, servindo-se de diversos relatos, livros de visitação, cancioneiros e processos do Santo Ofício. É neste clima que surge a protagonista - Francisca, uma escrava negra, maltratada e humilhada pelos seus donos. Exausta de tanta violência, Francisca recorre a feitiços e amores na tentativa de conseguir uma vida mais justa para si e para os seus filhos.
É, então, a vida desta mulher, os seus triunfos, as suas desventuras, os seus receios, num pano de fundo instável, que o autor relata, como se de uma biografia verdadeira se tratasse.
Apreciação crítica
Registo de duas citações marcantes:
“Neste tempo o acto de pedir esmola não era visto como uma acção humilhante. Chegou mesmo a haver atestados de moralidade para alguns pedintes que aceitavam não apenas dinheiro, mas todos os tipos de esmola transportando por vezes cestos géneros, produtos de dádivas que recebiam.”
“A vida vai continuar, apesar de a partir de hoje já nada poder vir a ser como era dantes.”
Esta obra não foi das que mais apreciei porque o autor caiu na tendência de escrever uma quase narração meramente histórica quase fazendo lembrar os livros de História. É, além isso, um livro pobre em recursos estilísticos, notando-se, especialmente, uma grande ausência de metáforas. O escritor faz uma descrição extensiva dos feitiços (dos ingredientes e dos procedimentos) como se fossem uma “receita”. Por outro lado, achei que Cesár Magarreiro efectuou um trabalho de pesquisa muito bem elaborado. Contudo, não seria necessário “despejá-la” no livro.
Esta obra fez-me reflectir, especialmente, sobre a Inquisição, com toda a sua mistura de espiritualidade, intolerância e fundamentalismo. Fez-me pensar, também, nas diferenças e nas semelhanças entre a sociedade portuguesa de antes e actualmente. E será que o nosso pensamento em relação à possibilidade de ocorrência de um sismo não será o mesma de há dois séculos atrás? Será que continuamos com o pensamento de que só num futuro distante irá ocorrer a próxima calamidade e que por isso não nos preparamos devidamente?
Sinopse
A história desenrola-se no coração de Lisboa, depois da fúria do sismo de 1755. Mas não é só este terramoto natural que marca esta época, também há os sociais, morais e políticos, no tempo em que reina D. José e governa Marquês de Pombal. Os últimos autos-de-fé são proferidos pela Inquisição. Esta história mostra-nos toda esta época, servindo-se de diversos relatos, livros de visitação, cancioneiros e processos do Santo Ofício. É neste clima que surge a protagonista - Francisca, uma escrava negra, maltratada e humilhada pelos seus donos. Exausta de tanta violência, Francisca recorre a feitiços e amores na tentativa de conseguir uma vida mais justa para si e para os seus filhos.
É, então, a vida desta mulher, os seus triunfos, as suas desventuras, os seus receios, num pano de fundo instável, que o autor relata, como se de uma biografia verdadeira se tratasse.
Apreciação crítica
Registo de duas citações marcantes:
“Neste tempo o acto de pedir esmola não era visto como uma acção humilhante. Chegou mesmo a haver atestados de moralidade para alguns pedintes que aceitavam não apenas dinheiro, mas todos os tipos de esmola transportando por vezes cestos géneros, produtos de dádivas que recebiam.”
“A vida vai continuar, apesar de a partir de hoje já nada poder vir a ser como era dantes.”
Esta obra não foi das que mais apreciei porque o autor caiu na tendência de escrever uma quase narração meramente histórica quase fazendo lembrar os livros de História. É, além isso, um livro pobre em recursos estilísticos, notando-se, especialmente, uma grande ausência de metáforas. O escritor faz uma descrição extensiva dos feitiços (dos ingredientes e dos procedimentos) como se fossem uma “receita”. Por outro lado, achei que Cesár Magarreiro efectuou um trabalho de pesquisa muito bem elaborado. Contudo, não seria necessário “despejá-la” no livro.
Esta obra fez-me reflectir, especialmente, sobre a Inquisição, com toda a sua mistura de espiritualidade, intolerância e fundamentalismo. Fez-me pensar, também, nas diferenças e nas semelhanças entre a sociedade portuguesa de antes e actualmente. E será que o nosso pensamento em relação à possibilidade de ocorrência de um sismo não será o mesma de há dois séculos atrás? Será que continuamos com o pensamento de que só num futuro distante irá ocorrer a próxima calamidade e que por isso não nos preparamos devidamente?
O presságio da sereia, Katy Gardner (Sugestões de leitura)
Por Sara Luís
Sinopse
Cass Bainbridge é uma professora de História que vive em Londres com o seu companheiro de há quase dez anos, Matt, e que decide aceitar uma proposta para leccionar em Brighton. Todos os seus problemas começam quando se muda para esta nova cidade. Segredos que tinha conseguido esquecer durante toda a sua vida são agora descobertos e revividos pela protagonista deste livro. No percurso de Cass, existem dois alunos que vão ter um papel muito importante na revelação deste segredo. Ao sentir-se pressionada, Cass vê-se obrigada a contar que teve de abandonar um filho, fruto de uma violação quando tinha apenas 15 anos, e é a partir daí que percebemos este seu medo pelo mar e pelo casamento. Este é um livro capaz de nos transmitir as mais variadas emoções. E, como nos diz a capa do livro, “Os segredos mais profundos arrastam consigo correntes sombrias”.
Apreciação críticaEste foi, sem dúvida, o melhor livro que li até hoje. É uma historia cativante do início ao fim, uma história feita de recuos no tempo e que nos mostra exactamente o drama que vive a protagonista. A história do livro é capaz de nos transportar completamente para dentro dele, faz-nos ler compulsivamente. É uma história intensa, com romance, mistério e suspense. Aconselho vivamente a leitura deste livro pois é um livro impressionante e com um final completamente inesperado. É um romance cheio de aventuras e as sem as comuns “lamechices”.
Existem livros que lemos e cujas histórias esquecemos logo nos dias seguintes. No entanto, existem outros que nos marcam. E este é verdadeiramente um exemplo disso. Deixa-nos recordações das suas personagens, das cores, dos cheiros, das sensações que conseguimos experimentar ao folhear cada página desta história.
Esta obra fez-me realmente pensar nos segredos que toda a gente esconde. Todos nós temos os nossos segredos bem guardados e que nunca queremos que sejam descobertos. No entanto, isso nem sempre acontece! Por mais voltas que a nossa vida dê, se existir alguma coisa do passado que nos intimide, mais tarde ou mais cedo ela vai aparecer. Neste livro, é observável a reacção de pânico que o ser humano tem quando pensa que vai ser “descoberto”. É algo que nos ultrapassa, algo que nunca conseguimos nem vamos conseguir controlar. Este livro fez-me também ver que, às vezes, a revelação desses segredos até pode ser um ponto a nosso favor, deixámos de ter tantas preocupações e a vida segue o seu curso sem ter de ficar tão presa ao passado.
Sinopse
Cass Bainbridge é uma professora de História que vive em Londres com o seu companheiro de há quase dez anos, Matt, e que decide aceitar uma proposta para leccionar em Brighton. Todos os seus problemas começam quando se muda para esta nova cidade. Segredos que tinha conseguido esquecer durante toda a sua vida são agora descobertos e revividos pela protagonista deste livro. No percurso de Cass, existem dois alunos que vão ter um papel muito importante na revelação deste segredo. Ao sentir-se pressionada, Cass vê-se obrigada a contar que teve de abandonar um filho, fruto de uma violação quando tinha apenas 15 anos, e é a partir daí que percebemos este seu medo pelo mar e pelo casamento. Este é um livro capaz de nos transmitir as mais variadas emoções. E, como nos diz a capa do livro, “Os segredos mais profundos arrastam consigo correntes sombrias”.
Apreciação críticaEste foi, sem dúvida, o melhor livro que li até hoje. É uma historia cativante do início ao fim, uma história feita de recuos no tempo e que nos mostra exactamente o drama que vive a protagonista. A história do livro é capaz de nos transportar completamente para dentro dele, faz-nos ler compulsivamente. É uma história intensa, com romance, mistério e suspense. Aconselho vivamente a leitura deste livro pois é um livro impressionante e com um final completamente inesperado. É um romance cheio de aventuras e as sem as comuns “lamechices”.
Existem livros que lemos e cujas histórias esquecemos logo nos dias seguintes. No entanto, existem outros que nos marcam. E este é verdadeiramente um exemplo disso. Deixa-nos recordações das suas personagens, das cores, dos cheiros, das sensações que conseguimos experimentar ao folhear cada página desta história.
Esta obra fez-me realmente pensar nos segredos que toda a gente esconde. Todos nós temos os nossos segredos bem guardados e que nunca queremos que sejam descobertos. No entanto, isso nem sempre acontece! Por mais voltas que a nossa vida dê, se existir alguma coisa do passado que nos intimide, mais tarde ou mais cedo ela vai aparecer. Neste livro, é observável a reacção de pânico que o ser humano tem quando pensa que vai ser “descoberto”. É algo que nos ultrapassa, algo que nunca conseguimos nem vamos conseguir controlar. Este livro fez-me também ver que, às vezes, a revelação desses segredos até pode ser um ponto a nosso favor, deixámos de ter tantas preocupações e a vida segue o seu curso sem ter de ficar tão presa ao passado.
Caim, de José Saramago (sugestões de leitura)
Por Sofia Alvarenga
Sinopse
Depois da polémica de O Evangelho Segundo Cristo, José Saramago viaja pelo Antigo Testamento através de Caim e dos protagonistas do Antigo Testamento da Bíblia, começando pela história de Adão e Eva no Jardim do Éden e acabando no Dilúvio de Noé.
Saramago fala-nos de deus e da bíblia com uma ironia brutal que nos mete a rir do princípio ao fim de todo o livro.
Caim é uma guerra entre o criador e a criatura.
É sem dúvida a versão moderna e sarcástica do Antigo Testamento, onde, ao contar a história mítica, há confrontações sucessivas sobre as atitudes de deus.
O deus de Saramago não é um deus qualquer, é um deus muito humano que é gozado constantemente pelo autor.
Apreciação crítica
É, sem dúvida, um esmiuçar da Bíblia, muito bem conseguido e com a escrita particular de José Saramago.
Valeu a pena, sem dúvida alguma, ler este grande livro de José Saramago. Eu adorei os seus sarcasmos e há uma identificação entre a minha maneira de pensar sobre igreja e a dele.
É um livro alegre, fantástico, cheio de situações muito caricatas em que deus é sempre o mais gozado.
Aconselho esta obra a todos os cidadãos do mundo pois acho que toda a gente tem o direito de acreditar no que quiser mas também é saudável por vezes rirmo-nos das nossas crenças que são em muitos aspectos ridículas.
Deveríamos ser todos a personagem Caim de vez em quando e questionar um pouco as nossas crenças. Questionar não é deixar de aceitar, mas sim reformular as ideias que temos. É como fazer uma limpeza ao nosso cérebro de coisas inúteis e burlescas.
Sinopse
Depois da polémica de O Evangelho Segundo Cristo, José Saramago viaja pelo Antigo Testamento através de Caim e dos protagonistas do Antigo Testamento da Bíblia, começando pela história de Adão e Eva no Jardim do Éden e acabando no Dilúvio de Noé.
Saramago fala-nos de deus e da bíblia com uma ironia brutal que nos mete a rir do princípio ao fim de todo o livro.
Caim é uma guerra entre o criador e a criatura.
É sem dúvida a versão moderna e sarcástica do Antigo Testamento, onde, ao contar a história mítica, há confrontações sucessivas sobre as atitudes de deus.
O deus de Saramago não é um deus qualquer, é um deus muito humano que é gozado constantemente pelo autor.
Apreciação crítica
É, sem dúvida, um esmiuçar da Bíblia, muito bem conseguido e com a escrita particular de José Saramago.
Valeu a pena, sem dúvida alguma, ler este grande livro de José Saramago. Eu adorei os seus sarcasmos e há uma identificação entre a minha maneira de pensar sobre igreja e a dele.
É um livro alegre, fantástico, cheio de situações muito caricatas em que deus é sempre o mais gozado.
Aconselho esta obra a todos os cidadãos do mundo pois acho que toda a gente tem o direito de acreditar no que quiser mas também é saudável por vezes rirmo-nos das nossas crenças que são em muitos aspectos ridículas.
Deveríamos ser todos a personagem Caim de vez em quando e questionar um pouco as nossas crenças. Questionar não é deixar de aceitar, mas sim reformular as ideias que temos. É como fazer uma limpeza ao nosso cérebro de coisas inúteis e burlescas.
terça-feira, 1 de junho de 2010
Por Pedro Gaspar
Actualmente vivemos numa sociedade em que a geração mais jovem não vive em confraternização constante, como se verificava há uns anos atrás. Tal facto deve-se à grande evolução tecnológica (computadores, telemóveis, etc.) que embora tenha aproximado pessoas que se encontravam distantes, também distanciou aquelas que se encontravam perto.
A distância actua sobre a emoção exactamente como actua sobre o som. A mesma lei universal rege desgraçadamente a acústica e a sensibilidade, o princípio é sempre idêntico, tão lógico como o princípio das ondulações. Estas vão decrescendo à medida que se afastam do seu centro, até que docemente se imobilizam e morrem. O mesmo acontece nas relações: a falsa proximidade que as novas tecnologias oferecem à geração mais nova levam a que o número de relacionamentos se reduza a uma velocidade enorme. Por muito boa que a tecnologia seja, ela não nos transmite emoções, que são fundamentais para uma relação.
Todavia, as novas tecnologias não só distanciam fisicamente as pessoas como também destroem qualquer utopia pessoal. Apenas uns quantos jovens desejam possuir uma relação estável. Em vez disso, procuram aparecer na televisão, realizar feitos fúteis, enfim, abdicar de uma parte do que é ser humano, tudo porque com o elevado grau de “conhecimento” proveniente da Internet, as pessoas tornam-se desconfiadas e apenas acreditam que só se podem realizar pessoalmente se se tornarem um “modelo de vida”, como os que eles vislumbram nas séries televisivas.
Como Antoine Saint Exupéry escreveu na sua obra “O Principezinho”, “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”. Assim, é necessário que os jovens compreendam que uma verdadeira relação não pode ser construída num mundo digital, mas através do convívio e das relações interpessoais.
Actualmente vivemos numa sociedade em que a geração mais jovem não vive em confraternização constante, como se verificava há uns anos atrás. Tal facto deve-se à grande evolução tecnológica (computadores, telemóveis, etc.) que embora tenha aproximado pessoas que se encontravam distantes, também distanciou aquelas que se encontravam perto.
A distância actua sobre a emoção exactamente como actua sobre o som. A mesma lei universal rege desgraçadamente a acústica e a sensibilidade, o princípio é sempre idêntico, tão lógico como o princípio das ondulações. Estas vão decrescendo à medida que se afastam do seu centro, até que docemente se imobilizam e morrem. O mesmo acontece nas relações: a falsa proximidade que as novas tecnologias oferecem à geração mais nova levam a que o número de relacionamentos se reduza a uma velocidade enorme. Por muito boa que a tecnologia seja, ela não nos transmite emoções, que são fundamentais para uma relação.
Todavia, as novas tecnologias não só distanciam fisicamente as pessoas como também destroem qualquer utopia pessoal. Apenas uns quantos jovens desejam possuir uma relação estável. Em vez disso, procuram aparecer na televisão, realizar feitos fúteis, enfim, abdicar de uma parte do que é ser humano, tudo porque com o elevado grau de “conhecimento” proveniente da Internet, as pessoas tornam-se desconfiadas e apenas acreditam que só se podem realizar pessoalmente se se tornarem um “modelo de vida”, como os que eles vislumbram nas séries televisivas.
Como Antoine Saint Exupéry escreveu na sua obra “O Principezinho”, “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”. Assim, é necessário que os jovens compreendam que uma verdadeira relação não pode ser construída num mundo digital, mas através do convívio e das relações interpessoais.
Por Filipe Cardoso
Uma das grandes polémicas da actualidade passa por como e para o quê jovens como eu estamos a ser educados. Que as novas tecnologias e a “nova sociedade” fazem-nos muito menos sociáveis, com medo e incapacidade de criar relações próximas, sendo as relações baseadas em “Messengers”, “SMS’s” e E-mails. Entre muitas críticas que podem ser feitas à juventude que estamos a desenvolver, acho que a incapacidade de criar relações próximas não é, de todo, das mais correctas ou prioritárias a fazer.
O ser humano é um ser social. As relações sempre tiveram imensa importância para nós, e continuarão a ter. Não é por acaso que a solidão é das piores dores que se podem sentir. Isto é especialmente importante na infância/adolescência. Tal como antigamente, as pessoas estabelecem entre elas elos de ligação, amizades profundas. No filme “O Naufrago”, o personagem principal, preso numa ilha deserta, está tão desesperado por companhia que faz duma bola de Voleibol a sua amiga, tratando-a como uma pessoa normal, até a pintando como uma.
