sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Sugestões de leitura - "Diário de Anne Frank"

Diário de Anne Frank

Por Tiago Pereira

Anne foi uma judia obrigada a viver escondida dos nazistas durante o Holocausto.
O diário de Anne frank conta a história de uma menina de família judaica que viveu na época da segunda guerra mundial, cuja vida lhe reservou pouca sorte e que se escondeu durante anos com a sua família e alguns amigos em Amesterdão para se escapar à fúria hitleriana de acabar com os judeus, tentando enfrentar em silêncio os nazis.
Anne frank, com 13 anos, escreveu o seu surpreendente Diário em forma de cartas, inicialmente apenas para si, até que na primavera de 1944 ouviu pelo rádio o discurso do ministro da educação holandês, no exílio. Este dizia que quando terminasse a guerra se deveriam compilar e publicar todos os testemunhos do sofrimento do povo holandês durante a ocupação alemã. Um dos exemplos que nomeou era os diários. Impressionada pelo discurso, Anne Frank decidiu publicar um livro depois da guerra para o qual o seu diário serviria de base. As suas últimas anotações datam do primeiro dia de Agosto de 1944. No dia 4 desse mesmo mês, os alemães irromperam pela casa e detiveram Anne e a sua família. Porém, o seu diário foi resgatado por amigos da família e posteriormente o seu pai publicou-o pela primeira vez.
Anne escreveu neste mesmo diário tudo o que passou com este grupo de pessoas neste período de guerra entre nações até a sua morte. Todo o sofrimento, toda a sua revolta e todas as perguntas que fazia frequentemente a si mesma são relatadas na primeira pessoa neste diário de uma vida não vivida.
Durante sete anos levou uma vida despreocupada na, relativamente segura, Holanda. Mas a Alemanha ocupa o país em 1940, pondo fim à segurança que oferecia. As medidas anti-semitas limitavam cada vez mais a vida dos Frank. Em 1942, começaram as deportações para os supostos campos de trabalho.
Os pais de Anne conseguiram, juntamente com mais quatro pessoas, esconder-se num anexo de quartos por cima do escritório do seu pai, em Amesterdão, na Holanda, denominado Anexo Secreto. Ali permaneceram 25 meses.
Não sabia por que é que o povo hitleriano perseguia os judeus e porquê toda aquela guerra. Mas, ao longo do tempo, começou a arranjar respostas para as suas dúvidas e tentou arranjar uma maneira de se proteger a si e a toda a sua família.
Ao fim de longos meses de silêncio e medo aterrorizante, acabou por ser denunciada aos nazistas e deportada para campos de concentração. Primeiro foi levada juntamente com a família para Westerkerk, na Holanda, antes de serem deportados para o leste da Europa. Anne Frank foi deportada inicialmente para Auschwitz, juntamente com os pais, irmã e as outras pessoas com quem se refugiava na casa de Amesterdão. Depois levaram-na para Bergen Belsen, juntamente com a irmã, separando-a dos pais. Ali, milhares de pessoas morriam diariamente por causa da fome e das enfermidades.
Em 1945, nove meses após a sua deportação, Anne Frank morre de tifo em Bergen Belsen. A irmã, Margot Frank tinha falecido também vítima do tifo e da subnutrição um dia antes de Anne. Tinha quinze anos. Morre duas semanas antes de o campo ser libertado. Otto foi o único dos escondidos que sobreviveu no campo de concentração.
Concluindo, este diário trata-se de um testemunho das dificuldades e horrores passados pelos judeus durante a segunda grande guerra.

