Por Andreia Pratas
De todos os heterónimos que estudámos, Alberto Careiro é, de todos eles, aquele com quem mais me identifico.
Enquanto Ricardo Reis é um homem de ressentimentos e cálculo, Caeiro é ingénuo, aberto, expansivo, é contente por Natureza. Tem o prazer de ver e de sentir.
Embora ambos elogiem a grande tranquilidade do viver campestre, Caeiro é dos dois aquele que sente e vive realmente a Natureza. Vive de impressões, sobretudo visuais, e goza de cada impressão o seu conteúdo original.
Caeiro não admite a realidade dos números e não quer saber nem do passado nem do futuro, pois recordar é atraiçoar a Natureza, e, para Caeiro, tudo se baseia na simplicidade e na serenidade que a Natureza demonstra.
É um poeta do real, do objectivo, e por isso a maior parte das suas comparações dizem respeito à natureza “Mas eu fico triste como um pôr do sol” e “Quando esfria no fundo da planície/E se sente na noite entrada/como uma borboleta pela janela”.
É, em suma, um simples homem da natureza, inteiramente desligado dos valores da cultura e por isso é que prefiro a sua poesia modesta e simples, que nos leva para um mundo diferente daquele onde nós vivemos.
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