Outro ponto, as novas tecnologias. Ao contrário de muitas opiniões, eu acredito que o MSN, as SMS’s, e afins, abriram muitas portas no universo das relações pessoais. Muitas vezes, há pessoas com quem, em condições normais, é complicado criar uma relação próxima (existe muita distância entre elas, por exemplo). Apesar de, obviamente, não chegarem para laços muito profundos, as novas tecnologias dão a potencialidade de nos dedicarmos um pouco mais a pessoas a quem não o faríamos regularmente. Um exemplo, é a relação que tenho com um amigo que vive longe; conversamos imenso na Internet.
O estereótipo de que os jovens de hoje não criam amizades profundas não está correcto. As relações estão lá, como sempre estiveram e sempre estarão. Nesse aspecto não pioraremos.
Uma das grandes polémicas da actualidade passa por como e para o quê jovens como eu estamos a ser educados. Que as novas tecnologias e a “nova sociedade” fazem-nos muito menos sociáveis, com medo e incapacidade de criar relações próximas, sendo as relações baseadas em “Messengers”, “SMS’s” e E-mails. Entre muitas críticas que podem ser feitas à juventude que estamos a desenvolver, acho que a incapacidade de criar relações próximas não é, de todo, das mais correctas ou prioritárias a fazer.
O ser humano é um ser social. As relações sempre tiveram imensa importância para nós, e continuarão a ter. Não é por acaso que a solidão é das piores dores que se podem sentir. Isto é especialmente importante na infância/adolescência. Tal como antigamente, as pessoas estabelecem entre elas elos de ligação, amizades profundas. No filme “O Naufrago”, o personagem principal, preso numa ilha deserta, está tão desesperado por companhia que faz duma bola de Voleibol a sua amiga, tratando-a como uma pessoa normal, até a pintando como uma.
Outro ponto, as novas tecnologias. Ao contrário de muitas opiniões, eu acredito que o MSN, as SMS’s, e afins, abriram muitas portas no universo das relações pessoais. Muitas vezes, há pessoas com quem, em condições normais, é complicado criar uma relação próxima (existe muita distância entre elas, por exemplo). Apesar de, obviamente, não chegarem para laços muito profundos, as novas tecnologias dão a potencialidade de nos dedicarmos um pouco mais a pessoas a quem não o faríamos regularmente. Um exemplo, é a relação que tenho com um amigo que vive longe; conversamos imenso na Internet.
O estereótipo de que os jovens de hoje não criam amizades profundas não está correcto. As relações estão lá, como sempre estiveram e sempre estarão. Nesse aspecto não pioraremos.
Por Bruno Frias
Saber muito da vida, para esta nova geração que sabe tudo o que há para saber sobre sexo, drogas, pedofilia e corrupção, é não acreditar nos outros. Não ter nenhuma expectativa imaterial: o sonho do encontro com a alma gémea foi substituído pelo sonho da aparição televisiva. Estes meninos não estão disponíveis para amar; sonham ser famosos, adorados e aplaudidos. O resto é conversa. Por SMS. (…) Tamborilam o amor ao de leve nas teclas dos telemóveis e dos computadores, pianos sem som nem alma nem cordas. Criámos uma geração apavorada com os sentimentos, os compromissos, a decepção e o sofrimento. Uma geração de vitoriosos solitários, que foge do calor do abraço e procura as palmas da multidão.
Inês Pedrosa, Única, 13 de Março de 2010
Será isto tanto assim, como dizem ser?! Serão os jovens de hoje incapazes de Amar alguém de forma imaterial, sem ambição de algo mais?! A mim parece-me bastante descabido, um acto bastante incorrecto de generalização que se revela bastante “injusto” para todos aqueles que não se deixam levar pela ânsia de fama mas sim pela ambição de felicidade.
Segundo o texto de Inês Pedrosa, os jovens de hoje não são mais do que meros carrascos daquilo que é (ou era…!) uma relação de amor. Seria demasiado estúpido contrariá-lo a 100%, mas seria tanto ou mais estúpido dizer que é assim, tal e qual como foi feito o retrato. Na simples opinião de um jovem na faixa etária sob análise, acho que há casos e casos, como em tudo na vida. Com isto quero dizer que, na nossa sociedade, podemos presenciar casos onde o amor é algo meramente sexual, ou onde as pessoas estão juntas só por dizer que estão, porque lhes dá jeito por razões suas. No entanto, não é assim no geral, porque há imensos casos onde as pessoas conseguem atingir sentimentos fortes, pelos quais decidem lutar e mudar os possíveis para que ganhem asas.
O Amor pode existir, resta saber até que ponto deixamos que ele seja sentido. E, mais importante que isso, é demonstrá-lo! O que me impede a mim de mostrá-lo por mensagens escritas ou pelo Messenger?! Nada! Eu posso fazê-lo, posso demonstrar o que sinto das mais variadas formas, tornando algo supostamente frio em algo caloroso.
Enfim, acho muito sinceramente que, e pelo menos para mim, de nada me vale ter o ruído ensurdecedor de uma grande ovação se faltarem nessa plateia as pessoas que mais falta me fazem. Afinal de contas, no meio de uma multidão em ovação, ecoará pela sala as palmas da pessoa que ecoa em nós a toda a hora…!
Saber muito da vida, para esta nova geração que sabe tudo o que há para saber sobre sexo, drogas, pedofilia e corrupção, é não acreditar nos outros. Não ter nenhuma expectativa imaterial: o sonho do encontro com a alma gémea foi substituído pelo sonho da aparição televisiva. Estes meninos não estão disponíveis para amar; sonham ser famosos, adorados e aplaudidos. O resto é conversa. Por SMS. (…) Tamborilam o amor ao de leve nas teclas dos telemóveis e dos computadores, pianos sem som nem alma nem cordas. Criámos uma geração apavorada com os sentimentos, os compromissos, a decepção e o sofrimento. Uma geração de vitoriosos solitários, que foge do calor do abraço e procura as palmas da multidão.
Inês Pedrosa, Única, 13 de Março de 2010
Será isto tanto assim, como dizem ser?! Serão os jovens de hoje incapazes de Amar alguém de forma imaterial, sem ambição de algo mais?! A mim parece-me bastante descabido, um acto bastante incorrecto de generalização que se revela bastante “injusto” para todos aqueles que não se deixam levar pela ânsia de fama mas sim pela ambição de felicidade.
Segundo o texto de Inês Pedrosa, os jovens de hoje não são mais do que meros carrascos daquilo que é (ou era…!) uma relação de amor. Seria demasiado estúpido contrariá-lo a 100%, mas seria tanto ou mais estúpido dizer que é assim, tal e qual como foi feito o retrato. Na simples opinião de um jovem na faixa etária sob análise, acho que há casos e casos, como em tudo na vida. Com isto quero dizer que, na nossa sociedade, podemos presenciar casos onde o amor é algo meramente sexual, ou onde as pessoas estão juntas só por dizer que estão, porque lhes dá jeito por razões suas. No entanto, não é assim no geral, porque há imensos casos onde as pessoas conseguem atingir sentimentos fortes, pelos quais decidem lutar e mudar os possíveis para que ganhem asas.
O Amor pode existir, resta saber até que ponto deixamos que ele seja sentido. E, mais importante que isso, é demonstrá-lo! O que me impede a mim de mostrá-lo por mensagens escritas ou pelo Messenger?! Nada! Eu posso fazê-lo, posso demonstrar o que sinto das mais variadas formas, tornando algo supostamente frio em algo caloroso.
Enfim, acho muito sinceramente que, e pelo menos para mim, de nada me vale ter o ruído ensurdecedor de uma grande ovação se faltarem nessa plateia as pessoas que mais falta me fazem. Afinal de contas, no meio de uma multidão em ovação, ecoará pela sala as palmas da pessoa que ecoa em nós a toda a hora…!
Por Sofia Alvarenga
Saber muito da vida, para esta nova geração que sabe tudo o que há para saber sobre sexo, drogas, pedofilia e corrupção, é não acreditar nos outros. Não ter nenhuma expectativa imaterial: o sonho do encontro com a alma gémea foi substituído pelo sonho da aparição televisiva. Estes meninos não estão disponíveis para amar; sonham ser famosos, adorados e aplaudidos. O resto é conversa. Por SMS. (…) Tamborilam o amor ao de leve nas teclas dos telemóveis e dos computadores, pianos sem som nem alma nem cordas. Criámos uma geração apavorada com os sentimentos, os compromissos, a decepção e o sofrimento. Uma geração de vitoriosos solitários, que foge do calor do abraço e procura as palmas da multidão.
Inês Pedrosa, Única, 13 de Março de 2010
Esta nova geração é, sem dúvida, a geração da tecnologia e da informação de fácil acesso. As crianças de hoje em dia sabem muito do mundo em que vivem e, consequentemente, das coisas más que nele se passam, através dos meios de comunicação.
No entanto, acho que não é correcto dizer que por se ter acesso a todas estas informações se vai deixar de acreditar nos outros. Acho que todos nós, ou quase todos, temos algum discernimento e sabemos que não é por alguém comer um crime que toda a gente é criminosa. É por muita gente pensar assim que, por exemplo, quando vimos alguém na rua a vir ao nosso encontro, tentamos afastar-nos porque pensamos que nos vão fazer mal, e se calhar só nos queriam perguntar as horas. Este exemplo não acontece só com a nova geração.
Os “meninos que não estão disponíveis para amar; sonham ser famosos, adorados e aplaudidos” como Inês Pedrosa afirma, não são bem assim. Esses meninos são um estereótipo, ou será que na geração antes de nós não havia “meninos” desses? É normal haver crianças que querem ser famosas. Por exemplo, conheço uma menina que adora cantar e que, provavelmente, não se importava de ser cantora, no entanto, não é solitária e indisponível para mimos. Os jovens não estão indisponíveis para amar, as pessoas que acham que eles são assim, é porque nem se dão ao trabalho de tentar pensar que o problema não está neles.
Concluindo, tenho a dizer que a geração onde me encontro, descrita como a geração que não tem “nenhuma expectativa imaterial”, é uma geração que, tal como outras, tem vários tipos de pessoas. Nem todos somos apavorados pelos sentimentos, nem fugimos ao calor do abraço querendo as palmas da multidão. Somos todos diferentes e não gostamos que nos olhem de forma igual.
Saber muito da vida, para esta nova geração que sabe tudo o que há para saber sobre sexo, drogas, pedofilia e corrupção, é não acreditar nos outros. Não ter nenhuma expectativa imaterial: o sonho do encontro com a alma gémea foi substituído pelo sonho da aparição televisiva. Estes meninos não estão disponíveis para amar; sonham ser famosos, adorados e aplaudidos. O resto é conversa. Por SMS. (…) Tamborilam o amor ao de leve nas teclas dos telemóveis e dos computadores, pianos sem som nem alma nem cordas. Criámos uma geração apavorada com os sentimentos, os compromissos, a decepção e o sofrimento. Uma geração de vitoriosos solitários, que foge do calor do abraço e procura as palmas da multidão.
Inês Pedrosa, Única, 13 de Março de 2010
Esta nova geração é, sem dúvida, a geração da tecnologia e da informação de fácil acesso. As crianças de hoje em dia sabem muito do mundo em que vivem e, consequentemente, das coisas más que nele se passam, através dos meios de comunicação.
No entanto, acho que não é correcto dizer que por se ter acesso a todas estas informações se vai deixar de acreditar nos outros. Acho que todos nós, ou quase todos, temos algum discernimento e sabemos que não é por alguém comer um crime que toda a gente é criminosa. É por muita gente pensar assim que, por exemplo, quando vimos alguém na rua a vir ao nosso encontro, tentamos afastar-nos porque pensamos que nos vão fazer mal, e se calhar só nos queriam perguntar as horas. Este exemplo não acontece só com a nova geração.
Os “meninos que não estão disponíveis para amar; sonham ser famosos, adorados e aplaudidos” como Inês Pedrosa afirma, não são bem assim. Esses meninos são um estereótipo, ou será que na geração antes de nós não havia “meninos” desses? É normal haver crianças que querem ser famosas. Por exemplo, conheço uma menina que adora cantar e que, provavelmente, não se importava de ser cantora, no entanto, não é solitária e indisponível para mimos. Os jovens não estão indisponíveis para amar, as pessoas que acham que eles são assim, é porque nem se dão ao trabalho de tentar pensar que o problema não está neles.
Concluindo, tenho a dizer que a geração onde me encontro, descrita como a geração que não tem “nenhuma expectativa imaterial”, é uma geração que, tal como outras, tem vários tipos de pessoas. Nem todos somos apavorados pelos sentimentos, nem fugimos ao calor do abraço querendo as palmas da multidão. Somos todos diferentes e não gostamos que nos olhem de forma igual.
Por Andreia Leal
A emoção, os sentimentos, as paixões ou o humor, fazem parte dos afectos que são reacções que nos ligam aos outros e às coisas que estão à nossa volta. Chega a ser ridículo pensar que numa sociedade possa existir uma grande percentagem de jovens que sobrepõe as novas tecnologias, como os telemóveis ou os computadores, ao “calor de um abraço”.
Com o avanço das novas tecnologias, os jovens vão ficando agarrados a uma teia de redes sociais, trocando mensagens a toda a hora e tendo conversas a partir das inovações. Em comparação com anos passados, não deixa de ser verdade que actualmente se passa mais tempo nisso do que com as pessoas que nos são importantes, mas isso só é assim porque é aconchegante quando, num dia, conseguimos estar com as pessoas que são essenciais para a nossa vida e passar as restantes horas do dia a trocar SMS com as mesmas. E isto porque não podemos passar as 24 horas do dia com elas visto que temos muitas mais coisas a ocuparem o nosso dia! Isto não quer dizer que não as passaríamos, se pudéssemos!
Chega a ser absurdo falar dos jovens como um todo, no que toca ao assunto dos afectos e das ligações criadas com os outros, porque cada um é como cada qual. Não existem dois jovens iguais, como tal, cada um pensa da sua maneira e cada um dá valor às coisas que para si são realmente importantes e fazem sentido! Assim sendo, eu posso preferir mil vezes estar com o meu melhor amigo e dizer-lhe através do olhar o que sinto por ele, mas isso pode não ser assim para outra jovem qualquer.
Portanto, não acho bem que generalizem toda esta questão e falem de nós como seres insensíveis e dependentes das novas tecnologias.
A emoção, os sentimentos, as paixões ou o humor, fazem parte dos afectos que são reacções que nos ligam aos outros e às coisas que estão à nossa volta. Chega a ser ridículo pensar que numa sociedade possa existir uma grande percentagem de jovens que sobrepõe as novas tecnologias, como os telemóveis ou os computadores, ao “calor de um abraço”.
Com o avanço das novas tecnologias, os jovens vão ficando agarrados a uma teia de redes sociais, trocando mensagens a toda a hora e tendo conversas a partir das inovações. Em comparação com anos passados, não deixa de ser verdade que actualmente se passa mais tempo nisso do que com as pessoas que nos são importantes, mas isso só é assim porque é aconchegante quando, num dia, conseguimos estar com as pessoas que são essenciais para a nossa vida e passar as restantes horas do dia a trocar SMS com as mesmas. E isto porque não podemos passar as 24 horas do dia com elas visto que temos muitas mais coisas a ocuparem o nosso dia! Isto não quer dizer que não as passaríamos, se pudéssemos!
Chega a ser absurdo falar dos jovens como um todo, no que toca ao assunto dos afectos e das ligações criadas com os outros, porque cada um é como cada qual. Não existem dois jovens iguais, como tal, cada um pensa da sua maneira e cada um dá valor às coisas que para si são realmente importantes e fazem sentido! Assim sendo, eu posso preferir mil vezes estar com o meu melhor amigo e dizer-lhe através do olhar o que sinto por ele, mas isso pode não ser assim para outra jovem qualquer.
Portanto, não acho bem que generalizem toda esta questão e falem de nós como seres insensíveis e dependentes das novas tecnologias.
Por Inês Godinho
Já lá vão os tempos das cartas românticas, das serenatas ao luar e do namoro à janela. Hoje em dia tudo se resume a parcas palavras desprovidas de qualquer tipo de sentimento ou emoção.
Sentimento? Emoção? Na época em que vivemos, essas palavras ficam escondidas nos confins de um baú dando lugar a escassos “goxto mto de ti” ou “ex mto expexial” “tamborilados ao de leve nas teclas dos telemóveis e computadores” evidenciando uma falsa proximidade que impede a fluência dos verdadeiros sentimentos.
Temos como exemplo a quantidade infinita de mensagens enviadas que acabam por deteriorar as relações afectivas levando a um cansativo distanciamento físico e à perda da “magia do amor” fazendo com que este não passe de uma mera e casual troca de palavras.
Mas também para quê encontrar o amor verdadeiro? Para quê escrever cartas românticas quando a verdadeira felicidade se encontra nos palcos, nas luzes, no ecrã e nas passadeiras vermelhas? Para quê ser uma Julieta encerrada num palácio à espera de um Romeu quando se pode ser uma Madona que é conhecida mundialmente?
A fama tornou-se um motor que rege a mente dos jovens através dos sensacionalismos encarnados pelas personagens que aparecem diariamente nos seus televisores.
Temos o exemplo das personagens das telenovelas que todas as noites nos enchem o televisor e que, com o seu modo de falar, vestir, interagir, definem padrões que acabam por condicionar o modo de pensar e de agir dos jovens que vêem nestes actores um exemplo a seguir.