Apreciação crítica

Valeu a pena ler esta obra? Há que dizer que tudo vale a pena se a alma não é pequena! Vale mesmo muito a pena. É um livro que nos põe a reflectir sobre a vida e sobre a sorte que temos de possuirmos o bem mais precioso, a paz e a liberdade.
Não se pode dizer que é um lindo livro, no sentido de nos maravilhar. No entanto, todos nós devíamos lê-lo para sabermos o bem que temos: a paz. Mais, saborearmos a vida e deixarmo-nos de ódios, mesquinhices que, ao pé da experiência desta pequenina Anne Frank, não são nada.
Este livro é uma obra-prima e todos o devíamos ler e, depois, fazer uma reflexão bem assertiva sobre o que queremos da vida e daqueles que nos rodeiam.
Este é um livro incontornável que faço questão de recomendar, já que é a verdadeira história de uma menina que tinha sonhos e, em vez de ter direito a eles, viu a sua vida transformar-se num terrível e desumano pesadelo. A esperança de Anne vai-se desvanecendo neste testemunho de uma vida à beira de ser ceifada.
É fundamental que os adolescentes dos nossos dias tenham a noção desta vergonha da história da Humanidade, pela Anne e para que nunca mais se volte a repetir!
Através deste livro passei a conhecer uma nova realidade, para além de todos os factos históricos relacionados com a segunda Guerra Mundial, passei também a conhecer o que sentiam todos os que foram confrontados com a discriminação Nazi e como tentaram fugir a este extermínio. Assim, será importante que mais pessoas leiam este livro, para também elas conhecerem esta realidade, para que nunca mais se repita.


É difícil, muito difícil mesmo, elaborar uma opinião diferente de qualquer ser verdadeiramente humano sobre o holocausto e que não contenha sentimentos de tristeza, angústia, revolta, impotência. Depois de ler este diário mais inconformado fico sobre como foi possível a humanidade deixar que um louco, violentamente anti-semita, especialmente dos Judeus, cometesse tanta atrocidade ao mesmo tempo, pela estúpida ambição do poder. Ao ler O dário de Anne Frank ainda mais frustrado fiquei ao sentir toda a situação de ela ter vivido enclausurada durante dois longos anos nuns “calabouços”, anexos duma habitação. Com a agravante de se passar na sua adolescência, destruindo-lhe parte dos seus anseios, ideais, sonhos e, sobretudo, da sua alegria.
Percebe-se, facilmente, que aqueles dois anos foram extremamente importantes na sua formação como adulta, e, talvez pela peculiar circunstância do ambiente que viveu, amadureceu mais rápido que a maioria dos jovens nesta fase. Isso nota-se, sobretudo, na fase final do livro, com uma escrita profundamente impressionante sobre tudo aquilo que a rodeia. Curiosamente, não consegui ver imagens a cor ao ler os relatos de Anne. Vi tudo a preto e branco, pela densidade de negrura que o holocausto me deixou.

"Terça-feira, 1 de Agosto de 1944...

Já te contei em tempos (Kitty), que não tenho uma só alma mas sim duas. Uma dá-me a minha alegria exuberante, as minhas zombarias a propósito de tudo, a minha vontade de viver e a minha tendência para deixar correr…
Esta primeira alma está sempre à espreita e faz tudo para suplantar a outra que é mais bela, mais pura, mais profunda. Essa boa alma da Anne ninguém a conhece não é verdade? (…). Empurro por vezes a boa Anne para a luz da Ribalta, mesmo que seja por um escasso quarto de hora, mas logo que ela tem de falar, contrai-se e fecha-se de novo na sua concha, passando a palavra à Anne nº1. E antes que me dê conta, já a boa desapareceu. (…)

No meu interior, a Anne pura é que me indica o caminho; exteriormente, não passo de uma cabritinha que pula de alegria e de animação.”
Ao ler este diário, apercebi-me do quão injusta é a vida, e do quão injusta foi para Anne, mas, para mim, Anne Frank não morreu e quero recordá-la como a vi no seu diário: ma cabritinha travessa, à solta.
No fim da leitura deste livro senti-me um pouco confuso entre o gostar de ter conhecido Anne Frank e o facto do pai dela ter divulgado o seu diário íntimo. E este último cenário revolta-me um pouco. Não sei se ele o fez por oportunismo ou em defesa da dignidade do ser humano como valor absoluto. No entanto, há que realçar que se esta obra não fosse publicada, o mundo nunca poderia ter uma visão tão real quanto às vítimas do Holocausto.
Esta obra faz-nos reflectir sobre os bens que muitas vezes não nos apercebemos que temos, a liberdade e a paz.


“Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que a explique e ninguém que não a entenda.”
Cecília Meireles

1 comentário:

  1. Bem, tenho de dizer-te, Tiago, que não poderia concordar mais com a tua apreciação crítica.
    Eu própria já li o livro há uns 3/4 anos e posso afirmar que "O Diário de Anne Frank" é daquelas obras que não se esquece por mais que o tempo passe ou por mais livros que "devoremos".

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