É esta busca incessante por um lugar no mundo dos famosos que molda esta nova geração que vê na fama o único e possível caminho para a felicidade trocando o estrelato pelas relações afectivas, as cartas pelas sms e o computador pelas relações interpessoais.
Já lá vão os tempos das cartas românticas, das serenatas ao luar e do namoro à janela. Hoje em dia tudo se resume a parcas palavras desprovidas de qualquer tipo de sentimento ou emoção.
Sentimento? Emoção? Na época em que vivemos, essas palavras ficam escondidas nos confins de um baú dando lugar a escassos “goxto mto de ti” ou “ex mto expexial” “tamborilados ao de leve nas teclas dos telemóveis e computadores” evidenciando uma falsa proximidade que impede a fluência dos verdadeiros sentimentos.
Temos como exemplo a quantidade infinita de mensagens enviadas que acabam por deteriorar as relações afectivas levando a um cansativo distanciamento físico e à perda da “magia do amor” fazendo com que este não passe de uma mera e casual troca de palavras.
Mas também para quê encontrar o amor verdadeiro? Para quê escrever cartas românticas quando a verdadeira felicidade se encontra nos palcos, nas luzes, no ecrã e nas passadeiras vermelhas? Para quê ser uma Julieta encerrada num palácio à espera de um Romeu quando se pode ser uma Madona que é conhecida mundialmente?
A fama tornou-se um motor que rege a mente dos jovens através dos sensacionalismos encarnados pelas personagens que aparecem diariamente nos seus televisores.
Temos o exemplo das personagens das telenovelas que todas as noites nos enchem o televisor e que, com o seu modo de falar, vestir, interagir, definem padrões que acabam por condicionar o modo de pensar e de agir dos jovens que vêem nestes actores um exemplo a seguir.
É esta busca incessante por um lugar no mundo dos famosos que molda esta nova geração que vê na fama o único e possível caminho para a felicidade trocando o estrelato pelas relações afectivas, as cartas pelas sms e o computador pelas relações interpessoais.
Por Andreia Dias
Vivemos tempos únicos, na história da humanidade, onde assistimos a mudanças vertiginosas no decorrer de uma vida. De facto, o aparecimento das novas tecnologias teve um forte impacto na sociedade, alterando o comportamento das pessoas, principalmente a nível social.
Actualmente, os adolescentes preferem manter as suas relações sociais por detrás de um computador ou de um telemóvel, substituindo até as mais belas cartas de amor e os olhares intensos que transmitem todo o sentimento das palavras proferidas pela facilidade de pressionar umas quantas teclas. Deu-se assim início a uma nova geração de amizades virtuais, onde as palavras são banalizadas e os gestos de carinho, como um simples e reconfortante abraço, são cada vez menos frequentes. Exemplo disso, são as SMS’S que mantêm uma falsa aproximação com um simples “Amo-te”, que acaba por não ser comprovado pelo olhar, perdendo-se a sua intensidade ao guardá-lo numa caixa de entrada, junto de outras centenas de SMS’s, em vez do lugar mais profundo do nosso coração.
Mas “Amo-te” será uma palavra que consta no dicionário desta nova geração? Para que lhes serve o amor, se conseguem encontrar o calor que necessitam na fama, junto das “grandes estrelas”?
Hoje em dia, o estrelato é o sonho da maioria dos adolescentes onde estes acreditam que encontrarão a mais pura e verdadeira felicidade. Exemplo disso é que antigamente um pedreiro incentivava o seu filho a ter a mesma profissão enquanto que, hoje em dia, os seus filhos são incutidos a procurarem incessantemente um emprego que lhes dê, acima de tudo, reconhecimento e dinheiro.
Assim, o sonho da conquista da fama, onde hoje em dia se acredita ser possível encontrar toda a felicidade, a par das novas tecnologias, veio a deteriorar as autênticas relações sociais, perdendo-se entre as SMS’s e a internet a verdadeira magia do amor.
Vivemos tempos únicos, na história da humanidade, onde assistimos a mudanças vertiginosas no decorrer de uma vida. De facto, o aparecimento das novas tecnologias teve um forte impacto na sociedade, alterando o comportamento das pessoas, principalmente a nível social.
Actualmente, os adolescentes preferem manter as suas relações sociais por detrás de um computador ou de um telemóvel, substituindo até as mais belas cartas de amor e os olhares intensos que transmitem todo o sentimento das palavras proferidas pela facilidade de pressionar umas quantas teclas. Deu-se assim início a uma nova geração de amizades virtuais, onde as palavras são banalizadas e os gestos de carinho, como um simples e reconfortante abraço, são cada vez menos frequentes. Exemplo disso, são as SMS’S que mantêm uma falsa aproximação com um simples “Amo-te”, que acaba por não ser comprovado pelo olhar, perdendo-se a sua intensidade ao guardá-lo numa caixa de entrada, junto de outras centenas de SMS’s, em vez do lugar mais profundo do nosso coração.
Mas “Amo-te” será uma palavra que consta no dicionário desta nova geração? Para que lhes serve o amor, se conseguem encontrar o calor que necessitam na fama, junto das “grandes estrelas”?
Hoje em dia, o estrelato é o sonho da maioria dos adolescentes onde estes acreditam que encontrarão a mais pura e verdadeira felicidade. Exemplo disso é que antigamente um pedreiro incentivava o seu filho a ter a mesma profissão enquanto que, hoje em dia, os seus filhos são incutidos a procurarem incessantemente um emprego que lhes dê, acima de tudo, reconhecimento e dinheiro.
Assim, o sonho da conquista da fama, onde hoje em dia se acredita ser possível encontrar toda a felicidade, a par das novas tecnologias, veio a deteriorar as autênticas relações sociais, perdendo-se entre as SMS’s e a internet a verdadeira magia do amor.
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Sugestões de leitura - "A ilha", Victoria Hislop
Por Daniel Gomes
Sinopse:
Alexis Fielding sentia-se intrigada sobre o passado da sua mãe, Sofia. Sabia que tinha sido criada numa aldeia de Creta. Por isso, decidiu fazer uma viagem até às ilhas gregas para saber mais acerca do seu passado familiar. Foi uma amiga de infância da mãe, Fotini, que lhe deu a conhecer a história que Sofia escondera toda a vida: uma família que sofrera uma tragédia e enfrentara a guerra e a paixão. Ao descobrir o passado, Alexis consegue enfrentar e resolver os seus problemas pessoais, amorosos, do presente.
Apreciação crítica do leitor:
Foi interessante ler esta obra porque o tema baseia-se num acontecimento verídico do início do século: a lepra, os leprosos e o sofrimento inevitável de uma vida solitária, longe da família e amigos.
Esta obra cruza a vida de duas famílias. A que vive no início do século XXI teve antepassados, no início do século XX, que viveram um conflito social e passional que acabou, irremediavelmente, por reflectir-se em alguns descendentes.
O que é agora um espaço de visita turística obrigatória foi, outrora, um lugar de desespero, infelicidade, solidão.
A escrita pormenorizada e envolvente de Victoria Hislop apresentou com realismo o sofrimento das personagens, mas também os momentos de alegria, de fé e esperança, próprias do ser humano, que ela demonstrou conhecer tão bem.
Esta obra fez-me reflectir sobre algo que está distante e esquecido por nós, a lepra, mas que continua a ser uma realidade em alguns países, sobretudo na Índia. Apesar de custar somente vinte e cinco euros a cura de um leproso em fase inicial, a verdade é que a pobreza excessiva faz com que milhares de pessoas, todos os anos, sejam afectados por esta doença. A falta de informação, em pleno século XXI, e o medo de rejeição contribui para que muitas pessoas tenham graves lesões em todo o corpo, sobretudo a nível dos nervos, da pele e outras deformações corporais.
Sinopse:
Alexis Fielding sentia-se intrigada sobre o passado da sua mãe, Sofia. Sabia que tinha sido criada numa aldeia de Creta. Por isso, decidiu fazer uma viagem até às ilhas gregas para saber mais acerca do seu passado familiar. Foi uma amiga de infância da mãe, Fotini, que lhe deu a conhecer a história que Sofia escondera toda a vida: uma família que sofrera uma tragédia e enfrentara a guerra e a paixão. Ao descobrir o passado, Alexis consegue enfrentar e resolver os seus problemas pessoais, amorosos, do presente.
Apreciação crítica do leitor:
Foi interessante ler esta obra porque o tema baseia-se num acontecimento verídico do início do século: a lepra, os leprosos e o sofrimento inevitável de uma vida solitária, longe da família e amigos.
Esta obra cruza a vida de duas famílias. A que vive no início do século XXI teve antepassados, no início do século XX, que viveram um conflito social e passional que acabou, irremediavelmente, por reflectir-se em alguns descendentes.
O que é agora um espaço de visita turística obrigatória foi, outrora, um lugar de desespero, infelicidade, solidão.
A escrita pormenorizada e envolvente de Victoria Hislop apresentou com realismo o sofrimento das personagens, mas também os momentos de alegria, de fé e esperança, próprias do ser humano, que ela demonstrou conhecer tão bem.
Esta obra fez-me reflectir sobre algo que está distante e esquecido por nós, a lepra, mas que continua a ser uma realidade em alguns países, sobretudo na Índia. Apesar de custar somente vinte e cinco euros a cura de um leproso em fase inicial, a verdade é que a pobreza excessiva faz com que milhares de pessoas, todos os anos, sejam afectados por esta doença. A falta de informação, em pleno século XXI, e o medo de rejeição contribui para que muitas pessoas tenham graves lesões em todo o corpo, sobretudo a nível dos nervos, da pele e outras deformações corporais.
Sugestões de leitura - "O sétimo selo", José Rodrigues dos Santos
Por André Mourato
Sinopse:
Tomás Noronha, um historiador português, é contratado pela Interpol para ajudar a decifrar um código (o número 666) deixado junto ao corpo de dois cientistas que haviam sido assassinados, um na Antárctida e o outro em Espanha.
A investigação leva Tomás a perceber que estes cientistas trabalhavam, juntamente com mais dois elementos, num projecto que visava a utilização de uma nova fonte energética a nível mundial, uma vez que as que são actualmente exploradas poderão gerar brevemente o fim do mundo devido aos impactes ambientais.
No entanto, o interesse económico que se gera à volta do petróleo levou à perseguição destes homens, pelo que os dois que escaparam estão em grande perigo.
É então que uma armadilha preparada por eles desmascara um grupo de mafiosos que se fizera passar pela Interpol para os alcançar, permitindo assim a divulgação da sua descoberta: o hidrogénio como fonte de energia alternativa.
Também ao longo da história, a mãe de Tomás vai apresentando problemas de memória e incapacidade de cuidar de si sozinha, pelo que Tomás se vê obrigado a colocá-la num lar.
Apreciação crítica do leitor
Registo de duas citações marcantes:
“Basta baixarmos cinco miseráveis graus para o planeta ficar congelado. Agora imagina o que acontecerá se, pelo contrário, subirmos cinco graus…”
“Nós caminhamos alegremente para a catástrofe, aceleramos na auto-estrada do suicídio e nem sequer nos apercebemos disso.”
Recomendaria esta obra porque retrata problemas que dizem respeito a toda a humanidade. São apresentados dados científicos relevantes e as situações da escassez do petróleo e do aquecimento global são muito bem explicadas, pelo que mesmo quem não está a par de tais assuntos consegue perceber como funcionam. A isto ainda se junta uma referência aos problemas relacionados com a terceira idade, baseados nos episódios entre Tomás e a mãe.
É ainda uma obra com uma linguagem perceptível e onde há bastantes descrições, o que permite ao leitor ter uma ideia pormenorizada dos elementos.
Esta obra fez-me reflectir sobre as alterações que o Homem tem vindo a provocar no nosso planeta. É verdade que as fontes energéticas são quase indispensáveis ao modo de vida que levamos, mas os compostos que utilizamos são bastante prejudiciais ao ambiente. O aquecimento global poderá gerar vários acontecimentos catastróficos a nível mundial e a situação pode tornar-se bastante grave. Com isto, e tendo em conta que as reservas de petróleo estão a escassear, parece-me ser uma boa oportunidade para apostar em energias alternativas mais ecológicas.
Por outro lado, este livro chamou-me a atenção ainda para os interesses económicos que se encontram por detrás desta questão energética, pelo que me apercebi que muitas das organizações ligadas a este ramo não se preocupam minimamente com o futuro, manifestando o hábito de deixar sempre as resoluções para as gerações seguintes.
Por último, percebi que apesar de a esperança média de vida ter vindo a aumentar, a própria idade leva-nos a perder certas faculdades pelo que o apoio familiar se torna essencial.
Sinopse:
Tomás Noronha, um historiador português, é contratado pela Interpol para ajudar a decifrar um código (o número 666) deixado junto ao corpo de dois cientistas que haviam sido assassinados, um na Antárctida e o outro em Espanha.
A investigação leva Tomás a perceber que estes cientistas trabalhavam, juntamente com mais dois elementos, num projecto que visava a utilização de uma nova fonte energética a nível mundial, uma vez que as que são actualmente exploradas poderão gerar brevemente o fim do mundo devido aos impactes ambientais.
No entanto, o interesse económico que se gera à volta do petróleo levou à perseguição destes homens, pelo que os dois que escaparam estão em grande perigo.
É então que uma armadilha preparada por eles desmascara um grupo de mafiosos que se fizera passar pela Interpol para os alcançar, permitindo assim a divulgação da sua descoberta: o hidrogénio como fonte de energia alternativa.
Também ao longo da história, a mãe de Tomás vai apresentando problemas de memória e incapacidade de cuidar de si sozinha, pelo que Tomás se vê obrigado a colocá-la num lar.
Apreciação crítica do leitor
Registo de duas citações marcantes:
“Basta baixarmos cinco miseráveis graus para o planeta ficar congelado. Agora imagina o que acontecerá se, pelo contrário, subirmos cinco graus…”
“Nós caminhamos alegremente para a catástrofe, aceleramos na auto-estrada do suicídio e nem sequer nos apercebemos disso.”
Recomendaria esta obra porque retrata problemas que dizem respeito a toda a humanidade. São apresentados dados científicos relevantes e as situações da escassez do petróleo e do aquecimento global são muito bem explicadas, pelo que mesmo quem não está a par de tais assuntos consegue perceber como funcionam. A isto ainda se junta uma referência aos problemas relacionados com a terceira idade, baseados nos episódios entre Tomás e a mãe.
É ainda uma obra com uma linguagem perceptível e onde há bastantes descrições, o que permite ao leitor ter uma ideia pormenorizada dos elementos.
Esta obra fez-me reflectir sobre as alterações que o Homem tem vindo a provocar no nosso planeta. É verdade que as fontes energéticas são quase indispensáveis ao modo de vida que levamos, mas os compostos que utilizamos são bastante prejudiciais ao ambiente. O aquecimento global poderá gerar vários acontecimentos catastróficos a nível mundial e a situação pode tornar-se bastante grave. Com isto, e tendo em conta que as reservas de petróleo estão a escassear, parece-me ser uma boa oportunidade para apostar em energias alternativas mais ecológicas.
Por outro lado, este livro chamou-me a atenção ainda para os interesses económicos que se encontram por detrás desta questão energética, pelo que me apercebi que muitas das organizações ligadas a este ramo não se preocupam minimamente com o futuro, manifestando o hábito de deixar sempre as resoluções para as gerações seguintes.
Por último, percebi que apesar de a esperança média de vida ter vindo a aumentar, a própria idade leva-nos a perder certas faculdades pelo que o apoio familiar se torna essencial.
Por Inês Godinho
Sinopse:
Estamos no século XVIII, Mary Broad era uma rapariga de aparência simples, cabelos escuros e encaracolados e olhos cinzentos que não se contentava com a vida pacata e caseira da sua aldeia, na Cornualha. É então a vontade de conhecer o mundo e viver aventuras que a levam a deixar a sua terra natal e a sua família em busca de uma vida mais emocionante. Acaba por ir para Plymouth que revelou não ser paraíso que ela idealizava e, por inocência e desconhecimento, confiou nas pessoas erradas e vê-se envolvida num roubo cuja punição era a forca. Mas, quando Mary estava resignada à sua curta existência, surge a possibilidade de ser deportada para uma colónia de condenados na Austrália. No entanto, todas as esperanças que teve ao saber que iria viver morreram ao entrar no navio-prisão de nome Dunkirk. Inicia uma viagem com condições que põe em causa a dignidade humana, rodeada por ratazanas e envolta em cheiros nauseabundos. O instinto de sobrevivência de Mary começa a apurar-se e, apesar do seu comportamento exemplar, não hesita em fazer de tudo para obter privilégios nomeadamente envolver-se com um tenente de onde resultou a sua filha Charlotte, ainda a bordo do navio. Apesar de grandes intempéries, doenças e mortes ocorridas durante a viagem, todos ficam com esperanças renovadas ao chegar ao local onde vão desembarcar. Disposta a sobreviver porque acha que na nova terra vai conseguir tudo o que sonhou, Mary encontra protecção em Will com quem irá casar e de onde resultará o nascimento de Emmanuel. Depois de muitos meses de luta pela subsistência e, com dois filhos para criar, Mary, com a sua intuição e inteligência, planeia e executa a maior fuga por mares nunca navegados em busca de condições de vida e da liberdade há tanto aguardada. Depois de tantos esforços e sacrifícios, será que Mary consegue a tão esperada liberdade? Será Will o príncipe encantado tão merecido? Um livro repleto de emoções fortes que nos faz meditar sobre os limites da condição humana e nos coloca perante uma dúvida constante: até onde iríamos por amor à vida e por aqueles que nos fazem realmente viver?
Depois de terminar a leitura desta obra, não tenho a mínima dúvida de que valeu totalmente a pena gastar algumas horas do meu tempo a lê-la. Baseada numa história verídica, a vida de Mary Broad surge como um exemplo de coragem e determinação que fazem da protagonista uma heroína mundial.
O facto de ter uma escrita simples e fluente faz com que tenhamos vontade de ler e ler até sabermos como tudo vai acabar e se todos os esforços de Mary foram recompensados e, quando damos por nós, estamos a viajar no navio-prisão juntamente com Mary e os seus companheiros vivenciando todo o seu desespero e as condições subhumanas com que se depararam.
Opinião crítica
Achei o livro particularmente comovente pois toca-nos, sobretudo enquanto mulheres, uma vez que Mary era uma mulher aparentemente igual a tantas outras mas com uma audácia e bravura exemplares, nunca deixando de lutar mesmo quando tudo parecia estar perdido, tornando a sua história na maior lição de vida de todos os tempos.
Esta obra fez-me reflectir...
Nesta obra, Lesley Pearse coloca-nos em constante reflexão: Como é que esta mulher enfrentou tantas adversidades? Onde é que foi buscar tanta força para as ultrapassar? Até onde iríamos por amor?
São dúvidas como estas que nos surgem ao longo de toda a narrativa na qual Mary Broad, com a sua coragem e determinação, nos põe a pensar sobre os limites da condição humana e sobre o nosso instinto de sobrevivência e protecção.
As personagens Mary e os prisioneiros acabam também por retratar as qualidades e os defeitos da raça humana: por um lado, a indiferença e a violência e, por outro, a bondade, a entreajuda, a compreensão, o companheirismo e o verdadeiro espírito de amizade.
A obra revela também uma sociedade de aparências, típica dos séculos XVII e XVIII, onde a forca e as violações faziam parte do quotidiano e as condições de salubridade eram uma farsa nas prisões sobrelotadas.
Num tom muito realista, a autora dá-nos uma visão real sobre as condições de vida miseráveis dos prisioneiros da época, explorando a forma desumana com que foram tratados.
E, principalmente, o livro retrata a vida de uma mulher corajosa, lutadora, inteligente, determinada, que, com o seu desejo de liberdade, consegue percorrer o mundo, navegar por mares desconhecidos, e, acima de tudo, lutar com todas as suas forças para defender aquilo que ama.
Mary Broad mostra a força das mulheres numa época de submissão feminina conquistando assim o coração de toda a Inglaterra daquela época e mostrando que os sonhos são o ponto de partida para alcançarmos os nossos objectivos.
Sinopse:
Estamos no século XVIII, Mary Broad era uma rapariga de aparência simples, cabelos escuros e encaracolados e olhos cinzentos que não se contentava com a vida pacata e caseira da sua aldeia, na Cornualha. É então a vontade de conhecer o mundo e viver aventuras que a levam a deixar a sua terra natal e a sua família em busca de uma vida mais emocionante. Acaba por ir para Plymouth que revelou não ser paraíso que ela idealizava e, por inocência e desconhecimento, confiou nas pessoas erradas e vê-se envolvida num roubo cuja punição era a forca. Mas, quando Mary estava resignada à sua curta existência, surge a possibilidade de ser deportada para uma colónia de condenados na Austrália. No entanto, todas as esperanças que teve ao saber que iria viver morreram ao entrar no navio-prisão de nome Dunkirk. Inicia uma viagem com condições que põe em causa a dignidade humana, rodeada por ratazanas e envolta em cheiros nauseabundos. O instinto de sobrevivência de Mary começa a apurar-se e, apesar do seu comportamento exemplar, não hesita em fazer de tudo para obter privilégios nomeadamente envolver-se com um tenente de onde resultou a sua filha Charlotte, ainda a bordo do navio. Apesar de grandes intempéries, doenças e mortes ocorridas durante a viagem, todos ficam com esperanças renovadas ao chegar ao local onde vão desembarcar. Disposta a sobreviver porque acha que na nova terra vai conseguir tudo o que sonhou, Mary encontra protecção em Will com quem irá casar e de onde resultará o nascimento de Emmanuel. Depois de muitos meses de luta pela subsistência e, com dois filhos para criar, Mary, com a sua intuição e inteligência, planeia e executa a maior fuga por mares nunca navegados em busca de condições de vida e da liberdade há tanto aguardada. Depois de tantos esforços e sacrifícios, será que Mary consegue a tão esperada liberdade? Será Will o príncipe encantado tão merecido? Um livro repleto de emoções fortes que nos faz meditar sobre os limites da condição humana e nos coloca perante uma dúvida constante: até onde iríamos por amor à vida e por aqueles que nos fazem realmente viver?
Depois de terminar a leitura desta obra, não tenho a mínima dúvida de que valeu totalmente a pena gastar algumas horas do meu tempo a lê-la. Baseada numa história verídica, a vida de Mary Broad surge como um exemplo de coragem e determinação que fazem da protagonista uma heroína mundial.
O facto de ter uma escrita simples e fluente faz com que tenhamos vontade de ler e ler até sabermos como tudo vai acabar e se todos os esforços de Mary foram recompensados e, quando damos por nós, estamos a viajar no navio-prisão juntamente com Mary e os seus companheiros vivenciando todo o seu desespero e as condições subhumanas com que se depararam.
Opinião crítica
Achei o livro particularmente comovente pois toca-nos, sobretudo enquanto mulheres, uma vez que Mary era uma mulher aparentemente igual a tantas outras mas com uma audácia e bravura exemplares, nunca deixando de lutar mesmo quando tudo parecia estar perdido, tornando a sua história na maior lição de vida de todos os tempos.
Esta obra fez-me reflectir...
Nesta obra, Lesley Pearse coloca-nos em constante reflexão: Como é que esta mulher enfrentou tantas adversidades? Onde é que foi buscar tanta força para as ultrapassar? Até onde iríamos por amor?
São dúvidas como estas que nos surgem ao longo de toda a narrativa na qual Mary Broad, com a sua coragem e determinação, nos põe a pensar sobre os limites da condição humana e sobre o nosso instinto de sobrevivência e protecção.
As personagens Mary e os prisioneiros acabam também por retratar as qualidades e os defeitos da raça humana: por um lado, a indiferença e a violência e, por outro, a bondade, a entreajuda, a compreensão, o companheirismo e o verdadeiro espírito de amizade.
A obra revela também uma sociedade de aparências, típica dos séculos XVII e XVIII, onde a forca e as violações faziam parte do quotidiano e as condições de salubridade eram uma farsa nas prisões sobrelotadas.
Num tom muito realista, a autora dá-nos uma visão real sobre as condições de vida miseráveis dos prisioneiros da época, explorando a forma desumana com que foram tratados.
E, principalmente, o livro retrata a vida de uma mulher corajosa, lutadora, inteligente, determinada, que, com o seu desejo de liberdade, consegue percorrer o mundo, navegar por mares desconhecidos, e, acima de tudo, lutar com todas as suas forças para defender aquilo que ama.
Mary Broad mostra a força das mulheres numa época de submissão feminina conquistando assim o coração de toda a Inglaterra daquela época e mostrando que os sonhos são o ponto de partida para alcançarmos os nossos objectivos.
Sugestões de leitura - "Nunca me esqueças" de Lesley Pearse
Por Mariana Pombinho
Sinopse:
Quando roubou o chapéu, Mary não imaginava que a sua vida iria mudar da maneira como mudou. A jovem foi apanhada e condenada à forca. Como alternativa, tinha de ir viver para o outro lado do mundo, para uma colónia de prisioneiros. E é nesta colónia que Mary vai deparar-se com uma luta diária pela sua sobrevivência e pela do que os rodeiam. No meio da sua luta, Mary apaixona-se e trava outra batalha pela conquista dos seus sonhos.
Assim, esta personagem criada por Lesley Pearse e inspirada numa história verídica, vai enfrentar com coragem os piores horrores, tornando-se esta história numa das mais fascinantes do romance inglês.
Opinião sobre a obra:
Gostei desta obra porque, apesar de relatar acontecimentos muito tristes e infelizes, retrata episódios marcantes da vida de uma mulher do século XVIII e que, apenas por roubar um chapéu, correu o risco de ser enforcada e foi levada para uma colónia onde viveu durante muito tempo sem comida suficiente que mantivesse os seus filhos saudáveis. Esta realidade mostra o desespero de uma mãe que lida com a morte dos dois filhos e que luta pela sua própria sobrevivência, o que nos faz reflectir sobre a importância das coisas fundamentais na nossa vida.
Assim, recomendo este livro a todos os que gostam de histórias verdadeiras e envolventes. Esta retrata o destino cruel de uma jovem que só queria conhecer outra paisagem.
Sinopse:
Quando roubou o chapéu, Mary não imaginava que a sua vida iria mudar da maneira como mudou. A jovem foi apanhada e condenada à forca. Como alternativa, tinha de ir viver para o outro lado do mundo, para uma colónia de prisioneiros. E é nesta colónia que Mary vai deparar-se com uma luta diária pela sua sobrevivência e pela do que os rodeiam. No meio da sua luta, Mary apaixona-se e trava outra batalha pela conquista dos seus sonhos.
Assim, esta personagem criada por Lesley Pearse e inspirada numa história verídica, vai enfrentar com coragem os piores horrores, tornando-se esta história numa das mais fascinantes do romance inglês.
Opinião sobre a obra:
Gostei desta obra porque, apesar de relatar acontecimentos muito tristes e infelizes, retrata episódios marcantes da vida de uma mulher do século XVIII e que, apenas por roubar um chapéu, correu o risco de ser enforcada e foi levada para uma colónia onde viveu durante muito tempo sem comida suficiente que mantivesse os seus filhos saudáveis. Esta realidade mostra o desespero de uma mãe que lida com a morte dos dois filhos e que luta pela sua própria sobrevivência, o que nos faz reflectir sobre a importância das coisas fundamentais na nossa vida.
Assim, recomendo este livro a todos os que gostam de histórias verdadeiras e envolventes. Esta retrata o destino cruel de uma jovem que só queria conhecer outra paisagem.
Reflexões - "Memorial do Convento"
Por Inês Sousa
A palavra certa para descrever a relação entre Baltasar e Blimunda seria “genuína”; ao contrário do que existe na corte, onde a falsidade e a superficialidade ofuscam qualquer sentimento puro, o amor entre Baltasar e Blimunda é verdadeiro e nunca refreado. Cúmplices desde o primeiro dia e fiéis até ao último, não deixaram que os aspectos exteriores os influenciassem: “casaram-se” a eles próprios, viveram uma sexualidade aberta e confiaram plenamente um no outro, não chegando Blimunda a “vê-lo por dentro” a não ser na hora da morte. Aliada à Passarola, esta relação simboliza a liberdade e a verdadeira realização pessoal, tão raras naquela época e tão importantes desde sempre.
A palavra certa para descrever a relação entre Baltasar e Blimunda seria “genuína”; ao contrário do que existe na corte, onde a falsidade e a superficialidade ofuscam qualquer sentimento puro, o amor entre Baltasar e Blimunda é verdadeiro e nunca refreado. Cúmplices desde o primeiro dia e fiéis até ao último, não deixaram que os aspectos exteriores os influenciassem: “casaram-se” a eles próprios, viveram uma sexualidade aberta e confiaram plenamente um no outro, não chegando Blimunda a “vê-lo por dentro” a não ser na hora da morte. Aliada à Passarola, esta relação simboliza a liberdade e a verdadeira realização pessoal, tão raras naquela época e tão importantes desde sempre.
Reflexões - "Os Lusíadas"
Por Inês Sousa
"Os Lusíadas" pretendem glorificar os Portugueses pelos seus feitos heróicos. No entanto, Camões não descreve o povo Português como sendo perfeito – alguns versos contêm reflexões nas quais o poeta mostra um lado mais negativo da trama. Se a narração nos fala dum povo heróico e quase invencível, que torna a sua nação ainda mais grandiosa com a ajuda dos Deuses, as reflexões mostram-nos que, na verdade, o Homem é frágil e sujeito aos perigos, que a glória só pode ser alcançada por mérito próprio, sem qualquer ajuda, e que os Portugueses valorizam demasiado a força e desprezam a cultura - Camões sente-se injustiçado pelo pouco reconhecimento que Portugal lhe dá. Apesar disso, o poeta mostra-se esperançoso num novo triunfo português.
"Os Lusíadas" pretendem glorificar os Portugueses pelos seus feitos heróicos. No entanto, Camões não descreve o povo Português como sendo perfeito – alguns versos contêm reflexões nas quais o poeta mostra um lado mais negativo da trama. Se a narração nos fala dum povo heróico e quase invencível, que torna a sua nação ainda mais grandiosa com a ajuda dos Deuses, as reflexões mostram-nos que, na verdade, o Homem é frágil e sujeito aos perigos, que a glória só pode ser alcançada por mérito próprio, sem qualquer ajuda, e que os Portugueses valorizam demasiado a força e desprezam a cultura - Camões sente-se injustiçado pelo pouco reconhecimento que Portugal lhe dá. Apesar disso, o poeta mostra-se esperançoso num novo triunfo português.
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Reflexões - Alberto Caeiro
Por Inês Godinho (12º A)
É na incessante tentativa de descoberta do seu próprio “eu” que Fernando Pessoa acaba por ficar perdido no meio de uma identidade múltipla.
A sua sensação de hesitação e dúvida levam-no a criar personagens que exprimem percepções, conhecimentos de vida e do mundo e estados de alma por vezes distintos dos seus, representando assim a diversidade que possui interiormente.
O “eu” de Fernando Pessoa despersonaliza-se, desdobra-se e conquista a capacidade de fingir criando assim os seus heterónimos que lhe permitiram “viver quase todas as possibilidades de ser e de estar no mundo”.
A busca da felicidade, inatingível devido à constante procura do conhecimento associado ao pensamento, levou Fernando Pessoa a criar o famoso “Guardador de Rebanhos”, poeta da natureza e da simplicidade. Alberto Caeiro nasceu em 1889, em Lisboa, e morreu em 1915. Não tendo profissão nem educação, acabou por viver de pequenos rendimentos, no campo, onde aprendeu a viver de acordo com a Natureza, amando-a por ela mesma e revelando-se um poeta pagão.
Contrariamente a Fernando Pessoa que, como ser consciente, não consegue tirar partido das coisas pois racionaliza-as demasiado, Alberto Caeiro interpreta o mundo através dos sentidos uma vez que não há conhecimento implícito no que vê. Leva a cabo uma recusa do pensamento na qual apenas interessa o real e o objectivo. Sente-se, assim, parte integrante da Natureza, amando-a por si só.
A felicidade que lhe advém do facto de não pensar e que lhe permite viver despreocupadamente segundo o lema ”pensar é estar doente dos olhos” faz deste heterónimo o meu predilecto pois, hoje em dia, as pessoas têm tendência a pensar demasiado esquecendo-se que o verdadeiro sentido e significado das coisas pode ser encontrado de formas simples e não requerem mais do que uma observação.
Tal como Caeiro, também nós precisamos por vezes de afastar os pensamentos que nos possam perturbar e concentrarmo-nos em observar o mundo de forma simples para que assim consigamos alcançar a tão esperada felicidade.
É na incessante tentativa de descoberta do seu próprio “eu” que Fernando Pessoa acaba por ficar perdido no meio de uma identidade múltipla.
A sua sensação de hesitação e dúvida levam-no a criar personagens que exprimem percepções, conhecimentos de vida e do mundo e estados de alma por vezes distintos dos seus, representando assim a diversidade que possui interiormente.
O “eu” de Fernando Pessoa despersonaliza-se, desdobra-se e conquista a capacidade de fingir criando assim os seus heterónimos que lhe permitiram “viver quase todas as possibilidades de ser e de estar no mundo”.
A busca da felicidade, inatingível devido à constante procura do conhecimento associado ao pensamento, levou Fernando Pessoa a criar o famoso “Guardador de Rebanhos”, poeta da natureza e da simplicidade. Alberto Caeiro nasceu em 1889, em Lisboa, e morreu em 1915. Não tendo profissão nem educação, acabou por viver de pequenos rendimentos, no campo, onde aprendeu a viver de acordo com a Natureza, amando-a por ela mesma e revelando-se um poeta pagão.
Contrariamente a Fernando Pessoa que, como ser consciente, não consegue tirar partido das coisas pois racionaliza-as demasiado, Alberto Caeiro interpreta o mundo através dos sentidos uma vez que não há conhecimento implícito no que vê. Leva a cabo uma recusa do pensamento na qual apenas interessa o real e o objectivo. Sente-se, assim, parte integrante da Natureza, amando-a por si só.
A felicidade que lhe advém do facto de não pensar e que lhe permite viver despreocupadamente segundo o lema ”pensar é estar doente dos olhos” faz deste heterónimo o meu predilecto pois, hoje em dia, as pessoas têm tendência a pensar demasiado esquecendo-se que o verdadeiro sentido e significado das coisas pode ser encontrado de formas simples e não requerem mais do que uma observação.
Tal como Caeiro, também nós precisamos por vezes de afastar os pensamentos que nos possam perturbar e concentrarmo-nos em observar o mundo de forma simples para que assim consigamos alcançar a tão esperada felicidade.
Reflexões - Fernando Pessoa
Por Inês Sousa (12º C)
Pediram-me para escolher um de entre os vários heterónimos de Fernando Pessoa. Tarefa difícil; afinal, toda a poesia de Pessoa assenta numa única base – a dor de pensar, ou melhor, como evitá-la.
Todos os poetas de Pessoa adoptaram, assim, estratégias diferentes para superar este problema com que todos nos deparamos. Caeiro, o mestre, suspende os pensamentos e substitui-os apenas por sensações, como uma criança crescida. Reis bloqueia os sentimentos para evitar ferir-se. Campos maravilha-se com a técnica e a modernidade, mas fica deprimido com a sociedade moralista que a criou. E Pessoa ortónimo sonha – sonha com a infância idílica, com diferentes “eus” dentro do “eu”, imagina os sentimentos para não ter de sentir os reais. Todos estes sonhos protegem-no da realidade dura e fria.
Penso que a magia de Pessoa está aí: todos sofremos com a dor de pensar, logo, não é difícil identificarmo-nos com os seus poemas, nos quais são criados escudos para evitar que soframos. No entanto, os escudos criados por Caeiro, Reis ou Campos são impossíveis de alcançar; se fossem reais, iriam despersonalizar-nos. Não nos é possível, enquanto humanos, não pensarmos, não nos emocionarmos, olharmos para tudo como se de crianças nos tratássemos.
Pessoa ortónimo é o único próximo da realidade humana. Diferente das protecções idealizadas dos heterónimos, a sua protecção consiste em sonhar – algo tipicamente humano. É claro que, quando acordamos do sonho, a realidade magoa-nos novamente; o próprio Pessoa se apercebe disso. Mas, pelo menos enquanto sonhamos, mantemo-nos intactos. É algo que podemos fazer e não idealizar.
Por esta razão, é Pessoa ortónimo que me atrai mais. Prefiro magoar-me, mas ser humana, do que não me magoar por ser uma estátua…
Pediram-me para escolher um de entre os vários heterónimos de Fernando Pessoa. Tarefa difícil; afinal, toda a poesia de Pessoa assenta numa única base – a dor de pensar, ou melhor, como evitá-la.
Todos os poetas de Pessoa adoptaram, assim, estratégias diferentes para superar este problema com que todos nos deparamos. Caeiro, o mestre, suspende os pensamentos e substitui-os apenas por sensações, como uma criança crescida. Reis bloqueia os sentimentos para evitar ferir-se. Campos maravilha-se com a técnica e a modernidade, mas fica deprimido com a sociedade moralista que a criou. E Pessoa ortónimo sonha – sonha com a infância idílica, com diferentes “eus” dentro do “eu”, imagina os sentimentos para não ter de sentir os reais. Todos estes sonhos protegem-no da realidade dura e fria.
Penso que a magia de Pessoa está aí: todos sofremos com a dor de pensar, logo, não é difícil identificarmo-nos com os seus poemas, nos quais são criados escudos para evitar que soframos. No entanto, os escudos criados por Caeiro, Reis ou Campos são impossíveis de alcançar; se fossem reais, iriam despersonalizar-nos. Não nos é possível, enquanto humanos, não pensarmos, não nos emocionarmos, olharmos para tudo como se de crianças nos tratássemos.
Pessoa ortónimo é o único próximo da realidade humana. Diferente das protecções idealizadas dos heterónimos, a sua protecção consiste em sonhar – algo tipicamente humano. É claro que, quando acordamos do sonho, a realidade magoa-nos novamente; o próprio Pessoa se apercebe disso. Mas, pelo menos enquanto sonhamos, mantemo-nos intactos. É algo que podemos fazer e não idealizar.
Por esta razão, é Pessoa ortónimo que me atrai mais. Prefiro magoar-me, mas ser humana, do que não me magoar por ser uma estátua…
Reflexões - Ricardo Reis
Por Filipe Cardoso (12º B)
Produzir um texto escrito sobre qual o meu heterónimo preferido é algo complicado, pois, à primeira vista, não há um heterónimo com o qual me identifique mais. Todos têm características que acho imensamente interessantes, como foi o objectivo da obra de Pessoa. Todos eles foram criados de forma a completarem-se uns aos outros perfeitamente, com características absolutamente únicas. Pessoa conseguiu transpor as suas dúvidas e problemas existenciais para o papel, numa obra fantástica, sendo difícil escolher apenas um heterónimo como “o tal”, pois eles estão todos interligados.
No entanto, o heterónimo com o qual eu mais me gostaria de identificar é aquele que eu mais respeito e o que me intriga mais (apesar de isso não acontecer com todas as suas características, apenas com algumas), e também aquele que eu compreendo pior, sendo talvez essa a razão, pensando bem, pela qual eu o escolho. Falo sobre Ricardo Reis.
Reis adquiriu de Caeiro o gosto pela Natureza e a capacidade de estar em harmonia com ela, consolidando isso perfeitamente com as doutrinas Gregas do Estoicismo e Epicurismo, de forma a encontrar a felicidade, objectivo último tanto de Fernando Pessoa ortónimo, como dos heterónimos que ele criou. No entanto, ao contrário dos outros heterónimos, Reis parece ser o que melhor consolida a busca pela felicidade (uma tarefa difícil) com a realidade em sua volta. Caeiro, o seu mestre, tenta atingi-la (e fá-lo) de forma utópica e impossível na realidade em que todos vivemos; Reis contempla a Natureza, tenta encontrar nela a felicidade, tal como o meu mestre, mas de forma muito mais realista (pelo menos no que é similar às doutrinas gregas), apesar de o Estoicismo (a filosofia que o faz evitar viver a vida muito intensamente) precisar de imenso auto-controlo (sendo também essa uma das suas características). A importância que dá ao Latim, à mitologia grega e à civilização grega no geral também é algo que me intriga muito, pois a civilização grega é, em quase todos os sentidos, a base da nossa cultura, especialmente Europeia, e tudo o que os gregos nos deram foi importantíssimo para a compreensão do mundo.
O grande problema é que Reis “exagera” na ataraxia: evita dar a mão a Lídia para evitar qualquer tipo de emoções, boas ou más, com objectivo último de evitar a dor (apesar de ser comum a todos os heterónimos de Pessoa eles terem a sua “característica pessoal” exagerada). Mesmo assim, a ideia de evitar a dor [extrema], evitando sentir emoções [extremas], para atingir um estado de espírito equilibrado, é, para mim, a melhor forma de atingir uma certa felicidade, a meu ver, pura e real, o que realmente fará Ricardo feliz, em comparação com o que Pessoa tenta fazer com Caeiro e Campos (apesar de, efectivamente, Caeiro ser feliz).
Isto torna Reis, para mim, o heterónimo mais interessante e respeitável: não pelas características factuais, como o helenismo, etc., mas pela busca da felicidade que ele estabelece.
Produzir um texto escrito sobre qual o meu heterónimo preferido é algo complicado, pois, à primeira vista, não há um heterónimo com o qual me identifique mais. Todos têm características que acho imensamente interessantes, como foi o objectivo da obra de Pessoa. Todos eles foram criados de forma a completarem-se uns aos outros perfeitamente, com características absolutamente únicas. Pessoa conseguiu transpor as suas dúvidas e problemas existenciais para o papel, numa obra fantástica, sendo difícil escolher apenas um heterónimo como “o tal”, pois eles estão todos interligados.
No entanto, o heterónimo com o qual eu mais me gostaria de identificar é aquele que eu mais respeito e o que me intriga mais (apesar de isso não acontecer com todas as suas características, apenas com algumas), e também aquele que eu compreendo pior, sendo talvez essa a razão, pensando bem, pela qual eu o escolho. Falo sobre Ricardo Reis.
Reis adquiriu de Caeiro o gosto pela Natureza e a capacidade de estar em harmonia com ela, consolidando isso perfeitamente com as doutrinas Gregas do Estoicismo e Epicurismo, de forma a encontrar a felicidade, objectivo último tanto de Fernando Pessoa ortónimo, como dos heterónimos que ele criou. No entanto, ao contrário dos outros heterónimos, Reis parece ser o que melhor consolida a busca pela felicidade (uma tarefa difícil) com a realidade em sua volta. Caeiro, o seu mestre, tenta atingi-la (e fá-lo) de forma utópica e impossível na realidade em que todos vivemos; Reis contempla a Natureza, tenta encontrar nela a felicidade, tal como o meu mestre, mas de forma muito mais realista (pelo menos no que é similar às doutrinas gregas), apesar de o Estoicismo (a filosofia que o faz evitar viver a vida muito intensamente) precisar de imenso auto-controlo (sendo também essa uma das suas características). A importância que dá ao Latim, à mitologia grega e à civilização grega no geral também é algo que me intriga muito, pois a civilização grega é, em quase todos os sentidos, a base da nossa cultura, especialmente Europeia, e tudo o que os gregos nos deram foi importantíssimo para a compreensão do mundo.
O grande problema é que Reis “exagera” na ataraxia: evita dar a mão a Lídia para evitar qualquer tipo de emoções, boas ou más, com objectivo último de evitar a dor (apesar de ser comum a todos os heterónimos de Pessoa eles terem a sua “característica pessoal” exagerada). Mesmo assim, a ideia de evitar a dor [extrema], evitando sentir emoções [extremas], para atingir um estado de espírito equilibrado, é, para mim, a melhor forma de atingir uma certa felicidade, a meu ver, pura e real, o que realmente fará Ricardo feliz, em comparação com o que Pessoa tenta fazer com Caeiro e Campos (apesar de, efectivamente, Caeiro ser feliz).
Isto torna Reis, para mim, o heterónimo mais interessante e respeitável: não pelas características factuais, como o helenismo, etc., mas pela busca da felicidade que ele estabelece.
segunda-feira, 22 de março de 2010
Por Liliana Marques (12ºC)
Poeta indisciplinado e, a meu ver, por vezes rebelde. Segue sempre os seus impulsos e as suas emoções pois, para Campos, a sensação é tudo. Deseja “sentir tudo de todas as maneiras“! Tem uma maneira muito própria de escrever: é o poeta dos versos soltos, escreve tal e qual sente e pensa e transborda as suas emoções para os seus poemas, como na “Ode Triunfal”, onde na sua perspectiva futurista transmite uma grande energia positiva, contrariamente à sua fase abúlica onde nos mostra a sua revolta e tristeza de uma maneira directa e muito esclarecedora.
Escolhi Álvaro de Campos porque é o poeta com que mais me identifico, pois, pessoalmente, dou bastante valor ao triunfo das tecnologias, onde quase tudo é possível fazer, e essa sensação faz-nos sentir confiantes e com alguma energia e motivo para viver, mas existe sempre um momento em que paramos e pensamos, pensamos nos “comos” e nos “porquês”, questionamo-nos sobre a morte, pensamos no tempo em que éramos crianças e tudo era mais fácil.
Com toda esta confusão na cabeça podemos dar em loucos e por isso procuramos sempre desviar e manipular esses pensamentos para conseguirmos manter algum controlo nas nossas vias.
Campos passa por esta fase, uma fase pessimista, onde praticamente apenas existe a morte à sua frente. Ele dá-nos a conhecer alguns dos seus pensamentos que, nalguns momentos, são bastante iguais aos meus.
Álvaro de Campos leva estes pensamentos ao exagero, talvez por ser demasiado inteligente e perceber mais do que todas as outras pessoas, o que pode ser visto como loucura, mas, na realidade, é apenas a verdade que ele quer fazer transparecer, e a verdade é que o que nos espera é a morte e ninguém lhe pode fugir.
Campos apenas nos diz aquilo em que não gostamos de pensar mas que, na verdade, não nos é indiferente.
Poeta indisciplinado e, a meu ver, por vezes rebelde. Segue sempre os seus impulsos e as suas emoções pois, para Campos, a sensação é tudo. Deseja “sentir tudo de todas as maneiras“! Tem uma maneira muito própria de escrever: é o poeta dos versos soltos, escreve tal e qual sente e pensa e transborda as suas emoções para os seus poemas, como na “Ode Triunfal”, onde na sua perspectiva futurista transmite uma grande energia positiva, contrariamente à sua fase abúlica onde nos mostra a sua revolta e tristeza de uma maneira directa e muito esclarecedora.
Escolhi Álvaro de Campos porque é o poeta com que mais me identifico, pois, pessoalmente, dou bastante valor ao triunfo das tecnologias, onde quase tudo é possível fazer, e essa sensação faz-nos sentir confiantes e com alguma energia e motivo para viver, mas existe sempre um momento em que paramos e pensamos, pensamos nos “comos” e nos “porquês”, questionamo-nos sobre a morte, pensamos no tempo em que éramos crianças e tudo era mais fácil.
Com toda esta confusão na cabeça podemos dar em loucos e por isso procuramos sempre desviar e manipular esses pensamentos para conseguirmos manter algum controlo nas nossas vias.
Campos passa por esta fase, uma fase pessimista, onde praticamente apenas existe a morte à sua frente. Ele dá-nos a conhecer alguns dos seus pensamentos que, nalguns momentos, são bastante iguais aos meus.
Álvaro de Campos leva estes pensamentos ao exagero, talvez por ser demasiado inteligente e perceber mais do que todas as outras pessoas, o que pode ser visto como loucura, mas, na realidade, é apenas a verdade que ele quer fazer transparecer, e a verdade é que o que nos espera é a morte e ninguém lhe pode fugir.
Campos apenas nos diz aquilo em que não gostamos de pensar mas que, na verdade, não nos é indiferente.
Por Tiago Pereira (12ºC)
Depois de tanto pensar… pensar… pensar… e pensar…, pensei que pensar não seria a melhor forma de me decidir quanto ao meu “ídolo” heterónimo. Então, mais uma vez, decidi pensar no que deveria pensar ou não pensar, para chegar a alguma conclusão, pensando. No meio de tantos pensamentos, e depois de pensar muito, cheguei à conclusão que… pensar custa muito, dá muito, mas muito, trabalho. Mas afinal, sobre quem cai a minha escolha? Decidi escolher Álvaro Campos, pois tanto ele, como eu, concordamos que pensar dá-nos cabo do juízo.
Sou sem dúvida um fã do sensacionismo, pois, de outro modo, para que serviriam as belas obras de Picasso se não as víssemos? Para que serviria a bela música se não a ouvíssemos? Para que serviriam as maravilhosas fragrâncias se não as pudéssemos cheirar? Para que serviriam as flores e as árvores e os montes e o sol e o luar, Caeiro? Para que serviria a vida se não a quiséssemos viver, caro Reis?
As emoções chegam sem pedir licença e alojam-se no nosso ser. São geradas em momentos e sem que as esperemos. Algumas vezes alegram-nos, outras deixam-nos perplexos com algumas situações. Mas o que seria de nós sem elas? Pessoas sem vida, sem porquê, sem agir, sem sentir. Pessoas sem referencial, sem ideal. No fundo... pessoas sem viver.
Elas estão presentes em nós, não temos como negá-las e, em alguns momentos, é tão bom senti-las… em outros, é tão bom esquecê-las. Mas que bom é poder estar com elas e sempre... sempre poder tê-las... pois isso significa que estamos vivos, que podemos errar e acertar e, acima de tudo, tentar.
As diferentes fases de Campos fazem-me lembrar uma dança, de Buenos Aires… um tango. Assim como o tango, Álvaro Campos nunca poderá ser alegre, e através da “canção” expressa os seus sentimentos e as suas críticas perante o amor, a dor e a alegria. Também a nostalgia pelo perdido e irrecuperável, a rebelião contra o que é ausente, e a amargura que submerge na miséria do Homem antigo.
O tango é todo instinto, pouco racional, pouco intelectivo, por pertencer ao mundo do sentimento e do instinto criador... sendo a expressão essencial da nossa passividade, da nossa tristeza fundamental, do nosso sensualismo lânguido, da nossa preguiça, da nossa desolação, enfim, das nossas sensações.
O tango não é triste. O tango é sério, é pessimista, é frustrante e erótico. É o reflexo inacusável de nós mesmos, que somos fundamentalmente sérios...
O drama de Álvaro de Campos concretiza-se num apelo dilacerante entre o amor do mundo e da humanidade. É uma espécie de frustração total feita de incapacidade de unificar em si pensamento e sentimento, como no tango, não há espaço para as duas coisas, ou o pensamento ou o sentimento, e é por isso que eu gosto de Campos, porque para ele vencem as sensações, o sentimento.
Para Campos, sentir é tudo e o seu desejo é “sentir tudo de todas as maneiras”.
Por isso termino dizendo que prefiro viver a minha vida num tango escaldante de sensações, do que numa valsa singela a absorver o rio, que passa.
Depois de tanto pensar… pensar… pensar… e pensar…, pensei que pensar não seria a melhor forma de me decidir quanto ao meu “ídolo” heterónimo. Então, mais uma vez, decidi pensar no que deveria pensar ou não pensar, para chegar a alguma conclusão, pensando. No meio de tantos pensamentos, e depois de pensar muito, cheguei à conclusão que… pensar custa muito, dá muito, mas muito, trabalho. Mas afinal, sobre quem cai a minha escolha? Decidi escolher Álvaro Campos, pois tanto ele, como eu, concordamos que pensar dá-nos cabo do juízo.
Sou sem dúvida um fã do sensacionismo, pois, de outro modo, para que serviriam as belas obras de Picasso se não as víssemos? Para que serviria a bela música se não a ouvíssemos? Para que serviriam as maravilhosas fragrâncias se não as pudéssemos cheirar? Para que serviriam as flores e as árvores e os montes e o sol e o luar, Caeiro? Para que serviria a vida se não a quiséssemos viver, caro Reis?
As emoções chegam sem pedir licença e alojam-se no nosso ser. São geradas em momentos e sem que as esperemos. Algumas vezes alegram-nos, outras deixam-nos perplexos com algumas situações. Mas o que seria de nós sem elas? Pessoas sem vida, sem porquê, sem agir, sem sentir. Pessoas sem referencial, sem ideal. No fundo... pessoas sem viver.
Elas estão presentes em nós, não temos como negá-las e, em alguns momentos, é tão bom senti-las… em outros, é tão bom esquecê-las. Mas que bom é poder estar com elas e sempre... sempre poder tê-las... pois isso significa que estamos vivos, que podemos errar e acertar e, acima de tudo, tentar.
As diferentes fases de Campos fazem-me lembrar uma dança, de Buenos Aires… um tango. Assim como o tango, Álvaro Campos nunca poderá ser alegre, e através da “canção” expressa os seus sentimentos e as suas críticas perante o amor, a dor e a alegria. Também a nostalgia pelo perdido e irrecuperável, a rebelião contra o que é ausente, e a amargura que submerge na miséria do Homem antigo.
O tango é todo instinto, pouco racional, pouco intelectivo, por pertencer ao mundo do sentimento e do instinto criador... sendo a expressão essencial da nossa passividade, da nossa tristeza fundamental, do nosso sensualismo lânguido, da nossa preguiça, da nossa desolação, enfim, das nossas sensações.
O tango não é triste. O tango é sério, é pessimista, é frustrante e erótico. É o reflexo inacusável de nós mesmos, que somos fundamentalmente sérios...
O drama de Álvaro de Campos concretiza-se num apelo dilacerante entre o amor do mundo e da humanidade. É uma espécie de frustração total feita de incapacidade de unificar em si pensamento e sentimento, como no tango, não há espaço para as duas coisas, ou o pensamento ou o sentimento, e é por isso que eu gosto de Campos, porque para ele vencem as sensações, o sentimento.
Para Campos, sentir é tudo e o seu desejo é “sentir tudo de todas as maneiras”.
Por isso termino dizendo que prefiro viver a minha vida num tango escaldante de sensações, do que numa valsa singela a absorver o rio, que passa.
domingo, 28 de fevereiro de 2010
Sugestões de leitura - "O Adolescente Milionário"
O Adolescente Milionário, Jonathan Self
Por Eduardo Lopes
Trata-se do guia financeiro de todos os jovens ambiciosos. Para quem acha que o dinheiro é um assunto aborrecido, vale a pena pensar nisto: quando se tem dinheiro, pode-se comprar e fazer o que se quiser. O dinheiro é um passaporte para uma vida mais fácil e confortável. Significa liberdade. Na verdade, a única coisa aborrecida acerca do dinheiro é não ter o suficiente. E é por isso que este é um livro interessante. Porque explica como podes sempre ter dinheiro suficiente.
Neste livro, Jonathan Self desmistifica todos os aspectos relativos à gestão do dinheiro, desde o funcionamento de contas bancárias aos perigos dos cartões de crédito. Usando sempre uma linguagem clara e acessível, Self alerta também para o cuidado que se deve ter quando se tomam decisões relacionadas com dinheiro e ensina como fazer um bom orçamento.
Com muita informação e conselhos úteis, este é um livro indispensável para aprender todos os segredos sobre o dinheiro.
Apreciação crítica:
Vou começar por dizer que este livro é ideal para pessoas que não têm a mínima ideia de como gerir o seu dinheiro. Este livro, apesar de antes já dar o devido valor ao dinheiro, veio fazer com que eu gerisse melhor o meu dinheiro, tirando maior proveito do mesmo. É um livro que está muito bem organizado, por tópicos, e que tem uma linguagem bastante acessível, até porque é destinado aos jovens, e isto permite uma melhor compreensão das ideias do autor e também ajuda a decorar melhor essas mesmas ideias. Eu gostei muito do que li e principalmente do que aprendi com o livro, e o facto de a minha área de formação ter a ver com o livro também ajudou a uma melhor compreensão do mesmo.
Este livro, na capa, diz que é um guia financeiro para todos os jovens ambiciosos, sendo que esta frase vai fazendo mais sentido a cada página virada. Ou seja, o que quero dizer com isto é que realmente se no início do livro já somos ambiciosos e queremos sempre mais, no final, eu acho que ficamos um bocado obsessivos com esta ideia. Eu não sei se vocês já puseram a mão na consciência, mas eu queria que reflectissem comigo. Por exemplo, quando nós, jovens, estamos em tempo de aulas, gastamos um dinheiro absurdo em pequenos-almoços. Ou seja, um pequeno-almoço a 1,50€ dá, no final da semana, 7,50€. Isto é, no final do mês são 30€, repito, 30€. Uma ideia que deixo é trazerem uma sandes e um pacote de leite de casa, fazendo com que esses 30€ dêem, por exemplo, para passear num fim-de-semana ou ir ver um jogo de futebol.
Concluindo, acho que já toda a gente percebeu com este meu último exemplo que o dinheiro pode ter um maior aproveitamento nas nossas mãos do que realmente tem.
Gostei de ler este livro porque, em primeiro lugar, está destinada aos jovens. Em segundo lugar, porque a minha área de formação enquadra-se no tema deste livro, tornando-o desde logo atractivo. E, em terceiro lugar, porque é uma obra que faz "abrir a pestana", ou seja, faz com que nós pensemos na importância que o dinheiro tem nas nossas vidas. Esta obra fez-me reflectir sobre a importância que o dinheiro tem na nossa vida. Nós, jovens, desvalorizamos muitas vezes o dinheiro, gastando-o em coisas desnecessárias. Esses gastos podiam contribuir para uma vida de melhor qualidade, no futuro, mas para isso é preciso saber investir. Este livro veio numa altura excelente da minha vida, pois posso ainda ter a oportunidade de pôr muitos destes planos em prática, assegurando desde já o meu futuro. Penso que é nestes pontos que o livro me fez reflectir: Economia, Poupança e Futuro.
Por Eduardo Lopes
Trata-se do guia financeiro de todos os jovens ambiciosos. Para quem acha que o dinheiro é um assunto aborrecido, vale a pena pensar nisto: quando se tem dinheiro, pode-se comprar e fazer o que se quiser. O dinheiro é um passaporte para uma vida mais fácil e confortável. Significa liberdade. Na verdade, a única coisa aborrecida acerca do dinheiro é não ter o suficiente. E é por isso que este é um livro interessante. Porque explica como podes sempre ter dinheiro suficiente.
Neste livro, Jonathan Self desmistifica todos os aspectos relativos à gestão do dinheiro, desde o funcionamento de contas bancárias aos perigos dos cartões de crédito. Usando sempre uma linguagem clara e acessível, Self alerta também para o cuidado que se deve ter quando se tomam decisões relacionadas com dinheiro e ensina como fazer um bom orçamento.
Com muita informação e conselhos úteis, este é um livro indispensável para aprender todos os segredos sobre o dinheiro.
Apreciação crítica:
Vou começar por dizer que este livro é ideal para pessoas que não têm a mínima ideia de como gerir o seu dinheiro. Este livro, apesar de antes já dar o devido valor ao dinheiro, veio fazer com que eu gerisse melhor o meu dinheiro, tirando maior proveito do mesmo. É um livro que está muito bem organizado, por tópicos, e que tem uma linguagem bastante acessível, até porque é destinado aos jovens, e isto permite uma melhor compreensão das ideias do autor e também ajuda a decorar melhor essas mesmas ideias. Eu gostei muito do que li e principalmente do que aprendi com o livro, e o facto de a minha área de formação ter a ver com o livro também ajudou a uma melhor compreensão do mesmo.
Este livro, na capa, diz que é um guia financeiro para todos os jovens ambiciosos, sendo que esta frase vai fazendo mais sentido a cada página virada. Ou seja, o que quero dizer com isto é que realmente se no início do livro já somos ambiciosos e queremos sempre mais, no final, eu acho que ficamos um bocado obsessivos com esta ideia. Eu não sei se vocês já puseram a mão na consciência, mas eu queria que reflectissem comigo. Por exemplo, quando nós, jovens, estamos em tempo de aulas, gastamos um dinheiro absurdo em pequenos-almoços. Ou seja, um pequeno-almoço a 1,50€ dá, no final da semana, 7,50€. Isto é, no final do mês são 30€, repito, 30€. Uma ideia que deixo é trazerem uma sandes e um pacote de leite de casa, fazendo com que esses 30€ dêem, por exemplo, para passear num fim-de-semana ou ir ver um jogo de futebol.
Concluindo, acho que já toda a gente percebeu com este meu último exemplo que o dinheiro pode ter um maior aproveitamento nas nossas mãos do que realmente tem.
Gostei de ler este livro porque, em primeiro lugar, está destinada aos jovens. Em segundo lugar, porque a minha área de formação enquadra-se no tema deste livro, tornando-o desde logo atractivo. E, em terceiro lugar, porque é uma obra que faz "abrir a pestana", ou seja, faz com que nós pensemos na importância que o dinheiro tem nas nossas vidas. Esta obra fez-me reflectir sobre a importância que o dinheiro tem na nossa vida. Nós, jovens, desvalorizamos muitas vezes o dinheiro, gastando-o em coisas desnecessárias. Esses gastos podiam contribuir para uma vida de melhor qualidade, no futuro, mas para isso é preciso saber investir. Este livro veio numa altura excelente da minha vida, pois posso ainda ter a oportunidade de pôr muitos destes planos em prática, assegurando desde já o meu futuro. Penso que é nestes pontos que o livro me fez reflectir: Economia, Poupança e Futuro.
Obrigada!
As professoras responsáveis pelo projecto "Comunidade Escolar de Leitores" querem deixar expresso o seu agradecimento aos alunos Tiago Dinis, do 12ºB, e Nuno Ralha, do 12ºE, pela inestimável colaboração prestada na elaboração deste blogue. Querem igualmente agradecer a todos aqueles que gentilmente nos têm enviado os seus textos para publicação pois, sem essa "dádiva", nada disto seria possível!
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
“O Professor é uma despedida irresistível de um homem que encontra a sua voz na sala de aula, na escrita e na sua alma”.
The New York Times Book Review
PARTE I (p.23) – (1)“O longo caminho até à pedagogia”
• “Estou a aprender trabalhando” (p.23)
• O que foi marcante em trinta anos, foram os episódios com alunos, aparentemente “sem importância”, mas que poderiam tê-lo feito abandonar o ensino – por despedimento.
• Perspectiva do ensino técnico-profissional nos anos 50-60: alunos com cerca de 16 anos que frequentam a escola há 11 anos – têm forte experiência de relações humanas e conhecimento da psicologia humana, que usam para manipular, na escola. Verificam-se conflitos entre etnias diversas e os gangues que se formam a partir daí.
• “Cinco turmas, trinta e cinco alunos em cada turma”. (p.27)
• “Sou professor (…) e conto histórias (…). É uma rotina que os acalma no caso – improvável – de eu querer ensinar qualquer coisa que faça parte da matéria.” (p.39)
• “McCourt (…) espere. Era o chefe do departamento. Você tem tudo para ser um bom professor. (…) Afinal, não era assim tão idiota. (…) Professor.” (pp.70-72)
• “Tantas horas de trabalho, um ordenado tão baixo e quem é que nos agradecia por aturarmos (…). Era por isso que o país estava sem professores.” (p.83)
• Dia da Escola Aberta / Noite Aberta: os pais na escola; a ligação escola-casa. (p.87)
• “Os professores de Inglês dizem que se um professor conseguir ensinar gramática numa Escola profissional (…) conseguia ensinar tudo em toda a parte”. (p.99)
• As justificações de faltas: grandes momentos de imaginação dos alunos, que escrevem fantásticos textos, brilhantes de criatividade. (pp.102-103)
• Contabiliza as aulas dadas (33000). Encara o ensino universitário como uma possibilidade de ter uma vida melhor, mais tranquila.
Parte II (p.133) - (9) “Burro com fome, cardos come”
• A tese de mestrado (p.119)
• Kevin e o Vietname (pp. 115-116)
• “A escola devia ser assim todos os dias”. (p.108)
• Ninguém tem respeito pelos professores “que fazem queixinhas”. (p.110)
• Atinge o grau de Mestre – em 1966. A sequência seria a carreira de professor universitário. Mal pago (ganha menos), mas espera outra atitude dos alunos e menos trabalho. Os alunos são trabalhadores estudantes, muitos estrangeiros – não dominam a língua, poucas bases culturais e pouca auto-estima. O professor sugere-lhes que pesquisem, mas pensem pela “própria cabeça”. (p.140)
• “menosprezar os miúdos das escolas profissionais”; “professores que evoluem para altos cargos (supervisão e administração)”- uma visão à qual ele simplesmente contrapõe: “Vim para ser professor” – não foi talhado para percorrer os corredores do poder. (p.143)
• A agressão a Hector – as escolas católicas e a tradição irlandesa. (p.148)
• Nova escola secundária – um melting-pot em que o inglês é a segunda língua e o professor se confessa incapaz para enfrentar o desafio, uma vez que lhe falta formação adequada. (p.157) A questão da formação em contexto de trabalho não se coloca nunca.
• Estamos em 1968: choques vários na turma e a história da visita de estudo – a questão do respeito.
• “quanto mais nos afastamos da sala de aula, maior é a nosa recompensa – pessoal e profissional. “ (p.180)
• O psicanalista. (p.194)
• O doutoramento (Trinity College) marca o regresso à Irlanda (2 anos). Encontra dificuldades. Não consegue concluir. Enfrenta o despedimento, a itinerância, a vida de professor substituto”. Os alunos enfrentam esta classe de professores, assumindo que está “na hora de dar de frosques” (p.203)
Parte III (p.207) - (12) – “O regresso à sala 205”
• Stuyvesant High School, o melhor liceu da cidade, nova escola. (p.207)
• O Professor encontra nesta escola um lugar permanente (pp.207-208)
• “Ao fim de um dia de aulas, temos a cabeça cheia de barulho, preocupações e sonhos de adolescentes. Continuam connosco durante o jantar, quando vamos ao cinema, à casa de banho, para a cama. Tentamos tirá-los da cabeça. Vão-se embora. Estou a ler um livro, o jornal, o quem está escrito nesta parede. Vão-se embora.” (p.208)
• Desejo de mudança mitigado pelo nascimento da filha, em 1971 – chamada à realidade. (p.208)
• A Stuyvesant é uma escola à escala humana, onde o Professor se sente pela primeira vez “livre na sala de aula”. No entanto, sendo a escola exigente, “a Harvard dos liceus”, os alunos faziam trabalhos enormes que exigiam, por sua vez, horas intermináveis de trabalho de correcção e classificação. (p.210)
• Alunos “burgueses, com uma vida confortável”, “metade (…) em psicoterapia, preocupam o Professor. Em 1974 é convidado a dar aulas de Escrita Criativa e dessa experiência diz que está “a aprender”. (pp.213-215)
• Aos 49 anos, com um casamento falhado, sem casa própria, as aulas são um escape. Entretanto, partilha a casa de um artista, num bairro boémio, em Brooklyn. (pp. 220-223)
• Grangeia fama de professor um pouco lunático e original, que nas suas aulas de Escrita Criativa distribui “notas altas como se fossem amendoins. (p.224)
• “Ao fim de quinze anos em quatro liceus (…) e na universidade (…) tinha desenvolvido um faro de cão, (…) conseguia sentir o cheiro da sua composição química (…): os ansiosos, voluntariosos, o cool, os que gostavam de dar nas vistas, os indiferentes, os hostis, os oportunistas que só estavam ali porque tinham ouvido dizer que eu dava boas notas, os namorados que só queriam estar perto dos respectivos parceiros. (p.227)
• “Na Stuyvesant, decidi admitir (…) que “Não vou utilizar a ignorância como desculpa. (…) Vou estabelecer um programa de desenvolvimento pessoal para ser um professor melhor: disciplinado, tradicional, sábio, engenhoso, desembaraçado. (pp.228-229)
• “Estava a encontrar a minha voz e o meu estilo de dar aulas (…) o novo chefe do Departamento (…) dava-me rédea solta para experimentar ideias novas sobre escrita e literatura (…9 e os meus alunos eram suficientemente maduros e tolerantes para me deixarem descobrir o meu caminho sem a ajuda da máscara nem da caneta encarnada. (p.299)
• A experiência da comida e dos livros de receitas “musicados” é divertida, mas gera contestação pelo barulho e pela sensação de interdito. (p.236)
• Desencanto. “Está sempre na periferia. Não tem mulher, tem uma filha que raramente vê. Não tem visão, nem objectivos, nem um plano (…) é o “homem que transformou a sala de aula num recreio, numa sessão de rap e num fórum de terapia de grupo. (p.237)
• No entanto, subtilmente, os alunos desenvolvem capacidades como a sensibilidade ao texto/música e o espírito crítico. (pp.238-239)
• Muda ligeiramente a estratégia leitura de poesia e discussão sobre as temáticas suscitadas – mas não “é obrigatório reagir sempre a estímulos.” (p.246-248)
• Diferentes extractos sociais, diferentes realidades e reflexão sobre coisas profundas e marcantes na vida destes jovens e o seu american way of life. (pp.250-251)
• As segundas-feiras e os artigos sobre restaurantes do New York Times aproveitados para o desenvolvimento vocabular e análise da linguagem. (p.255-257)
• A”Escola Aberta” na Stuyvesant é peculiar, porque 3000 alunos podem não corresponder a 6000 pais, mas a 1000, devido à questão do divórcio e às novas famílias. Exercício de reflexão sobre os problemas/dramas familiares dos alunos (p.258-269)
• “Estou a aprender”. Observa a classe média e a classe média alta e confronta-se com as suas raízes pobres. O aspecto positivo é que “os alunos estão a desabrochar na escrita e nas discussões na aula” e admitem, apesar dos dramas vividos, que as suas vidas são “vazias” quando comparadas com a sua: “O senhor tem sorte, Professor McCourt. Teve essa infância miserável e, por isso, tem material para escrever.” (…) Um dos alunos, por contraste, faz “a descrição mais infeliz da vida americana que ouvi numa sala de aula dum liceu. Mas tem todos os ingredientes do grande romance americano.” (pp.270-274)
• Os alunos questionam as famílias sobre vivências e aprendem e (re)estabelecem laços. E a avaliação do trabalho desenvolvido? Estes alunos esperam ser avaliados, seriamente avaliados. O Professor propõe que façam eles a sua auto-avaliação, o que os “alunos conscienciosos” dificilmente aceitam. Esperam que o professor seja “formal”. Levanta-se, então a questão: o que é o ensino? É uma equação, o equilíbrio entre MEDO e LIBERDADE. (p.281)
• “A sala de aula é um lugar de emoções fortes.” (…) “Hei-de sobreviver.” (…) “Professor McCourt, devia escrever um livro.” (…) “Vou tentar”. (pp.282-286)
The New York Times Book Review
PARTE I (p.23) – (1)“O longo caminho até à pedagogia”
• “Estou a aprender trabalhando” (p.23)
• O que foi marcante em trinta anos, foram os episódios com alunos, aparentemente “sem importância”, mas que poderiam tê-lo feito abandonar o ensino – por despedimento.
• Perspectiva do ensino técnico-profissional nos anos 50-60: alunos com cerca de 16 anos que frequentam a escola há 11 anos – têm forte experiência de relações humanas e conhecimento da psicologia humana, que usam para manipular, na escola. Verificam-se conflitos entre etnias diversas e os gangues que se formam a partir daí.
• “Cinco turmas, trinta e cinco alunos em cada turma”. (p.27)
• “Sou professor (…) e conto histórias (…). É uma rotina que os acalma no caso – improvável – de eu querer ensinar qualquer coisa que faça parte da matéria.” (p.39)
• “McCourt (…) espere. Era o chefe do departamento. Você tem tudo para ser um bom professor. (…) Afinal, não era assim tão idiota. (…) Professor.” (pp.70-72)
• “Tantas horas de trabalho, um ordenado tão baixo e quem é que nos agradecia por aturarmos (…). Era por isso que o país estava sem professores.” (p.83)
• Dia da Escola Aberta / Noite Aberta: os pais na escola; a ligação escola-casa. (p.87)
• “Os professores de Inglês dizem que se um professor conseguir ensinar gramática numa Escola profissional (…) conseguia ensinar tudo em toda a parte”. (p.99)
• As justificações de faltas: grandes momentos de imaginação dos alunos, que escrevem fantásticos textos, brilhantes de criatividade. (pp.102-103)
• Contabiliza as aulas dadas (33000). Encara o ensino universitário como uma possibilidade de ter uma vida melhor, mais tranquila.
Parte II (p.133) - (9) “Burro com fome, cardos come”
• A tese de mestrado (p.119)
• Kevin e o Vietname (pp. 115-116)
• “A escola devia ser assim todos os dias”. (p.108)
• Ninguém tem respeito pelos professores “que fazem queixinhas”. (p.110)
• Atinge o grau de Mestre – em 1966. A sequência seria a carreira de professor universitário. Mal pago (ganha menos), mas espera outra atitude dos alunos e menos trabalho. Os alunos são trabalhadores estudantes, muitos estrangeiros – não dominam a língua, poucas bases culturais e pouca auto-estima. O professor sugere-lhes que pesquisem, mas pensem pela “própria cabeça”. (p.140)
• “menosprezar os miúdos das escolas profissionais”; “professores que evoluem para altos cargos (supervisão e administração)”- uma visão à qual ele simplesmente contrapõe: “Vim para ser professor” – não foi talhado para percorrer os corredores do poder. (p.143)
• A agressão a Hector – as escolas católicas e a tradição irlandesa. (p.148)
• Nova escola secundária – um melting-pot em que o inglês é a segunda língua e o professor se confessa incapaz para enfrentar o desafio, uma vez que lhe falta formação adequada. (p.157) A questão da formação em contexto de trabalho não se coloca nunca.
• Estamos em 1968: choques vários na turma e a história da visita de estudo – a questão do respeito.
• “quanto mais nos afastamos da sala de aula, maior é a nosa recompensa – pessoal e profissional. “ (p.180)
• O psicanalista. (p.194)
• O doutoramento (Trinity College) marca o regresso à Irlanda (2 anos). Encontra dificuldades. Não consegue concluir. Enfrenta o despedimento, a itinerância, a vida de professor substituto”. Os alunos enfrentam esta classe de professores, assumindo que está “na hora de dar de frosques” (p.203)
Parte III (p.207) - (12) – “O regresso à sala 205”
• Stuyvesant High School, o melhor liceu da cidade, nova escola. (p.207)
• O Professor encontra nesta escola um lugar permanente (pp.207-208)
• “Ao fim de um dia de aulas, temos a cabeça cheia de barulho, preocupações e sonhos de adolescentes. Continuam connosco durante o jantar, quando vamos ao cinema, à casa de banho, para a cama. Tentamos tirá-los da cabeça. Vão-se embora. Estou a ler um livro, o jornal, o quem está escrito nesta parede. Vão-se embora.” (p.208)
• Desejo de mudança mitigado pelo nascimento da filha, em 1971 – chamada à realidade. (p.208)
• A Stuyvesant é uma escola à escala humana, onde o Professor se sente pela primeira vez “livre na sala de aula”. No entanto, sendo a escola exigente, “a Harvard dos liceus”, os alunos faziam trabalhos enormes que exigiam, por sua vez, horas intermináveis de trabalho de correcção e classificação. (p.210)
• Alunos “burgueses, com uma vida confortável”, “metade (…) em psicoterapia, preocupam o Professor. Em 1974 é convidado a dar aulas de Escrita Criativa e dessa experiência diz que está “a aprender”. (pp.213-215)
• Aos 49 anos, com um casamento falhado, sem casa própria, as aulas são um escape. Entretanto, partilha a casa de um artista, num bairro boémio, em Brooklyn. (pp. 220-223)
• Grangeia fama de professor um pouco lunático e original, que nas suas aulas de Escrita Criativa distribui “notas altas como se fossem amendoins. (p.224)
• “Ao fim de quinze anos em quatro liceus (…) e na universidade (…) tinha desenvolvido um faro de cão, (…) conseguia sentir o cheiro da sua composição química (…): os ansiosos, voluntariosos, o cool, os que gostavam de dar nas vistas, os indiferentes, os hostis, os oportunistas que só estavam ali porque tinham ouvido dizer que eu dava boas notas, os namorados que só queriam estar perto dos respectivos parceiros. (p.227)
• “Na Stuyvesant, decidi admitir (…) que “Não vou utilizar a ignorância como desculpa. (…) Vou estabelecer um programa de desenvolvimento pessoal para ser um professor melhor: disciplinado, tradicional, sábio, engenhoso, desembaraçado. (pp.228-229)
• “Estava a encontrar a minha voz e o meu estilo de dar aulas (…) o novo chefe do Departamento (…) dava-me rédea solta para experimentar ideias novas sobre escrita e literatura (…9 e os meus alunos eram suficientemente maduros e tolerantes para me deixarem descobrir o meu caminho sem a ajuda da máscara nem da caneta encarnada. (p.299)
• A experiência da comida e dos livros de receitas “musicados” é divertida, mas gera contestação pelo barulho e pela sensação de interdito. (p.236)
• Desencanto. “Está sempre na periferia. Não tem mulher, tem uma filha que raramente vê. Não tem visão, nem objectivos, nem um plano (…) é o “homem que transformou a sala de aula num recreio, numa sessão de rap e num fórum de terapia de grupo. (p.237)
• No entanto, subtilmente, os alunos desenvolvem capacidades como a sensibilidade ao texto/música e o espírito crítico. (pp.238-239)
• Muda ligeiramente a estratégia leitura de poesia e discussão sobre as temáticas suscitadas – mas não “é obrigatório reagir sempre a estímulos.” (p.246-248)
• Diferentes extractos sociais, diferentes realidades e reflexão sobre coisas profundas e marcantes na vida destes jovens e o seu american way of life. (pp.250-251)
• As segundas-feiras e os artigos sobre restaurantes do New York Times aproveitados para o desenvolvimento vocabular e análise da linguagem. (p.255-257)
• A”Escola Aberta” na Stuyvesant é peculiar, porque 3000 alunos podem não corresponder a 6000 pais, mas a 1000, devido à questão do divórcio e às novas famílias. Exercício de reflexão sobre os problemas/dramas familiares dos alunos (p.258-269)
• “Estou a aprender”. Observa a classe média e a classe média alta e confronta-se com as suas raízes pobres. O aspecto positivo é que “os alunos estão a desabrochar na escrita e nas discussões na aula” e admitem, apesar dos dramas vividos, que as suas vidas são “vazias” quando comparadas com a sua: “O senhor tem sorte, Professor McCourt. Teve essa infância miserável e, por isso, tem material para escrever.” (…) Um dos alunos, por contraste, faz “a descrição mais infeliz da vida americana que ouvi numa sala de aula dum liceu. Mas tem todos os ingredientes do grande romance americano.” (pp.270-274)
• Os alunos questionam as famílias sobre vivências e aprendem e (re)estabelecem laços. E a avaliação do trabalho desenvolvido? Estes alunos esperam ser avaliados, seriamente avaliados. O Professor propõe que façam eles a sua auto-avaliação, o que os “alunos conscienciosos” dificilmente aceitam. Esperam que o professor seja “formal”. Levanta-se, então a questão: o que é o ensino? É uma equação, o equilíbrio entre MEDO e LIBERDADE. (p.281)
• “A sala de aula é um lugar de emoções fortes.” (…) “Hei-de sobreviver.” (…) “Professor McCourt, devia escrever um livro.” (…) “Vou tentar”. (pp.282-286)
Sugestões de leitura - “Viagens de Gulliver”
“Viagens de Gulliver”, Dean Jonathon Swift
Por Pedro Gaspar
A obra inicia-se com o naufrágio do navio onde Lemwel Gulliver, o protagonista da história, sobrevive a um naufrágio, sendo arrastado para uma ilha – Lilliput – que era habitada por seres de pequena estatura, que estão em constante guerra com os habitantes dos países vizinhos devido a futilidades.
Após ter conseguido sair de Lilliput, Gulliver embarca numa nova aventura, que terminará de novo num naufrágio. Desta feita Gulliver conhece Brobdingnag, uma terra de gigantes onde é visível a mediocridade diante a “grandeza” dos habitantes.
Uma vez conseguido fugir de Brobdingnag, Gulliver acaba por chegar à ilha flutuante de Laputa, habitada por magos de elevada inteligência.
Por fim e na sua última viagem, Gulliver encontrou-se com uma raça de cavalas designada por Houyhnhm, possuindo um elevado grau de inteligência e tementes dos Yahoo (uma raça imperfeita de seres humanos). Gulliver vê a humanidade como elementos da raça Yahoo e tem medo e receio do ser humano.
De volta a Inglaterra, e após ter passado por Portugal, Gulliver vai ensinar a todos as virtudes e conhecimentos que aprendeu com os Houyhnhm.
Apreciação crítica
Gostei de ler esta obra e recomendá-la-ia uma vez que faz uma interessante crítica à sociedade entre o final do século XVII e a primeira metade do século XVIII. Para além disto, esta obra permite conhecer um pouco do estilo literário utilizado na época, causando, através do relato de viagens, impacto nos leitores.
A narrativa deste livro é de fácil leitura, no entanto, a crítica política e social está sempre presente, tendo em conta o percurso das viagens realizadas pelo personagem.
Contudo, a fantasia, a graça e o prodigioso espírito de invenção que a obra revela, torna esta obra numa magnífica opção de leitura.
Por fim, com “As Viagens de Gulliver” podemos obter uma lição de alto valor moral, pois esta afirma a sólida energia de um homem que, forçado a suportar calamidades dolorosíssimas e a adaptar-se a cada momento a circunstâncias dificílimas e até agressivas, tudo vence e tudo supera, em atitudes sempre dignas e de excepcional coragem.
Apesar de considerar esta obra como uma excelente leitura, penso que por vezes o autor se tornou muito repetitivo, ao manter sempre as mesmas peripécias do personagem, ainda que em locais diferentes.
Ao ler esta obra apercebi-me da ferocidade da natureza humana. Especialmente quando a personagem principal, Gulliver, viaja para o país dos Houyhnhnms, uma espécie de cavalos inteligentes e civilizados, que ficam muito surpreendidos quando vêem surgir-lhes à frente um yahoo envolto em roupas e capaz de falar. É que, naquela terra, os homens (ou seja, os yahoos) são bestas repelentes, sujas, estúpidas e viciosas, cuja única serventia são as mãos. Os cavalos (Houyhnhnms), pelo contrário, são não só civilizados como desconhecem por completo o conceito de mentira e vivem numa espécie de utopia igualitária.
Em suma, “As Viagens de Gulliver” despertou-me, com instrumentos da fantasia, do fantástico e mesmo, por vezes, da ficção científica, para um ataque sem dó nem piedade a todos os vícios e a todas as pequenas e grandes trafulhices da estrutura social nas Ilhas Britânicas no século XVIII, tão semelhante em tantas coisas à estrutura social actual em toda o mundo.
Por Pedro Gaspar
A obra inicia-se com o naufrágio do navio onde Lemwel Gulliver, o protagonista da história, sobrevive a um naufrágio, sendo arrastado para uma ilha – Lilliput – que era habitada por seres de pequena estatura, que estão em constante guerra com os habitantes dos países vizinhos devido a futilidades.
Após ter conseguido sair de Lilliput, Gulliver embarca numa nova aventura, que terminará de novo num naufrágio. Desta feita Gulliver conhece Brobdingnag, uma terra de gigantes onde é visível a mediocridade diante a “grandeza” dos habitantes.
Uma vez conseguido fugir de Brobdingnag, Gulliver acaba por chegar à ilha flutuante de Laputa, habitada por magos de elevada inteligência.
Por fim e na sua última viagem, Gulliver encontrou-se com uma raça de cavalas designada por Houyhnhm, possuindo um elevado grau de inteligência e tementes dos Yahoo (uma raça imperfeita de seres humanos). Gulliver vê a humanidade como elementos da raça Yahoo e tem medo e receio do ser humano.
De volta a Inglaterra, e após ter passado por Portugal, Gulliver vai ensinar a todos as virtudes e conhecimentos que aprendeu com os Houyhnhm.
Apreciação crítica
Gostei de ler esta obra e recomendá-la-ia uma vez que faz uma interessante crítica à sociedade entre o final do século XVII e a primeira metade do século XVIII. Para além disto, esta obra permite conhecer um pouco do estilo literário utilizado na época, causando, através do relato de viagens, impacto nos leitores.
A narrativa deste livro é de fácil leitura, no entanto, a crítica política e social está sempre presente, tendo em conta o percurso das viagens realizadas pelo personagem.
Contudo, a fantasia, a graça e o prodigioso espírito de invenção que a obra revela, torna esta obra numa magnífica opção de leitura.
Por fim, com “As Viagens de Gulliver” podemos obter uma lição de alto valor moral, pois esta afirma a sólida energia de um homem que, forçado a suportar calamidades dolorosíssimas e a adaptar-se a cada momento a circunstâncias dificílimas e até agressivas, tudo vence e tudo supera, em atitudes sempre dignas e de excepcional coragem.
Apesar de considerar esta obra como uma excelente leitura, penso que por vezes o autor se tornou muito repetitivo, ao manter sempre as mesmas peripécias do personagem, ainda que em locais diferentes.
Ao ler esta obra apercebi-me da ferocidade da natureza humana. Especialmente quando a personagem principal, Gulliver, viaja para o país dos Houyhnhnms, uma espécie de cavalos inteligentes e civilizados, que ficam muito surpreendidos quando vêem surgir-lhes à frente um yahoo envolto em roupas e capaz de falar. É que, naquela terra, os homens (ou seja, os yahoos) são bestas repelentes, sujas, estúpidas e viciosas, cuja única serventia são as mãos. Os cavalos (Houyhnhnms), pelo contrário, são não só civilizados como desconhecem por completo o conceito de mentira e vivem numa espécie de utopia igualitária.
Em suma, “As Viagens de Gulliver” despertou-me, com instrumentos da fantasia, do fantástico e mesmo, por vezes, da ficção científica, para um ataque sem dó nem piedade a todos os vícios e a todas as pequenas e grandes trafulhices da estrutura social nas Ilhas Britânicas no século XVIII, tão semelhante em tantas coisas à estrutura social actual em toda o mundo.
Sugestões de leitura - "Diário de Anne Frank"
Diário de Anne Frank
Por Tiago Pereira
Anne foi uma judia obrigada a viver escondida dos nazistas durante o Holocausto.
O diário de Anne frank conta a história de uma menina de família judaica que viveu na época da segunda guerra mundial, cuja vida lhe reservou pouca sorte e que se escondeu durante anos com a sua família e alguns amigos em Amesterdão para se escapar à fúria hitleriana de acabar com os judeus, tentando enfrentar em silêncio os nazis.
Anne frank, com 13 anos, escreveu o seu surpreendente Diário em forma de cartas, inicialmente apenas para si, até que na primavera de 1944 ouviu pelo rádio o discurso do ministro da educação holandês, no exílio. Este dizia que quando terminasse a guerra se deveriam compilar e publicar todos os testemunhos do sofrimento do povo holandês durante a ocupação alemã. Um dos exemplos que nomeou era os diários. Impressionada pelo discurso, Anne Frank decidiu publicar um livro depois da guerra para o qual o seu diário serviria de base. As suas últimas anotações datam do primeiro dia de Agosto de 1944. No dia 4 desse mesmo mês, os alemães irromperam pela casa e detiveram Anne e a sua família. Porém, o seu diário foi resgatado por amigos da família e posteriormente o seu pai publicou-o pela primeira vez.
Anne escreveu neste mesmo diário tudo o que passou com este grupo de pessoas neste período de guerra entre nações até a sua morte. Todo o sofrimento, toda a sua revolta e todas as perguntas que fazia frequentemente a si mesma são relatadas na primeira pessoa neste diário de uma vida não vivida.
Durante sete anos levou uma vida despreocupada na, relativamente segura, Holanda. Mas a Alemanha ocupa o país em 1940, pondo fim à segurança que oferecia. As medidas anti-semitas limitavam cada vez mais a vida dos Frank. Em 1942, começaram as deportações para os supostos campos de trabalho.
Os pais de Anne conseguiram, juntamente com mais quatro pessoas, esconder-se num anexo de quartos por cima do escritório do seu pai, em Amesterdão, na Holanda, denominado Anexo Secreto. Ali permaneceram 25 meses.
Não sabia por que é que o povo hitleriano perseguia os judeus e porquê toda aquela guerra. Mas, ao longo do tempo, começou a arranjar respostas para as suas dúvidas e tentou arranjar uma maneira de se proteger a si e a toda a sua família.
Ao fim de longos meses de silêncio e medo aterrorizante, acabou por ser denunciada aos nazistas e deportada para campos de concentração. Primeiro foi levada juntamente com a família para Westerkerk, na Holanda, antes de serem deportados para o leste da Europa. Anne Frank foi deportada inicialmente para Auschwitz, juntamente com os pais, irmã e as outras pessoas com quem se refugiava na casa de Amesterdão. Depois levaram-na para Bergen Belsen, juntamente com a irmã, separando-a dos pais. Ali, milhares de pessoas morriam diariamente por causa da fome e das enfermidades.
Em 1945, nove meses após a sua deportação, Anne Frank morre de tifo em Bergen Belsen. A irmã, Margot Frank tinha falecido também vítima do tifo e da subnutrição um dia antes de Anne. Tinha quinze anos. Morre duas semanas antes de o campo ser libertado. Otto foi o único dos escondidos que sobreviveu no campo de concentração.
Concluindo, este diário trata-se de um testemunho das dificuldades e horrores passados pelos judeus durante a segunda grande guerra.
Apreciação crítica
Valeu a pena ler esta obra? Há que dizer que tudo vale a pena se a alma não é pequena! Vale mesmo muito a pena. É um livro que nos põe a reflectir sobre a vida e sobre a sorte que temos de possuirmos o bem mais precioso, a paz e a liberdade.
Não se pode dizer que é um lindo livro, no sentido de nos maravilhar. No entanto, todos nós devíamos lê-lo para sabermos o bem que temos: a paz. Mais, saborearmos a vida e deixarmo-nos de ódios, mesquinhices que, ao pé da experiência desta pequenina Anne Frank, não são nada.
Este livro é uma obra-prima e todos o devíamos ler e, depois, fazer uma reflexão bem assertiva sobre o que queremos da vida e daqueles que nos rodeiam.
Este é um livro incontornável que faço questão de recomendar, já que é a verdadeira história de uma menina que tinha sonhos e, em vez de ter direito a eles, viu a sua vida transformar-se num terrível e desumano pesadelo. A esperança de Anne vai-se desvanecendo neste testemunho de uma vida à beira de ser ceifada.
É fundamental que os adolescentes dos nossos dias tenham a noção desta vergonha da história da Humanidade, pela Anne e para que nunca mais se volte a repetir!
Através deste livro passei a conhecer uma nova realidade, para além de todos os factos históricos relacionados com a segunda Guerra Mundial, passei também a conhecer o que sentiam todos os que foram confrontados com a discriminação Nazi e como tentaram fugir a este extermínio. Assim, será importante que mais pessoas leiam este livro, para também elas conhecerem esta realidade, para que nunca mais se repita.
É difícil, muito difícil mesmo, elaborar uma opinião diferente de qualquer ser verdadeiramente humano sobre o holocausto e que não contenha sentimentos de tristeza, angústia, revolta, impotência. Depois de ler este diário mais inconformado fico sobre como foi possível a humanidade deixar que um louco, violentamente anti-semita, especialmente dos Judeus, cometesse tanta atrocidade ao mesmo tempo, pela estúpida ambição do poder. Ao ler O dário de Anne Frank ainda mais frustrado fiquei ao sentir toda a situação de ela ter vivido enclausurada durante dois longos anos nuns “calabouços”, anexos duma habitação. Com a agravante de se passar na sua adolescência, destruindo-lhe parte dos seus anseios, ideais, sonhos e, sobretudo, da sua alegria.
Percebe-se, facilmente, que aqueles dois anos foram extremamente importantes na sua formação como adulta, e, talvez pela peculiar circunstância do ambiente que viveu, amadureceu mais rápido que a maioria dos jovens nesta fase. Isso nota-se, sobretudo, na fase final do livro, com uma escrita profundamente impressionante sobre tudo aquilo que a rodeia. Curiosamente, não consegui ver imagens a cor ao ler os relatos de Anne. Vi tudo a preto e branco, pela densidade de negrura que o holocausto me deixou.
"Terça-feira, 1 de Agosto de 1944...
Já te contei em tempos (Kitty), que não tenho uma só alma mas sim duas. Uma dá-me a minha alegria exuberante, as minhas zombarias a propósito de tudo, a minha vontade de viver e a minha tendência para deixar correr…
Esta primeira alma está sempre à espreita e faz tudo para suplantar a outra que é mais bela, mais pura, mais profunda. Essa boa alma da Anne ninguém a conhece não é verdade? (…). Empurro por vezes a boa Anne para a luz da Ribalta, mesmo que seja por um escasso quarto de hora, mas logo que ela tem de falar, contrai-se e fecha-se de novo na sua concha, passando a palavra à Anne nº1. E antes que me dê conta, já a boa desapareceu. (…)
No meu interior, a Anne pura é que me indica o caminho; exteriormente, não passo de uma cabritinha que pula de alegria e de animação.”
Ao ler este diário, apercebi-me do quão injusta é a vida, e do quão injusta foi para Anne, mas, para mim, Anne Frank não morreu e quero recordá-la como a vi no seu diário: ma cabritinha travessa, à solta.
No fim da leitura deste livro senti-me um pouco confuso entre o gostar de ter conhecido Anne Frank e o facto do pai dela ter divulgado o seu diário íntimo. E este último cenário revolta-me um pouco. Não sei se ele o fez por oportunismo ou em defesa da dignidade do ser humano como valor absoluto. No entanto, há que realçar que se esta obra não fosse publicada, o mundo nunca poderia ter uma visão tão real quanto às vítimas do Holocausto.
Esta obra faz-nos reflectir sobre os bens que muitas vezes não nos apercebemos que temos, a liberdade e a paz.
“Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que a explique e ninguém que não a entenda.”
Cecília Meireles
Por Tiago Pereira
Anne foi uma judia obrigada a viver escondida dos nazistas durante o Holocausto.
O diário de Anne frank conta a história de uma menina de família judaica que viveu na época da segunda guerra mundial, cuja vida lhe reservou pouca sorte e que se escondeu durante anos com a sua família e alguns amigos em Amesterdão para se escapar à fúria hitleriana de acabar com os judeus, tentando enfrentar em silêncio os nazis.
Anne frank, com 13 anos, escreveu o seu surpreendente Diário em forma de cartas, inicialmente apenas para si, até que na primavera de 1944 ouviu pelo rádio o discurso do ministro da educação holandês, no exílio. Este dizia que quando terminasse a guerra se deveriam compilar e publicar todos os testemunhos do sofrimento do povo holandês durante a ocupação alemã. Um dos exemplos que nomeou era os diários. Impressionada pelo discurso, Anne Frank decidiu publicar um livro depois da guerra para o qual o seu diário serviria de base. As suas últimas anotações datam do primeiro dia de Agosto de 1944. No dia 4 desse mesmo mês, os alemães irromperam pela casa e detiveram Anne e a sua família. Porém, o seu diário foi resgatado por amigos da família e posteriormente o seu pai publicou-o pela primeira vez.
Anne escreveu neste mesmo diário tudo o que passou com este grupo de pessoas neste período de guerra entre nações até a sua morte. Todo o sofrimento, toda a sua revolta e todas as perguntas que fazia frequentemente a si mesma são relatadas na primeira pessoa neste diário de uma vida não vivida.
Durante sete anos levou uma vida despreocupada na, relativamente segura, Holanda. Mas a Alemanha ocupa o país em 1940, pondo fim à segurança que oferecia. As medidas anti-semitas limitavam cada vez mais a vida dos Frank. Em 1942, começaram as deportações para os supostos campos de trabalho.
Os pais de Anne conseguiram, juntamente com mais quatro pessoas, esconder-se num anexo de quartos por cima do escritório do seu pai, em Amesterdão, na Holanda, denominado Anexo Secreto. Ali permaneceram 25 meses.
Não sabia por que é que o povo hitleriano perseguia os judeus e porquê toda aquela guerra. Mas, ao longo do tempo, começou a arranjar respostas para as suas dúvidas e tentou arranjar uma maneira de se proteger a si e a toda a sua família.
Ao fim de longos meses de silêncio e medo aterrorizante, acabou por ser denunciada aos nazistas e deportada para campos de concentração. Primeiro foi levada juntamente com a família para Westerkerk, na Holanda, antes de serem deportados para o leste da Europa. Anne Frank foi deportada inicialmente para Auschwitz, juntamente com os pais, irmã e as outras pessoas com quem se refugiava na casa de Amesterdão. Depois levaram-na para Bergen Belsen, juntamente com a irmã, separando-a dos pais. Ali, milhares de pessoas morriam diariamente por causa da fome e das enfermidades.
Em 1945, nove meses após a sua deportação, Anne Frank morre de tifo em Bergen Belsen. A irmã, Margot Frank tinha falecido também vítima do tifo e da subnutrição um dia antes de Anne. Tinha quinze anos. Morre duas semanas antes de o campo ser libertado. Otto foi o único dos escondidos que sobreviveu no campo de concentração.
Concluindo, este diário trata-se de um testemunho das dificuldades e horrores passados pelos judeus durante a segunda grande guerra.
Apreciação crítica
Valeu a pena ler esta obra? Há que dizer que tudo vale a pena se a alma não é pequena! Vale mesmo muito a pena. É um livro que nos põe a reflectir sobre a vida e sobre a sorte que temos de possuirmos o bem mais precioso, a paz e a liberdade.
Não se pode dizer que é um lindo livro, no sentido de nos maravilhar. No entanto, todos nós devíamos lê-lo para sabermos o bem que temos: a paz. Mais, saborearmos a vida e deixarmo-nos de ódios, mesquinhices que, ao pé da experiência desta pequenina Anne Frank, não são nada.
Este livro é uma obra-prima e todos o devíamos ler e, depois, fazer uma reflexão bem assertiva sobre o que queremos da vida e daqueles que nos rodeiam.
Este é um livro incontornável que faço questão de recomendar, já que é a verdadeira história de uma menina que tinha sonhos e, em vez de ter direito a eles, viu a sua vida transformar-se num terrível e desumano pesadelo. A esperança de Anne vai-se desvanecendo neste testemunho de uma vida à beira de ser ceifada.
É fundamental que os adolescentes dos nossos dias tenham a noção desta vergonha da história da Humanidade, pela Anne e para que nunca mais se volte a repetir!
Através deste livro passei a conhecer uma nova realidade, para além de todos os factos históricos relacionados com a segunda Guerra Mundial, passei também a conhecer o que sentiam todos os que foram confrontados com a discriminação Nazi e como tentaram fugir a este extermínio. Assim, será importante que mais pessoas leiam este livro, para também elas conhecerem esta realidade, para que nunca mais se repita.
É difícil, muito difícil mesmo, elaborar uma opinião diferente de qualquer ser verdadeiramente humano sobre o holocausto e que não contenha sentimentos de tristeza, angústia, revolta, impotência. Depois de ler este diário mais inconformado fico sobre como foi possível a humanidade deixar que um louco, violentamente anti-semita, especialmente dos Judeus, cometesse tanta atrocidade ao mesmo tempo, pela estúpida ambição do poder. Ao ler O dário de Anne Frank ainda mais frustrado fiquei ao sentir toda a situação de ela ter vivido enclausurada durante dois longos anos nuns “calabouços”, anexos duma habitação. Com a agravante de se passar na sua adolescência, destruindo-lhe parte dos seus anseios, ideais, sonhos e, sobretudo, da sua alegria.
Percebe-se, facilmente, que aqueles dois anos foram extremamente importantes na sua formação como adulta, e, talvez pela peculiar circunstância do ambiente que viveu, amadureceu mais rápido que a maioria dos jovens nesta fase. Isso nota-se, sobretudo, na fase final do livro, com uma escrita profundamente impressionante sobre tudo aquilo que a rodeia. Curiosamente, não consegui ver imagens a cor ao ler os relatos de Anne. Vi tudo a preto e branco, pela densidade de negrura que o holocausto me deixou.
"Terça-feira, 1 de Agosto de 1944...
Já te contei em tempos (Kitty), que não tenho uma só alma mas sim duas. Uma dá-me a minha alegria exuberante, as minhas zombarias a propósito de tudo, a minha vontade de viver e a minha tendência para deixar correr…
Esta primeira alma está sempre à espreita e faz tudo para suplantar a outra que é mais bela, mais pura, mais profunda. Essa boa alma da Anne ninguém a conhece não é verdade? (…). Empurro por vezes a boa Anne para a luz da Ribalta, mesmo que seja por um escasso quarto de hora, mas logo que ela tem de falar, contrai-se e fecha-se de novo na sua concha, passando a palavra à Anne nº1. E antes que me dê conta, já a boa desapareceu. (…)
No meu interior, a Anne pura é que me indica o caminho; exteriormente, não passo de uma cabritinha que pula de alegria e de animação.”
Ao ler este diário, apercebi-me do quão injusta é a vida, e do quão injusta foi para Anne, mas, para mim, Anne Frank não morreu e quero recordá-la como a vi no seu diário: ma cabritinha travessa, à solta.
No fim da leitura deste livro senti-me um pouco confuso entre o gostar de ter conhecido Anne Frank e o facto do pai dela ter divulgado o seu diário íntimo. E este último cenário revolta-me um pouco. Não sei se ele o fez por oportunismo ou em defesa da dignidade do ser humano como valor absoluto. No entanto, há que realçar que se esta obra não fosse publicada, o mundo nunca poderia ter uma visão tão real quanto às vítimas do Holocausto.
Esta obra faz-nos reflectir sobre os bens que muitas vezes não nos apercebemos que temos, a liberdade e a paz.
“Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que a explique e ninguém que não a entenda.”
Cecília Meireles
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